Trayvon Martin, negro, jovem, morto por parecer suspeito, mais uma vítima do Estado Policial racista dos EUA! 




Caso não tivesse tido a vida exterminada de forma covarde, Trayvon Martin estaria hoje com 19 anos de vida. Estaria ao lado de sua família, amigos é fazendo o que gostava que era jogar futebol americano, porém o jovem foi mais uma vítima fatal do Estado policial montado contra o povo pobre e negro nos Estados Unidos! Malcolm X a 40 anos atrás já denunciava a violência que era submetida a comunidade negra, as prisões os assassinatos. O Estado policial que era montado contra os negros pobres os obrigava a viverem em insalubres condições nos guetos. 


Depois da vitória de Barack Obama foi arquitetado um espúrio político que afirmava que o fato de haver sido aceito e eleito um presidente de descendência africana, fez com que os Estados Unidos ingressarem em um período pós-racial. Como alegam os defensores dessa premissa com o advento da sociedade pós-racial, o racismo pura e simplesmente desapareceu dos EUA. Que o fator ''raça'' a qual o indivíduo pertence não mais influencia em questões como: posição socioeconômica, qualidade de vida, representatividade política, etc. Portanto, para os artífices pós-racialistas norte-americanos, não existe mais necessidade em se fazer analises, discussões, debates a respeito do racismo, isso tudo agora é parte de um passado que deve ser ignorado e nunca tocado. Políticas afirmativas para minorias são dispensáveis, nada de haver ''privilégios'' especiais para nenhum grupo já que não existe mais racismo no tecido social. Isso e o que atende pelo nome de pós-racial.


Percebe-se o detalhe e que a idéia de pós-racial ventilada nos Estados Unidos e basicamente uma irmã siamesa da ''democracia racial'' brasileira da qual estamos acostumados. Provavelmente devem ter estudado a situação por aqui, para reproduzi-la em versão estadunidense.


Era noite, 26 de fevereiro de 2012, cidade de Santford, estado da Flórida, Trayvon Martin caminhava sozinho pelas ruas no condomínio residencial The Retreat at Twin Lakes, uma comunidade com composição multiétnica, quando foi avistado por George Zimmerman, homem branco de origem latina ou “hispânica” como e recorrer dito nos EUA,  Zimmerman realizava uma função voluntária de vigilante, através de um programa chamado “Vigilância na Vizinhança” a onde os próprios moradores assumiam a responsabilidade em patrulhar as ruas do bairro e proteger residências e comércio. Trayvon estava usando o capuz de seu moletom sobre a cabeça. George Zimmerman avistando o jovem negro considerou suspeita sua atitude, então decide persegui-lo após se comunicar com a  polícia que deu aval para que ele fizesse esse procedimento. Incomodado com a situação Trayvon Martin se irritou com a conduta e ambos iniciaram uma discussão, enquanto discutiam, Zimmerman sacou sua pistola semiautomática e sem dar direito à defesa disparou contra o peito de Trayvon que morreu ainda no local. Trayvon Martin estava desarmado e não possui nenhuma registro de delito ou crime.


Após o assassinato a polícia de Santford não prendeu George Zimmerman, devido que sua ação estava amparada na lei conhecida como “Defenda sua posição” (Stand Your Ground) em vigente na Flórida e mais outros 29 estados norte-americanos que permite o uso de armas letais ao cidadão quando o mesmo se sentir ameaçado fisicamente. Somente após seis semanas da morte do garoto e com muitos protestos de sua família que o sistema judiciário aceitou abrir processo para investigar e julgar  Zimmerman, que foi dado o direito em responder em liberdade o processo.


Havia o temor que a morte de Trayvon Martin poderia ser o estopim para uma crise racial, idêntica a que ocorreu na cidade de Los Angeles, Califórnia em 1992. Em abril de 1992 a cidade californiana foi estremecida por uma revolta civil, que ocasionou uma massiva destruição e saques de estabelecimentos comerciais, depredações de edifícios públicos, incêndios de veículos, tudo isso após quatro policias brancos terem sido absolvidos por um júri, acusados de terem agredidos com chutes e cacetes um homem negro algemado e caído no chão chamado Rodney King, foram todos livrados da acusação criminal, mesmo tendo toda a ação de brutalidade gravada em vídeo.   


Enquanto aguardava pelo julgamento de  George Zimmerman, foram articuladas várias mobilizações exigindo justiça. Há frente dessas marchas se encontravam as lideranças cristãs, com intuito em evitar uma radicalização nos protestos que poderia evoluir para um questionamento de toda a estrutura política racista em voga. Os mais exaltados foram o integrantes do Novo Partido dos Panteras Negras que lançaram algumas provocações, chegando a oferecer uma recompensa por George Zimmerman, mas não passaram disso.


O caso de Trayvon Martin trouxe a tona outros casos exemplares de como o racismo exercer uma força opressiva e letal sobre o povo negro nos Estados Unidos. Um desses casos foi Troy Davis, um homem negro preso, acusado pela morte de um policial branco. Desde o início o processo contra Troy foi marcado por fraudes gritantes, com inclusão de falas testemunhas de acusação, provas forjadas, seu álibi foi ignorado, julgado e considerado culpado, Troy Davis foi executado no corredor da morte em 21 de setembro de 2011. Outro caso que também ficou em evidência foi do jornalista, militante político ex-membro do Partido dos Panteras Negras, Mumia Abu Jamal, condenado por uma farsa jurídica com nítida motivação política, acusado de matar um policial. Inicialmente sentenciado a morte, Mumia Abu Jamal teve a pena convertida para perpetua. O encarceramento em massa de afro-americanos tem aumentado vertiginosamente em décadas. O número de negros e o mais desproporcional entre todos os grupos raciais nos Estados Unidos, a população negra é  aproximadamente 12% do conjunto total de pessoas nos Estados Unidos, mas atualmente respondem por quase 40% da população presidiária.Nas prisões, existe apenas um branco para cada 11 negros. Estatísticas indicam que quatro de cada cinco jovens negros serão aprisionados em algum momento de suas vidas. Uma constatação que não permite ocultar o caráter racista dessa opressão e no estado da Pensilvânia, onde os negros representam 10% da população, mas dentro do sistema carcerário representam 60% dos presos.


Como maior país capitalista do mundo, quanto mais presos melhor, pois a administração das cadeias e feita pelo setor econômico privado. Essa estrutura física de prisões e sua exploração pela burguesia ianque e conhecida como complexo industrial-prisional e um verdadeiro tentáculo em amparo ao Estado policial. O Estado policial agindo nas ruas quando não extermina pelas de balas, manda para as masmorras do complexo industrial-prisional todos aqueles considerados inadequados na ordem social e racial da sociedade anglo-saxão protestante.


Em 13 de julho de 2013 George Zimmerman foi julgado sendo considerado inocente da acusação de homicídio, saindo livre do tribunal. Para acalmar os ânimos pelo desfecho de impunidade, logo os líderes religiosos se apresentaram como porta-vozes na comunidade negra pregando paz e respeito à ordem. A mídia através dos grandes canais como Fox News, comungando com os interesses da indústria de armas e expressando o rancoroso racismo conservador, celebraram a absolvição de Zimmerman. Antes do assassinato de George Zimmerman tinha uma ficha por pequenos delitos de agressão contra mulheres. 

Pressionado a se pronunciar sobre o julgamento, Obama declarou em cínica demagogia que o assassinato de Trayvon Martin era uma “tragédia” tanto para a família do jovem como para o país inteiro, e caso tivesse um filho gostaria que ele fosse parecido com Trayvon, mas o presidente norte-americano reiterou os Estados Unidos como uma nação de leis justas e que confiava na autoridade do sistema judiciário. O ocupante da Casa Branca um verdadeiro lobo em pele de cordeiro só não mencionou que as “leis” estão a serviço da burguesia racista da qual ele e lacaio. O Mestre Malcolm X décadas atrás já havia explanado sobre a estratégia de uso da desinformação da falsificação de notícias  para assim facilitar a formação de uma atmosfera que justifique a repressão nas comunidades negras. 


Dois aspectos são destacáveis nos Estados Unidos na parte branca do país atinge o ápice o processo de militarização com a venda de armas e munição batendo recordes, formação de milícias amparadas na 2° emenda da Constituição, para a parte negra, latina intensifica a criminalização, com aumento da repressão policial, as grandes cidades norte-americanas o comando da polícia está sendo concedido a verdadeiros fascistas, na cidade de New York foi nomeado novamente para o cargo de comissário William Joseph Bratton da qual a comunidade negra guarda péssimas lembranças, Bratton foi a mão de ferro por detrás do programa “Tolerância Zero”, em Los Angeles o chefe da polícia Charlie Beck é notório por dar declarações infames sobre jovens negros e latinos.


Não se trata de um fenômeno espontâneo ou casual o fortalecimento do estado policial estadunidense esta em consonância com o agravamento da crise econômica de 2008 que deteriorou ainda mais os padrões de qualidade de vida dos negros e pobres em geral. Marginalizados em sem acesso eficientes sistemas de ensino público, assistência médica, condições a moradia a perspectiva coletiva de vida se reduz sensivelmente. O pós-racial se configura como uma fantasiosa maquinação de alienação ideológica para neutralizar o combate à conjuntura fascistizante. O aclamado período pós-racial não foi bem assimilado no seio da sociedade norte-americana, que na prática mantém malquerenças raciais. A visibilidade do assassinato de Trayvon Martin e a forma como ocorreu foram apenas uma entre centenas de outros, ocultados pela imprensa. 




Kassan 26/02/2014 

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