SEGUE MOTIVOS PARA NUNCA SERMOS ''JE SUIS CHARLIE''

Repulsivas são as recentes charges publicadas pelo jornal francês Charlie Hebdo sobre os naufrágios de embarcações clandestinas que levavam africanos para Europa. Com o pretexto de liberdade de expressão esse jornaleco exerce um sádico ato em zombar da morte de centenas de pessoas entre elas mulheres e crianças em condições terríveis em alto-mar. Quando se trata dos 4 chargistas do jornal mortos por radicais islâmicos em janeiro desse ano, houve quase uma obrigatoriedade em nos comovermos e sermos todos ''Je suis Charlie''.

Mas quando 2 mil pessoas foram assassinadas por radicais islâmicos na Nigéria, não houve a mesma repercussão, não teve a mesma comoção. Em março quando houve a queda proposital do avião alemão nos Alpes franceses pelo copiloto onde estavam as charges do Hebdo para fazer escárnio dos mortos?

O que o Charlie Hebdo expõe em forma de desenhos e uma síntese do pensamento dos povos europeus, esses povos que desde que se lançaram em conquistas de colonização estabeleceram uma hierarquização de importâncias de vidas humanas. E o racismo ditando o significado de vidas. No caso as vidas africanas não significam nada para esses racistas sejam eles rudes explícitos ou aqueles que se vestem de democráticos ou progressistas.




KASSAN 25/04/2015
Solidariedade e Justiça Agora!

Em Cavalcante (GO), cidade a 310 km de Brasília e localizada na Chapada dos Veadeiros, surgem denúncias de crime de abusos sexuais é trabalho infantil cometidos contra meninas pertencentes a comunidade quilombola de Kalunga.

O uso de exploração de mão de obra infantil especialmente para atividades domésticas, assim como de relatos de violência sexual não e recente, mas sempre encontrou barreiras para serem investigadas. O motivo dessa negligência e devido que os suspeitos de praticarem os crimes se constituem de pessoas econômica e politicamente influentes da região, que incluem vereadores e ex-vereadores.

A comunidade de remanescentes de escravizados reúne aproximadamente 7.000 moradores. A situação de Kalunga não se diferencia de outras comunidades quilombolas existentes no Brasil, no que se refere à pobreza de seus habitantes, na inexistência de maiores oportunidades de estudo, emprego, acesso a serviços básicos como assistência médica, saneamento básico, soma-se a isso as ameaça e conflitos de terras por grileiros, fazendeiros. Na comunidade de Kalunga todos esses fatores causam um terrível impacto negativo na qualidade de vida de seus habitantes.
Com essas graves condições obrigam as meninas e adolescentes a irem morar em casas de famílias de classe média de Cavalcante, para trabalharem como empregadas em troca de conseguirem pelo menos prosseguirem nos estudos até o ensino médio. Tratam-se de relações de trabalho ilegais, não aparadas por nenhuma proteção trabalhista, onde as garotas são submetidas a longas rotinas, muitas delas sequer são assalariadas, vivem em quartos minúsculos e recebem em troca apenas alimentação. Essas garotas são oriundas de famílias extremamente carentes o que amplia de maneira significativa a vulnerabilidade social, elas ficam expostas á uma variedade de formas de violência sejam físicas, morais, sexuais, psicológicas.

Por iniciativa de Vilmar Souza Costa, presidente da AQK (Associação do Quilombo Kalunga) foram encaminhadas as denúncias para conhecimento da SEPPIR (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial). Como resposta, a Policia Civil goiana realizou a troca do efetivo da delegacia local acusado em agir com morosidade a análise de denúncias anteriores. Foram trazidos investigadores de outras localidades para que sejam conduzidos sem omissão as investigações que venham a comprovar os crimes e responsabilizar seus autores. Já foram abertos noves inquéritos até o presente momento. Um deles inclui o nome do vice-presidente da Câmara Municipal, Jorge Cheim (PSD), 62 anos. Um laudo pericial comprovou o estupro de uma menina Kalunga de 12 anos que residia e trabalhava na casa dele.

Já foi solicitado a prisão preventiva de Cheim pelo delegado responsável pelas investigações, Diogo Luiz Barreira. Jorge Cheim além de vereador por três mandatos, é ex-prefeito de Cavalcante e marido da atual vice-prefeita do município, Maria Celeste Cavalcante Alves (PSD).

O pedido de prisão e o inquérito contra o vereador está sobre responsabilidade da única promotora de Justiça de Cavalcante, Úrsula Catarina Fernandes Siqueira Pinto que ocupa o cargo da comarca do município há 18 anos. Um detalhe que chama atenção e pode comprometer a idoneidade do andamento do inquérito, e o fato de Úrsula ser casada com um primo de Cheim.

No momento vamos aguardar o desenvolvimento dos trabalhos da polícia e esperarmos que haja realmente um devido encaminhamento para realização de justiça e punição para todos os envolvidos, sejam eles autores e cúmplices.
Não podemos permitir que ocorra impunidade em todos esses casos, se preciso for vamos iniciar uma campanha de solidariedade paras meninas de Kalunga, pressionar as autoridades policiais e judiciais.

Máxima Solidariedade para Meninas de Kalunga!
Abaixo Violência contra nossas crianças e juventude! 




































Mais informações


Kassan 22/04/2015
Mumia Abu Jamal, resistência pela vida, resistência pelo povo negro e oprimidos!


Preste a completar 61 anos no próximo dia 21 de abril o estado de saúde do ativista preso Mumia Abu Jamal encontra-se em grave situação. Mumia está internado desde a data 30/03 no Schuylkill Medical Center, um hospital prisional no Estado de Filadélfia, após sofrer uma crise causada pela diabetes. Ele está em coma. Um fato a ser mencionado e que Mumia não tinha conhecimento em ter a doença até a eclosão da crise.

Devido a isso membros de sua família, incluindo sua esposa Wadiya Jamal e organizações que apoiam sua libertação acusam haver tido um comportamento deliberadamente negligente por parte da administração prisional sobre os cuidados da saúde do veterano militante da causa negra. O que colabora com essa acusação e que Mumia havia realizado um exame de sangue para tratar de um problema na pele, através desse simples exame seria possível detectar a doença, contudo foi escondida qualquer informação a respeito dele ser diabético. Essa omissão teve consequência diretas pois Mumia não teve acesso a alimentação nutricional adequada, medicamentos específicos e acompanhamento médico. 

As acusações não cessam apenas nisso, já internado Mumia Abu Jamal esta recebendo um tratamento não compatível para seu crítico estado de saúde que necessita do máximo de cuidados. Para rebater a todas as acusações, Susan McNaughton, porta-voz do Departamento responsável pela tutela das prisões estaduais da Filadélfia, limitou-se a declarar:  "Quando um preso se apresenta nos serviços clínicos com sinais e sintomas de uma doença séria, ele ou ela é adequadamente e imediatamente enviado ao hospital para ser tratado". Inicialmente após sua internação, seus familiares foram proibidos de visitá-los, mas após intensa pressão foi revogado essa proibição. Apesar da fragilidade de sua saúde, Abu Jamal na UTI e mantido algemado a cama e vigiado 24 horas por dois guardas armados.


História de um genuíno revolucionário

Nascido como Wesley Cook no Estado da Filadélfia em 1954, seu envolvimento com a militância política começou aos 14 anos quando passa a integrar o núcleo do Partido dos Panteras Negra naquele estado. Por seu perfil inteligente é por possuir hábil capacidade para comunicação aos 15 anos foi promovido a posição de ''Tenente de Informação'' o que equivalia a ser um jornalista do partido. Ficou responsável pelo trabalho de edição e distribuição do jornal dos Panteras Negras entre as comunidades pobres. Incansável defensor de transformações revolucionárias da sociedade e usando o jornalismo como método de ativismo recebeu o apelido de  ''Voz dos sem voz'' que também era usado para seu programa de rádio.

Desde o surgimento os Panteras Negras sempre priorizaram o trabalho de comunicação, por isso criaram um órgão de imprensa próprio o jornal ''Black Panther'' que era vendido ao modico custo de 25 centavos. O jornal combinava várias notícias para o público, desde informações sobre comunidade local, relatando problemas pontuais como pobreza, racismo, é também realizava denúncias contra violência policial, abuso de poder pelas autoridades, havia espaço para política internacional, editoriais em solidariedade a causa de libertação de outros povos oprimidos. A linha editoral do jornal estava submetida a Eldridge Cleaver, Ministro da Informação do partido. O jornal cumpria a importante tarefa propagandística em expor para as massas populares os objetivos políticos da organização, conforme ditadas por Huey Newton, um dos fundadores do partido e que tinha a posição de Ministro da Defesa.

Pela natureza política revolucionária o Partido Partido Pantera Negra foi considerado a maior ameaça interna a segurança dos Estados Unidos. Eram considerados como ''terroristas domésticos'' de potencial periculosidade o partido se tornou alvo de forte repressão realizada pelo FBI (Federal Bureau of Investigation) sobre a chefatura de John Edgar Hoover.  Como diretor do FBI, J. Edgar Hoover já possuía um histórico em perseguir ativistas negros como Marcus Garvey, Martin Luther King, Malcolm X.

Durante a metade da década de 1970 o Partido dos Panteras Negras estava com sua unidade organizacional comprometida em função de acirradas disputas internas de poder, entre partidários de Huey Newton e os apoiadores de Cleaver.  Muitas dessas brigas entres os membros foram intencionalmente criadas e estimuladas como parte das ações de infiltração, espionagem e sabotagem feita por agentes do FBI. Mumia tentou se posicionar acima das lutas fraccionais, preferindo dar continuidade ao propósito pela qual o partido foi criado, contudo o ambiente hostil entre os integrantes tornou-se insuportável, e ele optou em sair formalmente do partido, contudo não abandonou sua consciência política.

Militante transformado em prisioneiro político

Em 1981 enquanto trabalhava como taxista, Abu Jamal presenciou seu irmão sendo agredido violentamente por policiais brancos durante uma abordagem. Diante da situação decide intervir pela vida do irmão, seguiu-se um tiroteio entre ele e a guarda policial. Mumia foi baleado é o policial branco Daniel Faulkner também alvejado por disparo, vindo a morrer no local. Testemunhas informam a presença de pelo menos dois homens brancos armados que não trajavam uniformes e efetuaram tiros, esses homens fugiram da local do confronto antes da chegada do reforço policial que prendeu Mumia ainda agonizando no chão. Ainda hospitalizado Mumia foi torturado por policiais para confessar que era o assassino de Faulkner.

Seu julgamento foi marcado por um processo com nítidas falhas jurídicas. Há começar pelo advogado designado pelo Estado para Mumia, não se empenhou em elaborar nenhuma consistente tese para defendê-lo, mas as aberrações continuaram, provas forjadas foram inseridas, testemunhas coagidas a alterarem o testemunho para criminalizar Mumia, um júri abertamente reacionário. A promotoria pediu pena capital, sendo aceita pelo juiz. Ficou nítido que sua condenação correspondia a uma retaliação por suas atividades do que realmente pela morte do policial. Foi transformado em um prisioneiro político, cuja execução serviria a mesma tática de atemorização de negros insurgentes antes da abolição da escravidão.

No corredor da morte, logo se iniciou uma turbulenta luta agora por sua vida. Inúmeros recursos foram feitos para anularem a sentença e impedir que fosse executado pelo Estado. Na prisão converteu-se ao Islã e aderiu ao atual nome.

Inconformados com a injustiça, coletivos militantes , entidades democráticas, intelectuais progressistas, ativistas independentes têm levado a cabo uma campanha por sua libertação a ''Free Mumia''. Em 2008 após uma revisão no processo e o reconhecimento de erros sua pena foi convertida para prisão perpetua. Mesmo atrás das grades de aço, a mente de Mumia Abu Jamal permanece conecta a todos os genuínos esforços dos oprimidos e explorados por mudanças. 

O que acontece com Mumia Abu Jamal, não e fato isolado. América racista tem reservado um terrorismo para para negros revolucionários dois destinos: prisão ou morte. Mumia e um prisioneiro político, mas também a ele se juntam na mesma condição: Sundiata Acoli, Mulutu Shakur, Veronza Bowers Jr, Kamau Sadiki, Kojo Bomani Sabbabu e Leonard Peltier um destacado militante da causa dos povos nativos.

Desde já vamos unirmos em uma corrente de pensamentos positivos para Mumia Abu Jamal. Por sua saúde, sua paz de corpo e espírito . Ele que tem sido um valente guerreiro á décadas.


Acessem: http://www.freemumia.com/



Kassan 03/04/2015