RACISMO NÃO!

Racismo é sem dúvida uma das mais letais concepções formuladas na humanidade. O racismo enquanto mantiver-se vigente aniquila qualquer possibilidade mesmo que minúscula de haver uma co-existência compreensiva é justa entre os povos, pois diferencia por meio de uma classificação a humanidade entre “superiores’’ é  ‘’inferiores’’ sendo essa diferença um fator intrínseco. O racismo concedeu legitimidade á violência dos considerados superiores contra os definidos inferiores. Subordinou parâmetros de relações sociais, determinando o funcionamento de sociedades.



Com certeza a história da humanidade nunca foi desde o período mais remoto de sua origem de integração pacifica, porém o conceito de racismo desenvolvido a partir de uma intelectualidade européia no advento dos séculos XIX e XX maximizou ao extremo o sentido de diferenciação entre os humanos.  O racismo se mantém sobre a humanidade como um câncer que atravessa a linha do tempo, fecundando horripilantes tragédias. Racismo nunca será compatível com liberdade! Em qualquer lugar a onde existam racistas inerentemente haverá a circulação de pensamentos de ódio, intolerância.


E contra essa barbarização imposta pelo racismo deverá se erguer a resistência ativa. Devem ser utilizados todos os meios possíveis para se anular o máximo as ações, manifestações, provocações racista. Combater sem trégua todos os princípios que estejam em descordo com os direitos a igualdade aos seres humanos.  



Kassan 25/01/2012 



Independência do Haiti

A Revolução Haitiana foi a rebelião de escravos mais bem sucedida no Hemisfério Ocidental. A população mantida em regime de escravidão iniciou sua insurreição em 1791 durando até 1803. O processo de libertação foi percorrido depois de encarniçadas lutas, após o término dos combates o Haiti entraria para a história, como sendo o primeiro país do continente americano a abolir a escravidão, também sendo o único país cuja ruptura com o domínio da metrópole foi realizada por escravos.  A revolução Francesa iniciada em 1789 teve influência para a  revolução Haitiana, pois os novos conceitos políticos emanados pela França durante o período revolucionário ecoaram sobre o Haiti até então a mais prospera colônia sobre controle francês.  







No século 18, Saint Dominigue, como o Haiti era então conhecido, tornou-se mais rica colônia da França, principalmente por causa da sua produção de açúcar, café, índigo e algodão gerada por uma força de trabalho escrava. Quando a Revolução Francesa eclodiu em 1789 havia cinco conjuntos distintos de grupos de interesse na colônia. Havia plantadores brancos - que possuía as plantações e os escravos - e petit blancs, que eram artesãos, comerciantes, pequenos agricultores, profissionais como advogados, professores, juntos eles formavam a camada economicamente média da população. Alguns deles também possuíam alguns escravos. No total os petit blancs compunham aproximadamente 40.000 dos moradores da colônia. Muitos dos brancos em São Dominigue iniciaram um tímido apoio a um movimento de independência em circunstância aos crescentes aumentos tributários que a França impôs ia aplicando sobre a colônia, também houve a proibição da prática comercial com outros países. O Haiti poderia apenas comercializar com a metrópole. Os latifundiários também começaram a se sentir prejudicados, pois suas atividades econômicas ficaram limitadas, não havendo outra possibilidade de comércio os preços dos principais produtos especialmente o açúcar ficava estagnado, enquanto os receptores na metrópole lucravam com esse monopólio. Além disso, a população branca de Saint-Dominique não tinha nenhuma representação na França. Apesar de suas chamadas para a independência, tanto os latifundiários quanto os petit blancs permaneceram comprometido com a manutenção do escravagismo.  


Os três grupos que formaram a população eram de ascendência africana, aqueles que estavam livres, aqueles que eram escravos, e aqueles que tinham fugido. Havia aproximadamente um total de 30 mil negros livres em 1789. Metade deles eram mulatos é muitas vezes eles eram mais ricos do que o petit blancs. A população escrava estava em torno de 500.000. Os escravos fugitivos eram chamados “marrons”, para escaparem dos trabalhos forçados tinham ido para as montanhas é regiões isoladas, passando a viver da agricultura de subsistência. Devido a condições bárbaras a qual os africanos eram mantidos o Haiti  tinha um histórico de rebeliões violentas. Várias táticas de resistência foram usadas destruição das ferramentas de trabalho, incêndio das plantações, envenenamento dos senhores escravagistas.  Essa continua tensão de classe foi aumento conforme também ia se incrementando o aumento da produtividade açucareira que demandava de mais mão de obra. O Haiti estava a beira da eclosão social.



Inspirado pelos acontecimentos na França, uma série movimentos revolucionários surgiram simultaneamente na ilha, apesar disso havia diferenças políticas entre eles. Em comum todos se baseavam na "Declaração dos Direitos do Homem." para justificar a necessidade de independência. Um acontecimento favoreceu ainda mais as aspirações da colônia quando a Assembléia Geral em Paris aprovou uma legislação que deu às várias colônias uma determinada autonomia. Essa medida beneficiou os grandes proprietários agrícolas que conquistaram então uma representação política para seus interesses. Em Saint Dominigue essa medida não foi muito bem recebida entre os blancs petit, pois isso reforçava a hegemonia do poder político dos latifundiários.



Essa saturação permitiu a articulação radical, exigindo o rompimento incondicional com a França, nesse ponto surge a liderança de um  ex-escravo de nome  François-Dominique Toussaint L'Ouverture  reuniu algumas dezenas de homens formando assim o embrião de um exército. Em 21 de agosto de 1791 iniciaram ataques guerrilheiros contra as autoridades coloniais. Em um avanço em 1792 as tropas de L'Ouverture á controlavam um terço da ilha. Apesar de reforços da França a área da colônia detidas pelos rebeldes continuou a crescer devido a adesão cada vez maior de escravizados. Para prosseguir mantendo sua posse sobre a ilha o exército francês aplicou as mais cruéis retaliações, os britânicos com receio que a insurgência negra pudesse chegar até suas colônias no Caribe especialmente a Jamaica, saíram em auxilio aos franceses.  Em 1801 L'Ouverture expandiu a revolução para além do Haiti, alcançando a colônia espanhola de Santo Domingo (atual República Dominicana). Em Santo Domingo foi aboliu a escravatura sendo em seguida  François-Dominique Toussaintdeclarado governador-geral de toda a ilha de Hispaniola como era conhecido o território a onde ficava tanto o Haiti quando a Santo Domingo.

(François-Dominique Toussaint L'Ouverture)


Por iniciativa dos Jacobinos os partidários mais radicais da revolução foi abolido a escravidão das colônias, apesar dessa medida não ter sido seguido a risca nos territórios coloniais. Naquele momento, a Revolução Haitiana havia sobrevivido ao fim da Revolução Francesa, que tinha sido a sua inspiração. O período revolucionário francês se encerra em 1799, através do Golpe do Brumário Napoleão Bonaparte ascende ao poder tornando-se o governante da França primeiro como Cônsul em seguida consolidando-se como imperador. Napoleão traçava seus planos de expansão imperial é para obter sucesso necessitaria de recursos econômicos, voltou suas atenções para as colônias que forneceriam ajuda substancial a esse esforço, seu objetivo então era de reinstaurar a escravidão. Para concretizar essa medida envia o general Charles Leclerc, com um contingente de 43.000 soldados. Capturar  L'Ouverture é voltar o regime de  escravidão eram as metas a serem alcançadas. Após intensa busca L'Ouverture oi capturado é enviado à França, onde chegou em 2 de julho de 1802. Devido às péssimas condições do cárcere morreu de pneumonia em 1803.

Apesar de sua morte um de seus principais generais Jean-Jacques Dessalines, também  um ex-escravo, prosseguiu conduzindo as tropas revolucionárias, em 18 de novembro de 1803 ocorreu a heróica Batalha de Vertieres, onde as forças francesas foram derrotados. Em 1 de janeiro de 1804, Dessalines declara a nação independente a  renomeado para Haiti. Sem mais disposição de seguir com os planos de recuperar a colônia, França reconhece sua  independência. Nesse ponto o Haiti, adentra a história mundial sendo a primeira república negra do mundo, é a segunda nação do hemisfério ocidental (depois dos Estados Unidos) a  ganhar a sua libertação de uma potência européia.



No entanto a independência não foi o suficiente para manter o Haiti plenamente livre. O que se seguiu após a vitória independentista no percorrer das décadas foi uma sucessão de acontecimentos que arruinaria a estabilidade, prosperidade da ilha. Primeiramente Jean-Jacques Dessalines foi definido como Governador-Geral ao que corresponderia a posição de presidente, no entanto em uma manobra muito semelhantes a de Napoleão, Dessalines se declara como imperador Jacques I, iniciando um governo autocrático.



(Jean-Jacques Dessalines)

Agora proclamado imperador  Jacques Dessalines, ordenou algumas medidas que lhe causaria muita impopularidade, exemplo como a tentativa de retornar a produção de açúcar em larga escala.  Isso causou oposição ao seu poder, logo surgiram conspirações para retirá-lo do poder. Em 1806 foi assassinado por membros do próprio governo descontentes.  Isso provocaria uma imensa instabilidade a onde camarilhas passariam a disputar ferozmente o poder.  Outro fardo que se pesou sobre o Haiti, para consolidar seu reconhecimento de Estado livre, foi estabelecido um acordo a qual deveria pagar uma indenização de reparo a França devido às perdas materiais. Isso exauriu as reservas do país, dando origem ao início da divida externa, mesmo já tendo tido seu valor pago o endividamento não foi extinguindo. Em seguida a experiência haitiana provocou reações temerosas nas elites escravistas das Américas. O êxito do triunfo da luta dos negros serviria como fonte de inspiração para levantes da população escravizada pelo resto do continente, para barrar essa possibilidade, os países vizinhos logo trataram de criar formas de isolar o Haiti.  Desse temor político foi criada a expressão “haitianismo”.  Em 1844 Santo Domingo proclama sua independência, passando a se reconhecida como Republica Dominicana, entre os dois países é estabelecido um clima de animosidade que perdura até os dias atuais. Em muito motivado por pensamentos racistas da elite da Republica Dominicana que rejeita a presença negra.


Já adentrando no século XX, foi escrito mais uma trágica página na história haitiana. Em franca expansão o imperialismo estadunidense, enquadra o Haiti em sua área de “influência’’ a consequência direta implica em uma ingerência dos Estados Unidos sobre assuntos internos da ilha, sucessão de governos autoritários, corruptos são apoiados por parte dos EUA para preservar seus interesses, monopólios ganham permissão livre para explorarem a população haitiana.  Em 1957 chega ao poder François Duvalier apelidado Papa Doc, seu governo seria um ditadura sangrenta, baseada no uso sistemático de terrorismo estatal contra todos que lhe manifestasse oposição, através dos agentes  chamados de tontons macoutes – ( Bichos-papões) torturas, assassinatos mantiveram o regime. Papa Doc também iniciou uma perseguição contra a Igreja Católica, instituindo o Vodu como religião oficial do país. A propaganda oficial refletia seus assédios megalomaníacos a ponto de colocá-lo na posição de Deus.  O enriquecimento pessoal  também foi  prática de Papa Doc, desviando recursos para beneficio pessoal enquanto a população foi mantida empobrecida sem acesso a direitos básicos de bem-estar. Resultado vez com que o Haiti se tornasse o país mais pobre das Américas. Em ocasião a sua morte em  1971  foi sucedido  por seu filho Jean-Claude Duvalier  o “Baby Doc”, que manteve a mesma forma de governo, instrumentalizando a violência como pilar.  A situação se tornou insustentável,  o aumento da crise gerou insatisfações populares e amotinações militares, não sendo possível mantiver o controle é derrubado.


No inicio da década de 1990, começa uma nova fase, o ex-padre ligado ao movimento da Teologia da Libertação Jean-Bertrand Aristide, assume o poder através de eleição.  Considerado por seus aliados como o primeiro representante eleito realmente de forma democrática da história do país, mas considerado por seus detratores como demagogo a verdade que o   Jean-Bertrand Aristide não reuniu condições de melhorar os padrões de vida do povo. Foram três períodos em que esteve na presidência em 1991, durante o primeiro foi alvo de um golpe militar, sua volta somente foi possível mediante a intervenção militar dos Estados Unidos, através da Operação “Defender a Democracia”.  Em 1994 retorna ao poder ficando até 1996, posteriormente de 2001 até 2004 se manteve a frente do governo novamente. Seu último mandato foi marcado pela convulsão causada pela extrema pobreza das massas. Uma rebelião o força a renunciar é buscar asilo político primeiro  na Republica Centro-Africana é depois na África do Sul.  A queda de seu governo abre o vácuo, lançado o país em um caos.  Por determinação da ONU com objetivo de estabilizar o país e aprovado o envio de uma força de “paz”. Comandada pelo Brasil, um contingente militar é deslocado até a ilha. Em 2010 o devastador terremoto agrava o que já se encontrava em deteriorada barbárie.



Atualmente o Haiti permanece em estado precário.  O “crime” do Haiti foi ter desafiado o poder da supremacia branca, quando negros decidiram escolher a liberdade.  Seu castigo foi devido ter almejado a liberdade.  Vida Longa a Ilha dos Bravos. 







Kassan 01/01/2013