PENSE! 

Quem controla sua memória? 
Quem decide que lembranças você deve ter? 


PENSE! 




Kassan 25/12/2014

VIVA JOÃO CÂNDIDO!
104 ANOS DA REVOLTA DA CHIBATA! 

Em 1910 o Brasil já completava 22 anos de abolição da escravidão em seu território, contudo ainda perduravam práticas nefastas advindas do período escravocrata. A Marinha ainda utilizava a chibata como punição a seus integrantes de baixa patente. Os marinheiros em sua maioria negros estavam insatisfeitos em serem submetidos a este infame método disciplinar, com isto estava lançado um clima propenso para uma motim. 


Após vários episódio de violência o estopim para a subversão ocorreu quando o marinheiro Marcelino Rodrigues foi castigado a receber 250 chibatadas, por ter agredido um oficial branco dentro do encouraçado Minas Gerais. O navio estava partindo em direção ao Rio de Janeiro, a punição foi realizada na presença de todos os tripulantes. Após assistirem ao acoite, os marinheiros tendo a frente João Cândido Felisberto decidiram que iria agir contra os maus-tratos, então organizaram um levante dentro da embarcação. Durante a ação para tomar o navio, os oficiais é o comandante do encouraçado são mortos.  Além do Minas Gerais, os marinheiros também iniciam ação semelhante em outros navios Bahia, São Paulo, Deodoro, Timbira e Tamoio. Para simbolizar que estavam em luta hastearam bandeiras vermelhas e um pavilhão com os dizeres: "Ordem e Liberdade". A frota inclui mais de 80 canhões, que são apontados para a cidade. Alguns tiros de aviso chegam a ser disparados. Os marujos enviam um radiograma, onde apresentaram ao então presidente da república o militar Hermes da Fonseca e ao ministro da Marinha suas exigências para terminarem a rebelião. O conteúdo da carta foi redigido por João Cândido e com redação de Francisco Dias Martins. Os revoltosos exigiam o fim de todos os castigos corporais, melhoria nas condições de trabalho e instalações. Trecho da carta:

"Ilmo. e Exmo. Sr. presidente da República Brasileira,
Cumpre-nos, comunicar a V.Excia. como Chefe da Nação Brasileira:
Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podendo mais suportar a escravidão na Marinha Brasileira, a falta de proteção que a Pátria nos dá; e até então não nos chegou; rompemos o negro véu, que nos cobria aos olhos do patriótico e enganado povo. Achando-se todos os navios em nosso poder, tendo a seu bordo prisioneiros todos os Oficiais, os quais, tem sido os causadores da Marinha Brasileira não ser grandiosa, porque durante vinte anos de República ainda não foi bastante para tratarnos como cidadãos fardados em defesa da Pátria, mandamos esta honrada mensagem para que V. Excia. faça os Marinheiros Brasileiros possuirmos os direitos sagrados que as leis da República nos facilita, acabando com a desordem e nos dando outros gozos que venham engrandecer a Marinha Brasileira; bem assim como: retirar os oficiais incompetentes e indignos de servir a Nação Brasileira. Reformar o Código Imoral e Vergonhoso que nos rege, a fim de que desapareça a chibata, o bolo, e outros castigos semelhantes; aumentar o soldo pelos últimos planos do ilustre Senador José Carlos de Carvalho, educar os marinheiros que não tem competência para vestir a orgulhosa farda, mandar por em vigor a tabela de serviço diário, que a acompanha. Tem V.Excia. o prazo de 12 horas, para mandar-nos a resposta satisfatória, sob pena de ver a Pátria aniquilada. Bordo do Encouraçado São Paulo, em 22 de novembro de 1910. Nota: Não poderá ser interrompida a ida e volta do mensageiro.

Marinheiros.
Rio de Janeiro, 22 de novembro de 1910."

Acuado o governo acenou ceder aos pedidos dos insurgentes. Hermes da Fonseca garantiu que seriam atendidas as solicitações, incluindo anistia para os revoltosos. Acreditando terem alcançado um acordo justo, quatro dias após o início os marinheiros encerram o motim, e permitem que os navios fossem controlados pelo governo. Entre os dias 2 e 4 de dezembro, foram presos 22 marujos acusados de insubordinação. No dia 9 do mesmo mês, marinheiros do Encouraçado Rio Grande do Sul, que estava atracado no Batalhão Naval da Ilha das Cobras, iniciam uma a revolta ao atirar contra os oficiais. Nesse episódio, os revoltosos não tiveram apoio de João Cândido e dos outros envolvidos na Revolta do dia 22 de novembro. Mesmo não havendo nenhum indício de efetivo que ligasse participação, João Cândido e os seus companheiros da Revolta da Chibata também foram acusados de participar dessa rebelião, era uma forma de extinguir a anistia concedida a eles é assim aprisioná-los para evitar possíveis novos motins. No dia 24 de dezembro, João Cândido, os outros revoltosos de novembro e parte dos marinheiros envolvidos na revolta do Batalhão foram levados ao presídio da Ilha das Cobras. Durante o período em que estiveram presos João Cândido e seus companheiros foram enviados para masmorra em condições terrivelmente insalubres, negado fornecimento de água limpa, alimentos em quantidade suficiente, cuidados médicos. Alguns vieram a morrer em circunstâncias desse tratamento.

Depois da violenta experiência na Ilha das Cobras, em abril de 1911, João Cândido foi encaminhado para o Hospital de Alienados. Conforme  uma junta formada por médicos da Marinha, ele passou a ter delírios após ver seus companheiros mortos. No Hospital de Alienados, permaneceu até o dia 4 de junho de 1911, em seguida foi enviado novamente para a prisão da Ilha das Cobras, onde permaneceu por 18 meses. Em setembro de 1912 foi julgado por suposto envolvimento na revolta do batalhão dos fuzileiros navais, conquistou o direito em viver em liberdade, mas foi definitivamente expulso da Marinha. Para sustentar sua família, passa a trabalhar como pescador. Casou-se por três vezes, sua primeira mulher, com quem ficou casado por pouco tempo, morreu em 1917; a segunda esposa suicidou-se em 1928, ato que seria repetido, 10 anos mais tarde, por uma de suas filhas. Com sua última esposa ficou casado até o fim de sua vida. Ao total teve 11 filhos. Faleceu na miséria em 6 de dezembro de 1969. 

Mesmo após décadas da revolta a Marinha ainda continua a desmerecer João Cândido, através da Lei Nº 11.756 seria concedido "anistia" á ele e seus demais companheiros. No entanto, a lei foi vetada na parte em que determinava sua reintegração à Marinha, o reconhecimento de sua patente e devidas promoções e o pagamento de todos os seus direitos para seus familiares remanescentes. Em 2008 foi inaugurada uma estatua em sua homenagem posicionada na Praça XV, Rio de Janeiro, o que provocou protesto por parte de oficias que exigiram que o monumento não ficasse em frente à Escola Naval, situada perto da praça.  

Celebremos a bravura de todos homens que lutaram na  Revolta da Chibata. Jamais devemos esquecer-nos de nosso Grandioso Almirante Negro. João Cândido herói de nosso povo!  





Kassan 23/11/2014

Hoje é Dia dos Mortos. E o que fazemos para prestigiar aqueles que vieram antes de nós? Será que estamos vivendo de forma digna a honrar a memória de nossos mortos? Será que estamos sendo corretos é justos com nossos antepassados, quando os esquecemos como parte insignificante da história, ou quando em troca de mínima aceitação é assimilação na cultura dos opressores, relativizamos é menosprezamos os horrores que nossos ancestrais por séculos tiveram que suportar na carne.

Alguns dizem esqueçam isso, não existe necessidade em manter coisas de um passado distante no agora presente. Mas perceba que quem diz isto e exatamente os que têm os elos com a ancestralidade mantidos, são aqueles que sabem reconhecer sua ascendência através de nomes, sobrenomes. Quando se batiza um aeroporto, escola, hospital, prédio ou rua com o nome de uma pessoa falecida é uma forma de fazer com que ela não seja esquecida pela comunidade. Portanto, e uma maneira de reverência a um antepassado. E nós como sendo portadores da ascendência africana, como e quando reverenciamos nossos falecidos?

Questione a si mesmo, você sabe o nome de seus bisavôs ou tataravôs? Você é capaz de traçar sua árvore genealógica até qual geração passada? Apagamento histórico também é uma modalidade de genocídio.
Somos instruídos do berço ao túmulo a termos como certos, ideias deturpadas sobre nossa linhagem ancestral. E como um mal enraizado reproduzimos isso sem contestar, sem resistirmos. Mas este tempo deverá se encerrado, temos que ver além dessas montanhas de mentiras, e assim saberemos que nossa história não começou em navios negreiros e tão pouco terminará envolta em um terror inglório. Avante ao futuro de liberdade, sem abandonar o passado.

Quando afirmamos que esta versão ''oficial'' da história não corresponde a verdade e que não iremos aceitá-la, nossos inimigos, ora camuflados de amigos nos acusam de estarmos sendo extremistas, mas diga quando foi o momento na história dos últimos 5 séculos que houve moderação e suavidade com nosso povo?

Um dia apenas para os mortos é pouco. O que devemos fazer e sempre relembrarmos os antepassados. Jamais perdermos a memória ancestral!




Kassan 02/11/2014
Aniversário de Desmond Tutu

O arcebispo  anglicano Desmond Tutu ao lado de Nelson Mandela tornou-se mundialmente reconhecido como sendo uma das principais figuras ativistas a terem lutado pelo fim do regime de segregação racial sul-africano o apartheid. E igualmente como Mandela também foi laureado com o Prêmio Nobel da Paz.

Desmond Mpilo Tutu nasceu em Klerksdorp, cidade localizada na província de Transvaal. Quando tinha 12  anos se mudou com sua família para cidade de Joanesburgo. Sua educação escolar ocorreu na instituição Joanesburgo Bantu High School. Desmond Tutu tinha a perspectiva em estudar medicina, porém seus pais não tinham recursos financeiros o suficiente para mandá-lo para a escola médica.

Em 1948 a vida de Tutu assim como toda população negra que residiam em localidades urbanas mudaria drasticamente, isso porque o Partido Nacional, formado unicamente por Afrikaners, nome dado aos descendentes dos colonos brancos sob ao poder central na África do Sul, é inicia á aprovação de uma série de leis que oficializam a separação racial. Esse sistema racista denominado apartheid ( "vidas separadas" em idioma afrikaner) engloba todas as áreas daquela sociedade: cultura, educação, habitação, lazer, serviços públicos, trabalho na prática o  apartheid relegou a população nativa africana a condição de subcidadania, entanto garantiu o completo domínio da supremacia do poder econômico, político nas mãos dos brancos, que terras se tornaram proprietários das terras mais férteis, e os únicos que tinham permissão a votar. 

O governo racista de hegemonia Afrikaner, negava o direito dos africanos nativos a terem a mesma acessibilidade e igualdade de condições á instrução educacional, daquela fornecida aos indivíduos brancos. Contrário a esta imposição, Desmond Tutu já na condição de professor então começa sua militância anti-apartheid de forma pacífica. Por influência de seu professor e tutor Trevor Huddleston, se inicia no sacerdócio da Igreja Anglicana sendo ordenado padre em 1960. Para dar continuidade a seus estudos, muda-se para Londres onde obtém Bacharelado e Mestrado em Teologia. Regressa a África do Sul dando prosseguimento a sua oposição formal as políticas discriminatórias. Em 1976 e nomeado bispo de Lesotho, pequeno país que fica dentro da África do Sul. E ainda em 1976 forças policiais do regime reprimem á tiros uma manifestação de jovens em Soweto, bairro negro de Joanesburgo. O número de oficial de manifestantes mortos foi divulgado de 35, mas testemunhas oculares apontam houveram muito mais vítimas fatais. Em reação a massacre Tutu inicia junto com contatos internacionais uma campanha solicitando um boicote econômico a África do Sul, como medida a pressionar o governo a suspender a violência é abrir negociações para mudança política. Como medida de impedir seu ativismo, o governo sul-africano, apreendeu seu passaporte impedindo de viajar para outros países onde denunciava o racismo é também foi proibido de falar em público.

Apesar de toda máxima brutalidade pela qual o apartheid se mantinha, Desmond Tutu nunca foi favorável que as massas usassem a violência como método de resistência. Isso fez com que sua figura fosse rejeitada pelos partidários da luta armada, que o acusavam de ser uma marionete político.

O fato de ser adepto e sacerdote de uma igreja trazida pelos colonizadores europeus também não era motivo de agrado na ala radical que combatia o apartheid. Acreditava na via do diálogo é buscava encontrar pontos que pudessem facilitar a compreensão mútua entre

Como resultado de seu esforço pela garantia dos direitos humanos, em 1984 é indicado é vence o Prêmio Nobel da Paz o que lhe rendeu uma considerável popularidade e o colocou em maior visibilidade a opressão racista existente no país africano. Em 7 de setembro de 1986, Desmond Tutu e nomeado Arcebispo da Cidade do Cabo, este posto o torna líder da Igreja Anglicana naquele país.

Acompanha de perto a libertação de Nelson Mandela em 1990. Em 1994 com a realização da primeira eleição livre, manifesta apoio a Mandela para presidência. Por sua característica apaziguadora foi convidado é aceita presidir a Comissão de Verdade e Reconciliação, que ficou a cargo de investigar as violações dos direitos humanos dos 34 anos anteriores. Como sempre, o arcebispo aconselhou o perdão como forma de se alcançar a paz e evitar qualquer tipo de revanchismo por injustiças passadas. Novamente e duramente criticado por radicais por sua postura conciliatória. Em 1996, ele se aposenta como arcebispo da Cidade do Cabo e foi nomeado arcebispo emérito.

Mesmo com a idade já avançada, Desmond Tutu não deixou de expressar sua indignação frente a qualquer tipo de opressão. Exemplo disso, quando acusou o Estado de Israel de tratar os palestinos da mesma forma como o apartheid fazia com os negros. Em contrapartida foi acusado de antissemitismo por entidades judaicas. Tornou-se acido crítico dos governos do CNA (Congresso Nacional Africano) pelo mesmo mostrar extrema ineficiência em combater a pobreza, e pelos altos índices de corrupção.

O arcebispo segue incansável pela defesa da democracia, direitos humanos.

Parabéns, Desmond Tutu!




Kassan 07/10/2014

Segunda Guerra Etíope-Italiana

Em 03 de outubro de 1935 a Etiópia um país independente na época é invadida pelas tropas da Itália fascista liderada por Benito Mussolini.
Um fato motivava a agressão militar dos imperialistas europeus, os italianos estavam sedentos por vingança por terem sido fulminantemente derrotados na Batalha de Adwa ocorrida em 1 de Março de 1896, quando o exército etíope sobre o comando do imperador Menelik II, lutou bravamente é interrompeu as pretensões dos invasores brancos que queria colonizar o território da nação africana, a vitória garantiu a independência da Etiópia.

Os italianos nunca esqueceram a humilhação e com a chefatura de Mussolini, investiram novamente sobre solo etíope. Essa incursão foi caracterizada por uma brutalidade extrema. As forças italianas recorreram ao uso indiscriminado de ataques de armas químicas sobre população civil desarmada, fuzilamentos, enforcamentos. Não pouparam em usar de total terrorismo.

Como reação a criminosa invasão o imperador Haile Selassie tentou reunir apoio internacional para impedir que seu povo e país fossem barbarizados, perante os representantes da Liga das Nações (antecessora da ONU) proferiu um brilhante discurso contra o belicismo, chauvinismo, racismo, apesar de todos seus esforços seus apelos não foram ouvidos. A Itália continuou a seguir com seus terríveis planos, dizimando milhares de vidas africanas.

O Povo Etíope que nunca negou sua linhagem valente, logo se colocou em posição de resistência para expulsar as hordas colonialistas. Foram tempos marcados por dor, sofrimento, mas também de uma brava resistência que mesmo com dificuldades nunca cessou o desejo a liberdade. Em 1941 após muito sangue vertido, os italianos saíram em debandada da Etiópia.





Kassan 03/10/2014
Machado de Assis, 106 anos de falecimento do mestre maior da literatura Brasileira!

Se caso for o objetivo ser sucinto em palavras, economizando em um recurso que este homem se fez mestre, podemos simplesmente dizer Joaquim Maria Machado de Assis é o mais importante escritor brasileiro de todos os tempos. Mas isso seria bastante pouco, para toda magnitude de Machado de Assis, mas que seja reinterado algo de  incontestável verdade, o maior gênio da literatura brasileira e com certeza um dos maiores da língua portuguesa, tinha sangue africano nas veias.

Não deixaram de haver inúmeras tentativas ao longo dos anos em ''arianizar'' a imagem de Machado, que além das contribuições escritas, também foi fundador e primeiro presidente da ABL - Academia Brasileira de Letras, imortal da cadeira N°23.

Como cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista e ensaísta é também na posição de testemunha ocular dos fatos da época Machado de Assis conseguiu colocar em sua obra uma perspicaz analise de seu tempo. Esmerou através de seus personagens, os tipos de seres sociais que povoavam da opressora sociedade brasileira a partir da metade do século 19. Através de um viés revolucionário, Machado de Assis criou uma obra em caráter de denúncia cultural é crítica social que iniciou um movimento autêntico, inovador que iniciou uma ruptura com os padrões criativos, construtivos, narrativos ainda colonizados da literatura.

O estilo machadiano transportou para os livros uma inteligente ironia, em especial sobre a abolição da escravidão. Machado de Assis faleceu em 21 de setembro de 1908 aos 69 anos na cidade do Rio de Janeiro, mesma cidade em que nascerá e que lhe servirá de inspiração. E 106 de sua morte, não apagam sua importância e influência que atravessa os séculos e se encontra em fulguroso leito eterno para nunca se perder.




(Imagem poeticamente altera de Machado*)

Romances
Ressurreição - 1872 
A mão e a luva - 1874
Helena - 1876
Iaiá Garcia - 1878
Memórias Póstumas de Brás Cubas - 1881
Quincas Borba - 1891
Dom Casmurro - 1899
Esaú e Jacó - 1904
Memorial de Aires - 1908

Poesia
Crisálidas
Falenas
Americanas
Ocidentais
Poesias completas

Contos
A Carteira
Miss Dollar
O Alienista
Noite de Almirante
O Homem Célebre
Conto da Escola
Uns Braços
A Cartomante
O Enfermeiro
Trio em Lá Menor
Missa do Galo

Teatro
Hoje avental, amanhã luva - 1860
Desencantos - 1861
O caminho da porta, 1863
Quase ministro - 1864
Os deuses de casaca - 1866
Tu, só tu, puro amor - 1880
Lição de botânica – 1906


Kassan 29/09/2014
Jesse Owens, o negro que humilhou Hitler na Olimpíada de Berlim

Em 12 de setembro de 1913 nasce nos Estados Unidos, o atleta James Cleveland Owens, que ficaria conhecido mundialmente pelo apelido ''Jesse''. Seu grande feito, ganhar quatro medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1936 realizados em Berlim, Alemanha.

Os nazistas liderados por Adolf Hitler já estavam instalados no poder desde 1933, em 1935 havia sido aprovado uma legislação na Alemanha abertamente racista, conhecidas como 'Leis de Nuremberg' que oficializaram o antissemitismo e segregacionismo racial como políticas estatais. O Estado nacional-socialista, conhecido como III Reich assumia sua principal atribuição idealiza pelo Fuher, assegurar a pureza e prosperidade da '''superior'' raça ariana.

Em 1936 com realização dos Jogos Olímpicos, Hitler e os demais líderes do regime desejavam usá-los como vitrine para propaganda da superioridade branca-ariana. As quatro vitórias de Owens foi um ''banho de água fria'' nessas pretensões. Mas vale ressaltar que Jesse Owens não foi o único atleta negro a subir ao pódio, antes dele o também norte-americano, Cornelius Johnson conquistou a medalha de ouro na modalidade de salto em altura.

O grande feito de Owens, conforme suas próprias palavras não foi não se contrapor ao regime hitlerista como adversário político, mas sim abalar a noção racista dos EUA, como ele mesmo salientou em seu registro biográfico. Com o encerramento dos Jogos, seu regresso para América foi triunfante, mas isto não foi o suficiente para superar as barreiras criadas pelo racismo, um fato marcante que Owens nunca esqueceria foi quando sua esposa e ele por serem negros foram obrigados a entrarem pelas portas do fundo de um hotél na cidade de New York.

O que mais incomodou Jesse Owens não foram as atitudes de desprezo de Hitler, que era racista e portanto, não surpreenderiam, mas o fato do então presidente norte-americano na época Franklin Delano Roosevelt não ter lhe dado a mínima atenção, não mandado sequer um telegrama felicitando-o por suas conquistas na olimpíada. Owens teria dito mais tarde: "É verdade que Hitler não me cumprimentou, mas também nunca fui convidado para almoçar na Casa Branca."

No anos seguintes a conquista das medalhas, Jesse foi ignorado e relegado a um ostracismo, motivado por dificuldade financeira chegou até a disputar bisonhas apresentações de corrida contra cavalos. A sorte de Owens mudaria na metade da década de 1950, no contexto da Guerra Fria, o governo americano passou a recrutar bons exemplos na batalha por ''corações e mentes'' contra os soviéticos, em 1955 o presidente americano Eisenhowver deu lhe o título de “Embaixador da Boa Vontade” para promover os Estados Unidos pelo mundo.


Jesse Owens também participou dos esforços na luta por direitos civis para população negra. Seu nome foi imortalizado no Hall da Fama do atletismo, condedido pela Federação Internacional de Atletismo (Iaaf).

      (Imagem e uma montagem, que fique explicado antes que alguns “gênios”                    venham falar algo.)



Kassan 12/09/2014


Steve Biko, 37 anos  da morte de um guerreiro!

Em 12 de setembro 1977, devido a ação de tortura e maus tratos, Steve Biko um dos principais líderes do movimento Consciência Negra, morre sobre enquanto estava em custódia da polícia de segurança do Apartheid. 

Steve Biko na condição de ativista e intelectual foi responsável por estruturar uma linha de pensamento que desempenhou importante função no movimento de resistência e luta contra o apartheid.

Em sua pauta teórica reivindicava a necessidade do protagonismo africano em sua própria missão de libertação, rejeitar o paternalismo de grupos brancos politicamente liberais. Era preciso que o povo alcançasse primeiramente uma revolução cultural para descolonizar-se de ideias instaladas através da opressão racial. Para Biko a concepção da Consciência Negra significava uma revitalização de valores em defesa do bem-estar coletivo.

Steve Biko estimulava a população a utilizar táticas de ação direta de desobediência civil a autoridade do Estado sulafricano, sem recorrer a violência. Com o aumento de sua influência política, vieram a intensificação de perseguições, impedimento ao direito a expressão, o regime o transformou em um inimigo de Estado a ser detido a qualquer custo. O apartheid obrigava a população africana a utilizar uma carteira de identificação, era crime não portar esse documento, Biko era contra o uso desse documento e por não estar usando a carteira foi preso pela polícia e conduzido a prisão em 18 de agosto de 1997. Durante o cárcere foi submetido a sessões de torturas, e devido a negligência médica, não resistiu aos ferimentos e morreu em 12 de setembro de 1977.

Sua morte produziu um forte impacto sobre a comunidade negra o tornou de herói á mártir para milhares de pessoas. Em 25 de setembro de 1977 seu funeral  realizado na cidade de King William foi acompanhado por cerca de 15.000 pessoas. Crime teve repercussão internacional, gerou um aumento das pressões contra o regime racista, que por questões geoestratégicas contava com apoio do governo dos Estados Unidos, Inglaterra, Israel. A morte de Biko também refletiu em um apelo para intensificação da resistência interna. O próprio Biko ciente do momento histórico, e da natureza da luta de que participava apreendeu a não temer a morte, em sua última entrevista declarou: ''ou você está vivo e orgulhoso ou você está morto. E quando está morto não se incomoda com nada.'' Sua vida se tornou um poderoso legado de animo e coragem, cujo morte física não e suficiente para apagar.

Que sua estrela continue a brilhar onde seja preciso pelejar contra o racismo e a opressão.



Steve Biko presente!




Kassan 12/09/2014

O verdadeiro coitadismo, racistas usando de vitimismo como estratégia para se livrarem de seus crimes! 

Decorrido algumas semanas após os atos racistas na Arena Grêmio, que tiveram como alvo o goleiro Aranha uma constatação fica nitidamente percebível.

Patricia Moreira, torcedora tricolor, flagrada em filmagem no estádio dirigindo ofensas ao atleta, agora vem recebendo calorosas manifestações de apoio, solidariedade que parte de pessoas pertencentes á torcidas ''organizadas'' gremista, surgem seus amigos ''negros'' para lhe prestar auxílio, servindo de escorra para colaborar com a versão de que ela não foi racista, mas sim mal interpretada, para reforça ainda há declarações imbecis de ex-dirigente do Grêmio, tentando negar o óbvio do fato.

Um resultado mais do que esperado, um corporativismo que sai em defesa da ''santa garotinha''. Inocentando-a á todo custo, tentando retirar qualquer responsabilidade dela no ato. Esta em uso uma estratégia de usar fator de apelo emocional de convencimento, para tornar-la imputável em arcar criminalmente por sua atitude.

Os que defendem Patrícia Moreira, alegam que está se tentando jogar nas costas dela uma culpa maior do que a real, esquecendo dos outros torcedores que também ofenderam o Aranha, que ela esta sendo pega como bode expiatório, pega para carregar sozinha a cruz. 

Bem, vamos analisar melhor, todos têm o direito a ampla defesa quando acusado de um crime. Pelo menos e o que menciona a lei, mas na prática sabemos que isso não e uma verdade unanime. Onde se encontra defesa para pessoas mortas sumariamente por policiais, grupos de extermínio nas favelas e periferias?

Não se deve confundir a exigência para que ocorra uma punição sobre critérios da lei com uma criminalização sobre Patrícia Moreira.

Abordando sobre criminalização, e justamente a População negra que e criminalizada pelo racismo diariamente. Nas ruas através de truculentas abordagens policias, que em algumas ocasiões produzem um saldo fatal, com inocentes sendo assassinatos, presos ilegalmente, a criminalização racista afeta os locais de habitação, procura de empregos, em todos aspectos gerais da vida de negros/negras em suas atividades cotidianas. Vale lembrar que manifestações culturais, religiosas de matriz africana até a década de 1930 eram proibidas, jogar capoeira era considerado uma atividade de bandido, era obrigatório que terreiros de candomblé tivessem registro policial para existirem.

Observando como se diz na letra fria da lei, no inciso XLII, do artigo 5º, da Constituição Federal de 1988 estabelece que

“A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”.

Desde aprovação desta lei quantas pessoas foram presas e julgadas com base nesta lei? Nenhuma. Pelo menos não há nenhum caso conhecido. Ou podemos surrealmente dizermos que não se praticam crimes por motivação racial no Brasil?

Isso mostra uma perversa realidade de que como o poder judiciário e altamente conivente com racismo. E preciso que um jogador seja ofendido para trazermos a tona um mínimo debate nacional sobre a problemática da discriminação racial?

Como alternativo ao crime propriamente de racismo, existe o crime de  ''Injúria racial''. Previsto no Código Penal

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa.


Fica evidente que classificação como injúria, suaviza para o autor do delito sua punição. Cria-se um panorama cujo o único destino e senão a impunidade. Um ambiente que torna propicio a continuidade de crimes dessa natureza. E sempre recorrente ouvirmos em casos de racismo, os detratores acusarem os negros se serem ''vitimistas'' ou de apelarem para um coitadismo, mas vejamos bem, quem usa de coitadismo não é a vítima, mas sim o agressor oportunamente para se livrar. Uma tentativa em inverter as posições, como esta ocorrendo com ajuda de uma generosa mídia para Patrícia Moreira. 


Racistas no Brasil, sabem os ingredientes da receita para livrar a própria pele: primeiro choram, em seguida dizem terem amigos amigos ''negros'', por fim pedem desculpas e se dizem arrependido, pronto e assim a roda permanece girando e nada se altera.



Kassan 11/09/2014

Desavença entre Garvey e Du Bois

Através de uma explicação um tanto simplista a respeito das diferenças entre os dois líderes seria que Garvey defendia um independentismo racial, e Du Bois era partidário de um integracionismo racial.

Há diferenças também se estendem no que se refere a metodologia e formas de como a população negra deveria se libertar da opressão, Garvey acreditava e estimulava a criação de um sistema econômico, social independente para o negro, enquanto Du Bois, eventualmente solicitava a inserção do afro-americano na vida pública, social da sociedade norte-americana, posteriormente Du Bois se tornaria comunista.

Ambos os líderes, é claro, estavam interessados ​​na melhoria de vida da raça negra, mas mantinham agudas visões diferentes de como atingir seus objetivos, isso provocou uma acirrada disputa da qual não houve possibilidade de conciliação. 

Du Bois remetia a Garvey como uma ameaça significativa para o avanço de afro-americanos. Por sua vez Garvey considerava Du Bois um lacaio do homem branco, que nunca poderia entender o que ele realmente significava ser negro. Essa desavença entre os dois podem ser atribuídas aos antecedentes e experiências pela qual cada um teve no decorrer da vida.

Garvey era filho de um pedreiro na Jamaica. Sua filosofia de separatismo negro foi resultado de observações que acumulou durante várias viagens a trabalho por uma empresa multinacional que realizou entre países do Caribe, América Central. Marcus Garvey presenciou que as péssimas condições de vida em que eram submetido a população negra desses países necessitava de uma solução radical e o caminho para a mesma estava diretamente ligado a unificação racial e a constituição de uma nação independente.

Marcus Garvey sempre foi estimulado a dar importâncias da educação, foi até a Grã-Bretanha a onde pode aprimorar seus estudos, retorna a Jamaica e ao lado de apoiadores de suas ideias cria a UNIA (Universal Negro Improvement Association). Jamaica na época ainda era uma colônia inglesa, e o direito a organização política era restrita ainda mais para população negra, Garvey observa que os Estados Unidos oferecem condições melhores para o desenvolvimento do movimento nacionalista negro, ao deslocar-se para EUA, inicia planos em criar capítulos da UNIA por toda América, iniciou atividades de empreendedorismo como a criação da empresa marítima Black Star Line. Um detalhe marcante em Garvey era sua capacidade em se comunicar, tanto como orador, como escritor, tinha uma extraordinária forma de fazer sua mensagem ser compreendida até pelo negro mais pobre. Seus opositores o acusavam ser usar-ser de um populismo descarado com promessas impraticáveis.

William Edward Burghardt Du Bois abreviado para WEB Du Bois tinha um perfil cerebral. Nascido em Massachusetts em 1868 em uma comunidade em que o segregacionismo não era forte entre brancos e negros tinham uma convivência relativamente pacífica, Du Bois era um homem culto e educado, notório por ter sido o primeiro afro-americano a receber um doutorado pela Universidade de Harvard. Exerceu o cargo de professor de história, sociologia e economia na Universidade de Atlanta. Em 1903 publica o livro The Souls of Black Folk ( Alma de Gente Negra) que se tornaria uma referência na literatura e sociologia norte-americana. Suas pesquisas se tornaram um marco na teorização das relações raciais norte-americanas. 

Em 1905 WEB Du Bois participa como líder do Movimento Niagara, que preconiza a criação de uma organização para promoção dos direitos civis e eliminação de legislação de segregação racial. O movimento Niagara se opunha às políticas de alojamento e de conciliação promovidos por outros líderes afro-americanos como Booker T. Washington. O movimento Niagara extinguiu-se em 1909, no mesmo ano foi criado a Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (NAACP) com participação de Du Bois. A organização tinha como missão declarada garantir a igualdade política, educacional, social e econômica dos direitos de todas as pessoas e para eliminar o ódio racial e a discriminação racial.  Por seu perfil acadêmico, intelectual WEB Du Bois não tinha a popularidade sobre as massas.
Os objetivos da UNIA eram contrários aos da NAACP. Tornando o conflito entre as organizações inevitável e irreconciliável.

Os partidários da UNIA eram considerados excessivamente radicais, extremistas potencialmente perigosos para a comunidade afro-americana pelo risco que poderiam conduzir a população negra a um isolamento ainda maior na sociedade. Ideias separatistas seriam contrárias ao verdadeiro progresso. Para os integrantes da UNIA a NAACP não possui legitimidade política para agir na comunidade negra em devido que a mesma aceitava a colaboração de indivíduos brancos, acusavam na de ser servil ao home branco e elitista por estar distanciada dos mais pobres.

Um fato poderia significa uma ponte de união entre ambos, isso seria o Pan-africanismo. Ambos se consideravam Pan-africanistas apesar disso não conseguiam estabelecer pontos em comum para uma possível cooperação. Em 1921 houve a realização em Londres do segundo Congresso Pan-africano. Por influência de Du Bois foi aprovado resoluções em que se apelava para luta por garantia de igualdade racial. Por esse fato Garvey acusou WEB de subserviência o acusando de ser um traidor mascarado de ativista.

Através da imprensa lançavam ataques constantes um contra o outro. WEB Du Bois comemorou a deportação de Marcus Garvey dos Estados Unidos em 1922, após o jamaicano ser acusado de prática de fraude. Sem Garvey a UNIA se enfraqueceria e abriria espaço para o crescimento da NAACP. Posteriormente Marcus Garvey acusou Du Bois de participar do complô responsável por sua expulsão dos EUA.

Marcus Garvey foi desmoralizado intencionalmente e caiu em ostracismo na Jamaica, faleceu em 1940 após sofrer seguidos derrames, sem nunca conseguiu ir até a África.  WEB Du Bois prosseguiu com seu ativismo pelas décadas seguintes a frente da NAACP, após a 2° Guerra, simpatiza com o socialismo, aproximando-se do Partido Comunista. Sofre perseguição do governo norte-americano sobre suspeita de ser subversivo. Com idade avançada decide residir em Gana colabora com o governo de Kwame Nkrumah até seu falecimento em 1963.

Referências
Marable, Manning (2005), WEB Du Bois: Black Radical Democrat
Lomotey, Kofi (2009), Encyclopedia of African American education
Philosophy and Opinions of Marcus Garvey, Or,  Africa for the Africans





Kassan 24/08/2014


George Jackson, espírito revolucionário da Pantera Negra! 

George Lester Jackson nasceu em 23 de setembro de 1941, quando tinha dezoito Jackson foi considerado culpado pelo roubo de 70 dólares de um posto de gasolina e condenado a uma pena que poderia ter a duração de um ano de vida até prisão perpétua. 

Como exemplo que ocorreu com vários presos negros e na cadeia que George Jackson transforma sua consciência radicalmente. De prisioneiro alienado por um niilismo desiludido, encontra na causa revolucionária um significado e motivo para dedicar sua existência. A partir de então George Jackson até o momento de seu assassinato, escreveria seu nome como referência de luta e resistência. 

Em companhia de seu amigo e mentor político WL Nolen, Jackson funda a Black Guerrilla Family - BGF como uma organização auxiliar do Partido Pantera Negra para operar dentro do sistema prisional, objetivo era recrutar, politizar e preparar prisioneiros negros para transformarem os presídios em verdadeiras trincheiras, extensões das lutas radicais que ocorriam nas ruas. 

Prisão de Soledad, estado da Califórnia, no dia 13 de Janeiro de 1970, Nolen e outros dois prisioneiros membros da BGF  foram mortos a tiros por um guarda branco, durante uma briga. Poucos dias depois um júri decidiu que o guarda havia realizado um "homicídio justificável". 

Dias após a absolvição, um guarda da prisão foi mais tarde encontrado morto, esfaqueado George Jackson e outros dois prisioneiros, John Cluchette e Fleeta Drumgo, foram acusados do assassinato. Sobre a alegação de se trata de um crime de vingança pela morte de  WL Nolen.

George Jackson e seus companheiros de Soledad são perseguidos e suas vidas colocadas em risco. Para intensificar a opressão a Jackson ele e transferido para prisão de San Quentin, mas continua a fazer seu trabalho militante. Temerosos sobre os efeitos que a presença de Jackson poderia ter sobre outros prisioneiros a administração decidiu isolá-lo em cela solitária.  

Opressão ilegal sobre George e seus companheiros, originou a realização de uma campanha em defesa da libertação de todos do carcere, ficariam conhecidos como 'Irmão Soledad'. No comitê de organização da campanha estavam sua mãe Georgia Jackson e seu único irmão Jonathan Jackson, uma ativista envolvida na campanha era Angela Davis. Jackson e Angela manteriam um relacionamento amoroso. George sempre teve um relacionamento tumultuado por divergências com a mãe, uma mulher extremamente religiosa que não acreditava em radicalidade ideológica, ou lutas políticas revolucionárias, por outro lado George sempre via na mãe o perfil do negro alienado, conformado que preferiria viver em meio á ilusões do que romper com o sistema. Apesar das diferenças Georgia nunca negou amor maternal por ele, 

Em 1970 como esforço para libertação e publicado o livro ''Soledad Brother'' uma compilação de cartas escritas por George Jackson.  O livro e bem recebido pelo público e aumenta a pressão pela soltura. Jackson era um legítimo prisioneiro político mantido nas masmorras do complexo industrial-prisional. 

Em 07 de agosto de 1970, o Jonathan Jackson em parceria com outros militantes fazem uma ação armada que sequestra o juiz Harold Haley, a exigência para soltarem o juiz era em troca a liberação de George e dos demais irmãos Soledad. Antes que o pedido fosse atendido a polícia intervém na situação e inicia um tiroteio que vitima de forma fatal Jonathan, os outros integrantes assim como Harold Haley também morrem baleados. 

No ano de 1971, George Jackson seria submetido a mais um julgamento que poderia confirmar a continuidade de sua pena como perpetua ou poderia conceber sua liberdade. Mas um detalhe exercia peso considerável, o assassinato do guarda em Soledad. Se Jackson negasse envolvimento no justiçamento, correria o risco de sair com a fama de mentiroso desmoralizado, por outro lado se confirmasse a participação na morte, isso significaria que não haveria possibilidade de sair vivo da cadeia. 


Em 21 de agosto de 1971, George Jackson organiza uma rebelião em San Quentin com objetivo em reivindicar melhorias no tratamento aos prisioneiros e assegurar a garantia de direitos democráticos. Autoridades se negam a fazer qualquer tipo de acordo e ordenam um ataque, George Jackson armado com uma pistola e alvejado por um franco-atirador e morre no pátio da prisão. Para justificar o assassinato foi apresentada a versão de que Jackson estava em fuga. Em solidariedade o cantor Bob Dylan compôs uma música em homenagem a George Jackson, poucos dias após sua morte foi publicado o livro ''Blood in My Eye'', um composto de biografia com exposição de suas ideias e pensamentos. 


Kassan 21/08/2014


Celebração á Marcus Mosiah Garvey

Há exatos 127 anos nascia na Jamaica, Marcus Mosiah Garvey. Não faltam adjetivos para poder descrever sua vida e luta, um homem visionário, revolucionário. Fundador da UNIA, líder nacionalista negro, propulsor do pan-africanismo.

O anunciador de uma mensagem de uma nova era. As palavras de Garvey são os ensinamentos, as instruções para o caminho da autodeterminação, confiança, orgulho. Há cem anos Marcus Garvey e outros valorosos filhos da raça africana em sã consciência fizeram uma semeadura de uma inabalável fé no destino á liberdade de todos que carregam o sangue africano nas veias, criaram a UNIA. Para este legado deve haver herdeiros, muitos continuadores de seu sonho. Os sonhos em uma África e diáspora irmanada sobre uma gloriosa bandeira, símbolo de amor, união e vitória.

Em honra e respeito ao que sofreram os ancestrais sobre mãos algozes. Busca pela legítima justiça pelos abomináveis séculos de crimes contra a humanidade africana. Pela expulsão de todos os alienígenas parasitas que roubaram e ainda continuam a saquear as riquezas do continente que foi ventre da civilização humana. Reconhecermos o que Marcus Garvey ensinou em toda sua vida, lutar pela restauração e renascimento de milhões de pessoas oprimidas para novamente tornarem-se um grande povo.

 Sobre os passos de Marcus Garvey siga a marcha árdua, sinuosa na qual cada geração contribui ao máximo para seu andamento. Haverá a ofensiva de nossos inimigos e suas tentativas para impedir a evolução/revolução popular de libertação.

Nomes, ideologias políticas, filosofias, religiões, nacionalidades são superficialidades se comparado com a glória em sentir-se parte viva e continua de milênios de história. Marcus Garvey nunca pisou na terra natal de seus ancestrais, em vida jamais conseguiu ir até a África mesmo assim seu coração sempre o fez se sentir um africano e mesmo sem ter respirado o ar da África ele á defendeu como todo amor possível. Um sentimento soberano que o acompanhou até sua transição física.



Vida eterna para o Honorável Marcus Garvey!
Liberdade para Raça Negra!
Viva o Povo Africano!


Kassan 17/08/20014 

Black Star Line, busca pela independência econômica

Pelas condições tecnológicas da época a aviação ainda estava se aprimorando e não constituía um meio de transporte eficaz, com isso a navegação marítima continuava possuindo grande importância para interligar os povos, seja com transportes de pessoas, como para realização de  comércio. Atento a esse detalhe em 1919 Marcus Garvey utilizando a UNIA cria a Black Star Line uma empresa de navios a vapor. Na visão de Garvey, era imprescindível criar e desenvolver uma empresa neste setor para consolidar a busca pela autosuficiência econômica. A Black Star Line iria transportar desde pessoas á matérias-primas e produtos manufaturados feitos a partir de empresas negras na América do Norte, Caribe e África, tornando-se um elemento central na construção de uma economia global que atenderia o desenvolvimento econômico.


"Eles disseram que o negro não tinha iniciativa, que ele não era um homem de negócios, mas um operário, que ele não tinha o cérebro para projetar uma corporação, de possuir e gerir os navios, que ele não tinha conhecimento de navegação, portanto, a proposição era impossível. Oh! Homens de pouca fé. O Eterno que aconteceu." Marcus Garvey, sobre o lançamento da Black Star Line


Uma corporação fundada, dirigida pela comunidade negra em beneficio da própria comunidade negra era algo extramente visionário e ousado pelos padrões racistas da época. Para dar vida a Black Star Line, Garvey utilizou a organização da UNIA estabelecendo algo simples para captar recursos para e empresa.  As ações da Black Star Line inicialmente eram vendidas a 5 dólares, isso possibilitava que até negros que viviam com um nível de renda pequeno pudessem contribuir para o empreendimento. Entre 1919 e 1920, a UNIA arrecadou uma quantia de US$ 800.000 tendo capital suficiente para adquiriu o primeiro navio, o Yarmouth, uma embarcação de 30 anos de idade que havia sido utilizada pela última vez na Primeira Guerra Mundial como um cargueiro. Em seguida foram comprados o navio SS Shadyside que foi utilizado para passeios de verão e excursões e o Kanawha um pequeno iate destinado para o transporte inter-ilhas nas Índias Ocidentais e após ser comprado foi rebatizada de SS Antonio Maceo.


A partir de então tudo indicava um caminho glorioso e o alcance de uma era de prosperidade que iria modificar a vida de milhões de pessoas. A Black Star Line uma iniciativa significativa em prol do empoderamento econômico negro que poderia ser seguida por pela criação de outros empreendimentos em diversas áreas, uma prova da capacidade e determinação do Povo Negro em ser decisiva para salvar-se de um destino findado em pobreza, miséria.

O que era para ser um êxito, aos poucos foi transformando-se em uma perda devido a alguns fatores. Ainda não existia uma base econômica fortemente organizada dentro da comunidade negra, isso fazia com que a Black Star Line estivesse em um patamar maior da realidade em que estava inserida. Nos Estados Unidos principal país onde a UNIA tinha representação e onde a Black Star Line operava a comunidade africano-descendente ainda não possuía maturidade econômica. A pobreza generalizada vinda desde a escravidão era um fator de imenso desfavorecimento. Como não houve reparação pelos séculos de trabalho escravo fez com que a comunidade negra não possuísse capital para investir em seu próprio crescimento. As atividades econômicas em que negros estavam envolvidos era de agricultura familiar em pequenas propriedades no sul e comércio de pequeno porte e profissionais liberais na região norte.  A comunidade negra não era proprietária de grandes empreendimentos de manufaturas nem dispunha de massivo controle sobre atividade agrícola e industrial de grande produção.

No Caribe a situação ainda era mais desfavorável. Os países caribenhos tinham uma estrutura econômica ainda formalmente explorada pelas antigas metrópoles europeias. As elites políticas racistas impossibilitavam a mobilidade das massas negras. Tudo isso dificultava a realização dos negócios previstos para serem feitos pela Black Star Line. Ainda faltava aos  responsáveis pela administração da corporação a experiência e habilidade em gestão empresarial, havia também casos de corrupção e desvio de recursos e de sabotagem interna. A Black Star Line não teve a lucratividade suficiente para manter-se, iniciando uma falência.

O tiro fatal contra a Black Star Line foi executado pelo FBI (Federal Bureau of Investigation). Em 1922 agentes do FBI, sobre a chefia de J. Edgar Hoover prendem Marcus Garvey e diretores da companhia sob a alegação de fraude postal. Garvey e os demais integrantes detidos eram acusados de utilizaram o serviço de correio para continuar a vender ações da empresa, sabendo deliberadamente que a mesma estava em vias de concordata.

Garvey foi a júri ainda em 1922 como era jamaicano e não possui cidadania norte-americana foi julgado e sentenciado a ser deportado para a ilha caribenha e proibido de regressar aos Estados Unidos. Acima de tudo sua expulsão atendida um trabalho de enfraquecimento da UNIA, algo que realmente ocorreu. Após sua partida a UNIA em solo norte-americano entrou em fase de declínio, disputas internas de poder, infiltração de espiões pelo FBI, foram minando a influência da organização. A Black Star Line foi liquidada em 1922. 







Kassan 15/08/2014