Entre a dinâmica do capital e a criminalização da pobreza

Wilson Enríquez


A aplicação de medidas de segurança pública na América Latina reflete o processo do capitalismo burocrático nelas existente. Para além dos discursos de manutenção da ordem pública, nossa intenção é refletir. Qual é a dinâmica do capital na aplicação das novas doutrinas de segurança pública na América Latina?


Uma olhada sobre o cenário citadino latino-americano, espaço onde se reproduzem as doutrinas da "Janela Quebrada" e da "Tolerância Zero" importadas de Nova Iorque, nos permitirá analisar três fenômenos na cena urbana da América Latina: o primeiro, a vertiginosa irrupção do negócio da segurança privada, que se estende dos serviços de vigilância e custódia até o ramo imobiliário; um segundo fenômeno é o recrudescimento das políticas estatais de criminalização da pobreza, que estigmatizam não só a condição de pobreza das pessoas, mas também a cor de sua pele e sua origem nacional; por fim, como terceiro fenômeno, o fortalecimento dos vínculos subterrâneos entre as forças repressivas estatais e o crime organizado, enquistado nos bairros pobres das cidades. Dos três fenômenos, os dois últimos talvez não sejam muito novos; no entanto, o último, principalmente, é uma realidade cotidiana e amplamente conhecida, mas que, por motivos óbvios, costuma ser desconsiderada nas reflexões públicas sobre a nova doutrina da segurança pública.


O boom do negócio da segurança privada

partir da década de 1980, a ecologia urbana das cidades latino-americanas viu-se modificada por grandes investimentos imobiliários no nicho de condomínios fechados — enclaves de riqueza que constituem uma evidente imitação do american lifestyle de Beverly Hills.

Nos "guetos dourados" da América Latina, qualquer segurança é pouca para os valiosos bens materiais das elites. A gastança na edificação de habitações suntuosas se faz sem discrição alguma. As elites latino-americanas sentem o afã de ostentar uma vida glamourosa, não poupando esforços para esfregar sua riqueza na cara dos milhões de pobres que a rodeiam.
Os gated communities possuem uma arquitetura própria da "ecologia do medo", como a denomina o sociólogo estadunidense Mike Davis; só são viáveis graças a mecanismos eletrônicos de segurança, aos quais se somam a custódia física proporcionada por um exército de vigilantes privados em número duas, três ou cinco vezes maior que o de efetivos policiais a cargo do Estado.
Os vigilantes privados, em regra, pertencem a grandes empresas de segurança, algumas delas com presença em vários países da América Latina, como, por exemplo, a PROSEGUR, que atua na Argentina, Uruguai, Brasil, Bolívia e Peru. Essas empresas dispõem de grandes contingentes de guardas, que submetem a treinamento militar constante e equipam com sofisticados armamentos, indumentárias especiais e implementos de segurança. Os proprietários dessas empresas são altos funcionários policiais ou militares, alguns em atividade, outros na reserva. A oferta de serviços inclui não apenas o resguardo físico de residências ou empresas como também o resguardo físico de pessoas e o traslado de dinheiro de entidades financeiras ou produtivas.
Esta situação evidencia que a dinâmica do capital não perdoa e é capaz de criar novos fetiches em torno do sentimento de medo e insegurança experimentado por ninguém menos que os "vencedores" no sistema capitalista, convertendo a segurança numa mercadoria que circula junto às demais.


A vigilância e custódia é apenas um dos muitos produtos da indústria da segurança3, na qual aglomeram-se outros, como os sistemas eletrônicos de alarme instalados em residências ou automóveis.

Criminalização da pobreza

Quase vizinhas, seja nas periferias ou nos vetustos casarões do centro das cidades históricas, vivem confinadas milhares de pessoas em um ambiente de miséria, no qual operários, subempregados e desempregados fixaram residência.

Os bairros periféricos, os tugúrios cêntricos ou suburbanos são o espaço onde habitam os que participam diretamente do processo de produção. Em muitos casos, a precária situação econômica desses trabalhadores obriga-os a morar próximo a desempregados convertidos em lúmpen, prostitutas ou pessoas que se dedicam ao microcomércio de substâncias tóxicas.


Em qualquer país da América Latina, esta situação serve de pretexto para que a polícia ingresse nas villas miseria, favelas ou barriadas, não necessariamente para resguardar a vida e integridade física dos moradores dos bairros mais pobres, e sim para efetuar incursões pontuais chamadas "redadas", que têm como finalidade específica a repressão, já que todo habitante dos arrabaldes citados latino-americanos é tratado como delinquente, seja isto verdade ou não, numa clara criminalização da pobreza.


A situação de miséria é caldo de cultura para bandos criminosos, quadrilhas e narcotraficantes que só despertam a preocupação do Estado policial de tempos em tempos, para saciar o desejo mórbido da imprensa especializada na vida, paixão e milagres do crime, ou para dar um sinal simbólico de uma falsa presença estatal naqueles lugares onde sua inépcia e caducidade reduziu o espaço do mundo oficial latino-americano.

São múltiplos os casos, em cidades como Bogotá, Lima ou Caracas, e, mais ainda, em Medelin, Buenos Aires ou Rio de Janeiro, em que as forças repressivas ultrajaram a dignidade de gente honesta e trabalhadora, a pretexto de procurar delinquentes. Nos últimos anos, no Rio de Janeiro, as incursões policiais estiveram acompanhadas de execuções sumárias e extrajudiciais de habitantes de favelas, procedimento abusivo, não-previsto na legislação brasileira e contrário aos princípios mais elementares de direitos humanos.

Outro dos ingredientes das práticas repressivas cotidianas na América Latina refere-se aos critérios discriminatórios, baseados nos traços fenotípicos ou na origem nacional das pessoas: os mencionados critérios servem para rotular pessoas como delinquentes, o que é frequente em cidades como Santiago, Buenos Aires ou La Paz, onde se estigmatizam cidadãos de nacionalidade colombiana ou peruana. Paradoxalmente, em Lima e Bogotá, pessoas de tez negra também são estigmatizadas como delinquentes.

Nexos entre funcionários estatais e o crime organizado

''Se vai preso, sai no outro dia,Porque tem um primo na polícia.''

Fragmento de Juanito Alimaña do cantor de salsa Héctor Lavoe.

Dentro do mundo subterrâneo da pobreza, no interior das cloacas delinquênciais, movem-se, como peixes na água, altos chefes policiais que fingem combater a criminalidade, mas simultaneamente, dirigem e protegem grandes negócios de drogas, delinquência, prostituição e extorsão contra todos os que se conduzem à "margem da lei".

A América Latina é um espaço onde o capital mundial concentra seus interesses na exploração de recursos naturais e no crescente impulso de mercados de consumo. Esta situação coexiste, paradoxalmente, com o paupérrimo estado de milhões de latino-americanos, cujo consumo tem como limite os baixos rendimentos decorrentes da precariedade laboral em suas múltiplas variantes, como o subemprego ou a eventualidade.


A contradição capital-trabalho, em especial no que toca ao trabalho precário, gera um volumoso exército de reserva de mão-de-obra que, ao não encontrar uma saída "ótima" dentro das regras do jogo do capital, vê-se levado a erigir uma nova ordem jurídica marginal e não reconhecida, que é sua resposta ao fetichismo extremado das mercadorias existentes no século XXI.
Daí que a subterraneidade em que vivem milhões de latino-americanos habitantes de favelas, ranchos ou villas miseria; a recriação de inacabáveis formas de resistência e ruptura com o capital convertem os bairros mais pobres em lugares propícios ao enquistamento de máfias especializadas em vulnerar os direitos de propriedade intelectual e romper com as estruturas limitantes da livre circulação das mercadorias através do contrabando. Lugares onde se quebra a ilusão capitalista do "contrato social" para respeitar a propriedade privada mediante o furto, o roubo e o assalto; e transcender os supostos limites morais, que em aparência e hipocrisia, o capitalismo impõe à circulação de certas mercadorias ilícitas, como as drogas, o comércio sexual e as mercadorias roubadas.


Esta é a face obscura e sórdida do capitalismo burocrático — face que, embora contrária ao discurso oficial do livre mercado, é (deve-se reconhecê-lo) plenamente funcional a este desenvolvimento do capital, pois o aceita, reimpulsiona, reproduz permanentemente e enriquece uma vasta cadeia de policiais de todos os níveis e funcionários estatais que alentam, cotidianamente, a delinquência, a prostituição e o tráfico de drogas, já que essas atividades lhes rendem gordos lucros.

Os "impostos subterrâneos" que incidem sobre o crime na América Latina em favor de uma cadeia hierárquica de policiais e burocratas, longe de ser um fato isolado, é uma característica estrutural do capitalismo. Decorre daí que as incursões policiais ou militares a bairros pobres, estigmatizados como territórios de delinquência, servem como justificativas ideológicas que encobrem práticas cotidianas de corrupção. Servem também para conter a histeria moralista midiática e, não poucas vezes, são parte de uma vendetta para realizar ajustes de contas de disputas entre facções antagônicas no interior da polícia ou das corruptas burocracias latino-americanas.

Os sequestros de magnatas ou os roubos milionários que acontecem no Rio de Janeiro, Cidade do México, São Paulo, Buenos Aires, Bogotá, Medellín, Cali, Caracas, Santiago ou qualquer outra cidade da América do Sul, costumam ser efetuados a partir de informações precisas, eficazes e pormenorizadas, às quais têm acesso, sem dificuldades, as mais treinadas equipes de inteligência desta parte do orbe.

As táticas usadas nestes atos delinquênciais coincidem com as regras básicas dos manuais militares e policiais. Inclusive, não é despropositado afirmar que, nessas ações, existe participação ativa de efetivos policiais, pois, em todos os países sul-americanos, há suficientes evidências empíricas que o comprovam. Não foi por acaso que, dentro das políticas de "Tolerância Zero" aplicadas no Peru na década de 1990, foi erigida em agravante a condição de policial em atividade ou reformado dos assaltantes que tenham perpetrado algum roubo.
Com frequência, os mais experimentados assaltantes, pistoleiros ou narcotraficantes latino-americanos entram e saem das prisões num abrir e fechar de olhos. Os mecanismos para elidir "o peso da lei" costumam ser o "apadrinhamento" de algum funcionário ou burocrata estatal e o pagamento clandestino para que a "justiça faça vista grossa".



Esta situação foi denunciada em múltiplas oportunidades pela gente pobre e honesta que constitui a maioria dos habitantes das favelas, ranchos e villas miseria latino-americanas; no entanto, essas pessoas costumam ser intimadas para que apresentem provas dos atos de corrupção que denunciam, como se o policial ou burocrata corrupto fossem ingênuos a ponto de passar recibo cada vez que se corrompem.


1. A doutrina da "Janela Quebrada", formulada em Nova Iorque, é uma teoria que pretende solucionar o problema da violência urbana sem limitar-se à atividade repressiva e recorrendo a campanhas municipais de revitalização dos espaços urbanos, coleta de lixo, entre outras, numa espécie de reedição da aplicação da teoria da "guerra de baixa intensidade".


2. A doutrina da "Tolerância Zero", continuação da doutrina da "Janela Quebrada", também se aplicou na cidade de Nova Iorque. Ela parte de uma identificação exaustiva e "científica" dos lugares com maior frequência de eventos delituosos e violentos, além da identificação dos delinquentes de forma a aplicarem-se medidas repressivas e sanções drásticas, de maneira seletiva.

3. Cabe mencionar que a conversão em mercadoria de alguns produtos relacionados á insegurança não é nova: as companhias de seguros ou brockers já foram criadas há bastante tempo.


(ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL NOVA DEMOCRACIA Ano VI, nº 42, abril de 2008 )
O Louvor Africano de Batalha




O sol africano está brilhando acima do horizonte, o dia está surgindo para nós, homens e mulheres pretas ao redor do mundo;Nosso Deus está na linha da frente, e conduz o Batalhão Santo, Avante, faça suas bandeiras brilharem, irmãos de nobres ações.

Há uma bandeira que nós amamos verdadeiramente -O vermelho, o preto e verde, Maior emblema que pode ser declarado, A mais brilhante já vista.

Quando o mal for rompido, a terra vai tremer, Nem oceanos, mares, nem lagos estarão a salvo, O nosso sofrimento foi muito longo, nosso choro subiu até o trono de Deus;Temos contados diversos erros, e apelamos por uma mudança efetiva.

Então, Senhor, deixe-nos ir para a batalha, com a Cruz na frente;Vamos ver nossos inimigos sucumbirem, ver suas fileiras se dividir Porque com Deus não há qualquer obstáculo que não possa ser ultrapassado, Nem vitória que não possa ser alcançada.

Todos os filhos de Deus, seja na angústia ou nos castigos, Não importa onde, com misericórdia, seu amor está lá;Então dei-nos coragem para alegres cantar louvores ao Rei, O Salvador, Cristo, o Senhor.

OH, África, vitória! Veja, o inimigo vai cair! Cristo levar-nos a vestir a coroa triunfante;Jesus, lembramos com carinho o sacrifício da cruz, Então levantamos as nossas bandeiras para nunca mais sofrer.


Marcus Garvey
Dr. Molefi Kete Asante

Tradução Renato Nogueira Jr.Professor do Instituto Multidisciplinar
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Afrocentricidade é um paradigma baseado na idéia de que os povos africanos devem reafirmar o sentido de agência para atingir a sanidade. Durante os anos de 1960 um grupo de intelectuais afro-americanos inseriram os Estudos Negros nos departamentos das universidades, começando a formular maneiras originais de análise do conhecimento. Em muitos casos, estes novos modos foram denominados de conhecimento numa “perspectiva negra” como oposição ao que tem sido considerado “perspectiva branca” da maior parte do conhecimento na academia americana. No fim dos anos de 1970 Molefi Kete Asante começou a falar sobre a necessidade de uma orientação Afrocêntrica da informação. Em 1980 ele publicou o livro, Afrocentricidade: a teoria da mudança social, o qual promoveu pela primeira vez um debate detalhado do conceito. Embora o termo seja anterior ao livro de Asantee tenha sido usado por muitas pessoas, incluindo Asante nos anos de 1970 e Kwame Nkrumah na década de 1960, a ideia intelectual não tinha base enquanto conceito filosófico antes de 1980.

O paradigma Afrocêntrico é uma mudança revolucionária no pensamento proposto como uma correção construtural da desorientação negra, descentramento e falta de agência negra. A Afrocentrista formula a pergunta: “O que as pessoas africanas fariam se não existissem pessoas brancas?”. Em outras palavras, quais as respostas naturais deveriam se dar nos relacionamentos, atitudes em relação ao meio ambiente, padrões de parentesco, preferências por cores, tipo de religião, referências históricas de povos africanos se não tivesse ocorrido nenhuma intervenção do colonialismo e escravização? Afrocentricidade responde esta questão assegurando o papel central do sujeito africano dentro do contexto histórico africano, por conseguinte, removendo a Europa do centro da realidade africana. Deste modo, Afrocentricidade promove uma idéia revolucionária porque estuda idéias, conceitos, eventos, personalidades e processos políticos e econômicos de um ponto de vista do povo negro como sujeito e não como objeto, baseando todo conhecimento na autêntica interrogação sobre a localização.


Isso torna legítimo perguntar: “Donde vem a mina?” ou “onde tá o mano?” “Você ta sufocado com a pressão?”Estas são avaliações e questões relevantes que permitem à pessoa que investiga precisar cuidadosamente o lugar da resposta, o lugar psicológico ou cultural. Como o paradigma da afrocentricidade admite a centralidade de africanas(os), isto é, ideais e valores negros são tomados como as formas mais elevadas de expressão da cultura africana, sua conscientização é um aspecto funcional para uma abordagem revolucionária do fenômeno. O aspecto estrutural e o aspecto cognitivo de um paradigma são incompletos sem o aspecto funcional. Há algo além do conhecimento num sentido afrocentrado; existe também o fazer. Afrocentricidade sustenta que todas as definições são autobiográficas.

Uma das suposições-chave da(o) Afrocentrista é que todas as relações são baseadas em centros e margens e nas distâncias de cada lugar do centro ou da margem. Quando povo negro tem seu ponto de vista centrado, tomando nossa própria história como centro; então, nos enxergamos como agentes, atores e participantes ao invés de marginalizados na periferia da experiência política ou econômica. Com este paradigma, seres humanos descobriram que todos que todos os fenômenos são expressos através de duas categorias fundamentais espaço e tempo. Além disso, no momento que compreendemos que as relações se desenvolvem e o conhecimento se amplia, nos tornarmos aptos a apreciar as questões considerando espaço e tempo.

A intelectual ou ativista afrocentrada sabe que um modo de expressar Afrocentricidade se chama demarcação. Quando uma pessoa traça uma fronteira cultural em torno de um espaço cultural particular num tempo humano, isto é denominado de demarcação. Isto pode ser feito através do anúncio de um determinado símbolo, da criação de laços especiais ou da menção de heroínas e heróis da história e cultura africana. O que significa que fora a citação de pensadores revolucionários da nossa história, ou seja, além de Amilcar Cabral, Frantz Fanon , Malcom X e Kwane N'kruman nós devemos estar preparados para ações imediatas conforme nossa interpretação do que é melhor e mais interessante para o povo negro, isto é, de pessoas negras enquanto população historicamente oprimida. Isso é extremamente necessário para o avanço neste processo político.Afrocentricidade é a essência de nossa regeneração porque ela é a orientação com a qual filósofos contemporâneos como Haki Madhhubuti e Maulana Karenga, entre outros, têm articulado uma imagem mais interessante do povo africano. O que é melhor do que operar e agir segundo nosso próprio interesse coletivo? O que é mais gratificante do que enxergar o mundo com nossos próprios olhos? O que repercute mais nas pessoas do que compreender que somos o centro de nossa história e não qualquer um? Se nós podemos, durante o processo de conscientização, reivindicar nosso espaço como agentes da transformação progressiva, então podemos modificar nossa condição e mudar o mundo.Afrocentricidade mantém nossa reivindicação por espaço, exclusivamente, se entendermos as características gerais da afrocentricidade também como aplicações práticas de campo.


As cinco características gerais do método afrocêntrico :

1. O método afrocêntrico considera que nenhum fenômeno pode ser apreendido adequadamente sem ser localizado primeiro. Um fenômeno deve ser estudado e analisado a partir das relações de tempo e espaço psicológicos. Ele deve sempre ser localizado. Ou seja, este é o único modo para investigar as complexas interrelações entre ciência e arte, projeto e execução, criação e manutenção, geração e tradição e tantas outras áreas atravessadas pela teoria.

2. O método afrocêntrico considera o fenômeno múltiplo, dinâmico e em movimento e, portanto, ele é imprescindível para uma pessoa anotar cuidadosamente e registrar de modo preciso a localização do fenômeno em meio às flutuações. O que significa que o(a) investigador(a) deve saber onde ele ou ela se encontra no processo.

3. O método afrocêntrico considera é uma forma de crítica cultural que examina a ordem e os usos etimológicos das palavras e termos para reconhecer a localização das fontes de um(a) autor(a). O que nos permite articular idéias com ações e ações com idéias baseado no que é pejorativo e ineficaz, e, baseado no que é criativo e transformador em níveis políticos e econômicos.

4. O método afrocêntrico procura descobrir o que está por trás das máscaras da retórica do poder, privilégio e hierarquia para estabelecê-lo como o principal lugar de produção de mitos. O método estabelece uma reflexão crítica que revela que a percepção do poder monolítico não passa da projeção de uma armação de aventureiros.

5. O método afrocêntrico localiza a estrutura imaginativa de sistemas econômicos, partidos políticos, política de governo, forma de expressão cultural através da atitude, direção e linguagem do fenômeno, seja ele texto, instituição, personalidade, interação ou evento.


Afrocentricidade Analítica:

Afrocentricidade analítica é a aplicação de princípios do método afrocêntrico para análise textual. Um(a) afrocentrista busca entender os princípios do método afrocêntrico para usá-los como guia na análise e discurso. Sem dizer que a(o) afrocentrista não pode exercer com congruência seu papel como cientista e humanista se ela ou ele não localizar adequadamente o fenômeno no tempo e no espaço. Isto significa que a cronologia é tão importante em muitas situações quanto a localização. Os dois aspectos são centrais para toda compreensão adequada da sociedade, história ou personalidade. Portanto como fenômenos são ativos, dinâmicos e diversos em nossa sociedade, o método afrocêntrico requer cientistas focadas em registros rigorosos e anotações cuidadosas que situem espaço e tempo. De fato, o melhor modo de apreender a localização de um texto é determinar de início onde o(a) pesquisador(a) está situado(a) no tempo e no espaço. Uma vez que você sabe a localização e o tempo do(a) pesquisador(a) ou autor(a) fica mais fácil e rápido estabelecer os parâmetros constitutivos do fenômeno. O valor da etimologia, isto é, a origem dos termos e palavras constituem a identificação e localização dos conceitos. A afrocentrista procura demonstrar nitidamente em sua exposição deslocamentos, desorientações e descentramentos. Um modo simples de acessar os textos objetivamente é através da etimologia. Os laços míticos se relacionam conjuntamente seja pessoalmente ou na produção conceitual. Esta é a tarefa da(o) afrocentrista: determinar o alcance dos mitos sociais, tanto os que são representados como centrais quanto os que são representados como marginais. O que significa que qualquer análise textual deve levar em consideração realidades concretas e experiências vividas; com efeito, experiências históricas constituem o elemento chave da analítica afrocêntrica. Em sua atitude investigativa, a direção e linguagem da(o) afrocentrista está buscando desvelar a imaginação do(a) autor(a). O que afrocentristas buscam fazer é criar oportunidade para o(a) escritor(a) mostrar onde ele ou ela se situa em relação ao assunto. Ou seja, o(a) escritor(a) está marginalizado centrado(a) ou marginalizado(a) em relação a sua própria história?

Filosofia Afrocêntrica

A filosofia da afrocentricidade tal como foi exposta por Molefi Kete Asante e Ama Mazama, figuras centrais da Escola de Temple, indica uma maneira de inquirir questões do âmbito cultural, econômico, político e social considerando o povo africano como protagonista. Existem outras idéias afrocêntricas também; mas, as principais foram propostas nos textos dos professores universitários Asante, Mazama e mais tarde por C. Tsehloane Keto. Na verdade, afrocentricidade não pode ser reconciliada com nenhuma filosofia hegemônica ou idealista. O que é contrário ao individualismo radical expresso pela escola pós-moderna. Mas, isso também está em oposição ao blá-blá-blá, confusão e superstição. Como exemplo de diferença entre os métodos da afrocentricidade e da pós-modernidade, vamos considerar a questão a seguir: “Por que africanos têm sido postos fora do desenvolvimento global?” A pós-modernidade começa dizendo que não existe algo como “africanos” porque existem diferentes tipos de africanos e todos africanos não são iguais. Pós-modernos(as) deveriam dizer que se existem africanos e descrever suas condições, respondendo a pergunta do porquê do desenvolvimento dos africanos estar aquém do desenvolvimento econômico global; portanto, eles estão fora das parcerias que determinam o funcionamento da economia mundial. Dito de outro modo, para o(a) afrocentrista não está em questão o fato de existir um senso coletivo de africanidade revelado na experiência comum do mundo africano. A afrocentrista deve observar as questões pela localização; controle hegemônico da economia global, marginalização e lugares de poder constituem a chave para entender o subdesenvolvimento econômico do povo africano.


Renato Nogueira Jr. é ativista e intelectual, engajado em pesquisas e práticas afrocentradas no Laboratório de Estudos Afro-Brasileiros da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), atua como Professor de Filosofia da Educação o Departamento de Educação e Sociedade do Instituto Multidisciplinar da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro).
A farsa do MNS- Movimento Negro Socialista

Dentre as demais organizações que compõem o movimento negro no Brasil, o chamado MNS – Movimento Negro Socialista é uma das mais capengas é farsesca de todas.

(Fundação da organização aliada da burguesia)




Origem:



Fundado por ''combativos'' militantes em 13 de maio de 2006 (data esta que a organização faz questão de prestigiar), desde o início o MNS é definido pelo mais intenso peleguismo de submissão aos interesses das classes dominantes. Não sendo capaz de articular nenhuma ação voltada para transformação social, ficando apenas no discurso pretensamente insurrecional contra o capitalismo é o racismo.


O MNS é uma organização apêndice do PT algo que já serve para demonstrar, o caráter reacionário desse movimento pseudo-revolucionário, inclusive alguns integrantes da diretoria do MNS, são políticos eleitos pelo Partido dos Trabalhadores o que evidência os laços do Movimento Negro Socialista com o Estado Burguês. O Movimento Negro Socialista alega agir, sobre os princípios de uma degenerada doutrina do marxismo-leninismo-trotskysmo que é apresentando como uma fantástica solução para todos problemas enfrentados pela população negra. Em sua retórica ocasional o MNS defende uma luta contra o racismo atrelada ao combate ao capitalismo, segundo o qual : O racismo é responsável por dividir a classe trabalhadora é apenas por intermédio de uma revolução socialista, é que seria possível destruir a dominação sócio-econômica que oprimem os negros, dessa forma estaria sendo criado, uma harmoniosa sociedade sem desigualdades étnico-racias.

O movimento tem como meta articular uma série de atividades que tenham como objetivos a formação de uma genuína, luta popular que seria responsável pela supressão do atual sistema econômico vigente, possibilitando o surgimento de um regime socialista. Mais há pratica é bem distinta do discurso, sendo que as distorções é contrariedades são extremamente alarmante sendo, impossível camuflar a real natureza desse movimento títere Petista. O Movimento Negro Socialista faz questão de expressar seu apoio ao governo de Lula que é visto como um legítimo representante das classes populares, exploradas pela burguesia. Assim como fazem o plantel de "esquerdistas" apoiadores de Lula que insistem, na crença de que o governo do PT é de esquerda o MNS oportunamente esquece a existências de partidos politicamente conversadores, na base governista preferindo defender a manutenção contínua desse apodrecido governo burguês que tanto mal produz para os negros que formam a classe trabalhadora.


Não e aquilo que parece ser :

O Movimento Negro Socialista possui uma incrível arrogância em relação a outras organizações políticas negras que são, definidas como defensoras do "racialismo". O MNS mantém os piores vícios dogmáticos, todos oriundos de uma prepotente na qual é criado uma visão estreita. O conteúdo peleigo do MNS se torna mais notável principalmente pela aliança com a Esquerda Marxista uma facção pertencente ao PT é que se afirma como sendo revolucionária. Porém a Esquerda Marxista é uma organização completamente falsária, que existe apenas através do uso de engodos é de fictícias representações do ideário socialista, sendo sua autenticidade política amplamente questionada. Zumbi dos Palmares, João Candido, Malcolm-X, Martin Luther King, Steve Biko os Panteras Negras entre outros nomes... São apresentados como consistentes inspirações do movimento esses grandes lutadores da liberdade, são utilizado como uma simbologia, para sustentar a idéia de que o MNS realmente é uma organização revolucionária, comprometida com a luta de transformação, somado a isso existe um jogo de encenações baratas é ridículas de punhos cerrados, é palavras de ordem gritadas em coro contra o establishment, tudo feito no mais puro cinismo.


(O MNS chega a utilizar os grandes Black Panthers oportunismo sem limites)


Movimento Negro Socialista apresenta o imperialismo como uma considerável força a ser derrubada, pelo bem da humanidade mais isso é feito apenas por conveniência, é impossível expressar oposição ao imperialismo é ao mesmo tempo apoiar o governo de Lula que mantém uma permanente invasão militar no Haiti sobre a descrição de ''missão'' de paz. Como é percebido o MNS se supera na capacidade de dissimulação. Reformistas sem consistência, este é o perfil dos indivíduos que formam os quadros do MNS.



Marxistas negros unidos com Direitistas brancos?


‘‘Combater o racismo, lutar pela igualdade pelo socialismo ’’, ‘‘Unidos pelo socialismo contra o racialismo é racismo’’ esses são alguns dos lemas do movimento mais a realidade vem mostrando que estes slogans são usados apenas como um sórdida intenção de iludir. O que tornar notório o MNS e que esta é uma das poucas organizações negras que se opõem radicalmente a implementações de qualquer políticas de ação afirmativas.

A justificativa utilizada para a oposição a adoção de políticas de reparação a população negra, é também indígena é de que essas políticas apenas, serviriam para estimular o racismo ou invés de combatê-lo. A lógica emprega pelo Movimento Negro Socialista é completamente baseada, em argumentos politicamente conversadores, as mesmas sofismas usadas pela direita reacionária contrária as políticas afirmativas são usadas pelo MNS sem o nenhum pudor. Essa equivalência de discurso do MNS com aquele apresentado por políticos brancos de direita acaba o levando a formar conchaves com forças políticas extremamente retrógadas tais como Democratas é Partido Progressista.

A luta por medidas reparativas que marcam historicamente a trajetória do movimento negro contemporâneo são apresentados como atitudes de estimulo ao ''racialismo'' evidenciando a completa falta de noção e percepção, o MNS define como leis ''raciais'' as cotas para estudantes negros é pardos no ensino superior. Em 2007 o MNS se uniu aos pedidos da direita é da extrema direita que derrubaram Matilde Ribeiro então Ministra da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, mesmo não sendo devidamente apuradas as denúncias contra Matilde o Movimento Negro Socialista preferiu apelar com a mesma ferocidade que tiveram os grandes meios de comunicação em relação ao caso da Ex-Ministra. Já em 2008 o MNS integrou uma comitiva que foi até o congresso nacional, entregar a chamada carta dos 113 Cidadãos ''anti-racistas'' um documento escrito por indivíduos politicamente de todas as espécimes que vão desde de conversadores de direita chegando até a veteranos marxistas, esta carta que continha petições contra a introdução de todas políticas públicas direcionadas para população negra foi então entregue ao presidente do Senado na época o corrupto Renan Calheiros é outra cópia foi dada ao Ministro do STJ Gilmar Mendes. Como é possível uma organização que se define como marxista fazer sem o menor escrúpulo alianças táticas com os mais reacionários setores da política brasileira?


Outro aspecto que coloca em dúvida, a credibilidade ideológica do MNS é sua aprovação das teorias limitadas é limitadoras desenvolvidas por pretensos intelectuais tais como : Ali Kamel diretor de jornalismo da TV Globo, autor do livro ‘‘Não Somos Racistas’’ um dos mais incríveis libelos de hipocrisia já escrita na historia nesse país, Ali Kamel é um dos principais transmissores do pensamento da classe média é da burguesia que não aceitam nenhum tipo de mudança no funcionamento do sistema social. Outro indivíduo que tem suas teses anti-políticas afirmativas aprovadas pelo Movimento Negro Socialista e do sociólogo e geógrafo Demétrio Magnoli autor do livro ‘‘ Uma gota de Sangue- A historia do pensamento racial’’ nessa obra que tem como objetivo desmoralizar totalmente a luta contra o racismo no Brasil, os argumentos apresentados, chegam ao cúmulo de afirmar que na sociedade Brasileira o racismo é uma pura invenção! Ao lado de grandes veículos de comunicação como Folha de São Paulo, revista Época Demétrio Magnoli promove linchamentos midiáticos contra todos que manifestam apoio a favor das medidas reparatórias.


(Movimento possui as mesmas propostas da classe média é burguesia)

Movimento submisso :

A verdade é que o MNS, é um movimento armadilha, criado propositalmente na tentativa de se neutralizar o fortalecimento de um movimento negro combativo que cresce sem estar ligado aos interesses do Estado ou de partidos políticos específicos. Por detrás do situoso discurso em defesa de uma revolução, o MNS é uma organização servil da estrutura de poder capitalista. Seus integrantes são lacaios da pior estirpe, que apenas fazem manifestações grotescas de revolucionários. Impossível seria esperar qualquer tipo atitude subversiva desse movimento, de duas faces que ao mesmo tempo acena, lutar pelos trabalhadores negros, e posteriomente mantém uma posição conciliação com o sistema vigente. Portanto as prerrogativas de transformação anunciadas são blefes forjados para atrair pessoas mal informadas.




O líder Máximo do movimento é José Carlos Miranda um aplicado vassalo do PT, que concorreu a ultima eleição municipal na cidade de Caierias/SP em 2008. Diga-se de passagem que sua candidatura foi um completo fracasso, que não captou apoio algum da classe trabalhadora, sendo derrotado por um insignificante político burguês. José Miranda faz o papel do agente do grande capital, disfarçado de revolucionário socialista, participa de inúmeros debates, sempre defendendo sua concepção de socialismo eurocêntrico que em nada traz, de benefícios para o povo negro oprimido.

A falta de estratégias compatíveis é um pequeno intercâmbio é diálogo entre os negros dispostos a lutarem por verdadeiras mudanças tendem a abrir espaço para o surgimento, é a proliferação de oportunistas muito bem representados pelo MNS. E preciso identificar bem as verdadeiras organizações negras comprometidas com a construção de um novo modelo de sociedade.



Site do MNS : http://www.mns.org.br/index2.php?programa=movimento.php

Comunidade no Orkut : http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=22062422


*Por Kassan


Malcolm-X (El-Hajj Malik El-Shabazz) o eterno Líder Revolucionário do Povo Negro, não apenas nos EUA mas, também de toda a diáspora Africana. Suas palavras continuam há prevalecer entre os todos os negros que aspiram a libertação diante do sistema racista que prologa a opressão desde o período da escravidão até os dias atuais . Malcolm-X (El-Hajj Malik El-Shabazz) um implacável lutador da liberdade, que colocou sua vida a serviço da revolução. Um grande comandante de idéias profundas e reveladoras. Um pregador muçulmano que usou sua fé para destruir a crença da supremacia branca. Nem mesmo a morte é suficiente para apagar, o nome desse homem na história.