Oportunismo de Nicki Minaj sobre Malcolm X
Malcolm X teve sua imagem usada de forma oportunista pela cantora Nicki Minaj. A rapper escolheu uma das lendárias fotos de Malcolm na
qual ele aparece empunhando uma carabina modelo M-1 e olhando para janela, para promover
na internet seu single intitulado ''Lookin
Ass Nigga''. O próprio nome da música é a letra já contradizem tudo o que Malcolm X pregava sobre orgulho e autorespeito. Essa foto histórica, foi publicada na conceituada revista Ebony em 1964, e foi uma maneira que Malcolm usou para dar uma resposta as inúmeras ameaças de morte que estava recebendo após sair da Nação do Islã. Recado de que estava vigilante e que não permitiria que ninguém cometesse algum tipo de mal contra ele ou sua família.
Imediatamente após incluir a foto de Malcolm, surgiram por parte dos defensores e admiradores de Malcolm, reações de repúdio a manipulação e distorção da imagem do líder histórico. Ilyasah Shabazz, terceira filha de Malcolm, também se manifestou contrária ao uso da imagem do pai por Nicki Minaj, em entrevista ao jornal Daily News, declarou:
Imediatamente após incluir a foto de Malcolm, surgiram por parte dos defensores e admiradores de Malcolm, reações de repúdio a manipulação e distorção da imagem do líder histórico. Ilyasah Shabazz, terceira filha de Malcolm, também se manifestou contrária ao uso da imagem do pai por Nicki Minaj, em entrevista ao jornal Daily News, declarou:
''O uso da imagem para promoção do single não retratam a verdade
do legado de Malcolm X, é completamente desrespeitoso, e de modo algum é
endossado por minha família. É a esperança da nossa família que o verdadeiro
legado e o contexto da vida de Malcolm X continuem a ser compartilhado com
pessoas de todas as esferas da vida de uma maneira positiva que ajude a
promover as metas e os ideais pelos qual Malcolm X tão apaixonadamente
defendidas".
Para encerrar a polêmica, Nicki Minaj removeu a foto de
Malcolm de seus perfis em redes sociais e emitiu um pedido formal de desculpas,
alegando que não tinha intenção em desrespeitar o legado de Malcolm X. Porém, o mal já tinha
sido produzido.
Essa atitude estúpida de Nicki Minaj não e algo isolado, a alienação tem feito com que muitos negros norte-americanos obliterem a memória sobre história de seus ancestrais, historicidade composta de dor, sofrimento, mas de luta e resistência. Alguns meses atrás, Russell Simmon, magnata da indústria fonográfica é um dos fundadores da gravadora de rap Def Jam, produziu e postou em seu canal no youtube um vídeo de paródia estilo ''sex tape'' a onde aparecia Harriet Tubman fazendo sexo com um escravocrata branco. Harriet Tubman foi uma mulher negra reconhecida pela bravura e determinação por ter se envolvido diretamente em ações que levaram á liberdade de centenas de escravos no sul dos Estados Unidos, durante o período da guerra civil.
Justamente para evitar o esquecimento histórico o
educador, ativista Carter G. Woodson (1937 - 1950) considerou como sendo um
calcanhar de Aquiles para comunidade afro-americana o fato da mesma não
admirar, conhecer, estudar sua própria história. O sistema educacional
marcadamente racista da época jamais irá conferir valor à história negra, para
evitar esse processo de olvido, Carter criou em 1926 a Semana de História Negra. O objetivo era de promover entre as pessoas o senso de orgulho, identidade e conhecimento da trajetória e acontecimentos que ocorreram com os africanos até a América. Isso tudo foi
feito antes da eclosão em massa do Movimento pelos Direitos Civis algo que
fazia ainda mais uma tarefa importante e necessária. Em 1976 há semana foi expandido para Mês da História Negra. Repetindo o mesmo que disse o ator Morgan
Freeman em uma entrevista, alguns defendem o fim do Mês da História Negra, como
não sendo mais necessário. Acusam até mesmo o mês especial de ser “racista ao
inverso”. A embranquecida Nicki Minaj
influencia milhares de fãs jovens que a imitam ridiculamente, seja em
aparência, seja em comportamento, ela é apenas a ponta de um iceberg, um
espectro apoderou-se da juventude negra que está cada vez mais mentalmente
comprometida a adotar em seguir um estilo de vida niilista, consumista e
leviano.
Outro aspecto que fica evidente nesse episódio como a
música negra foi sequestrada pela indústria fonográfica. Toda autenticidade,
criatividade, vivacidade da musicalidade negra, responsável por gerar
incontáveis talentos fenomenais, foi reduzida para uma música imbecilizante com
linguagem hipersexualizada a onde os interpretes femininos e masculinos têm
como mérito não cantarem bem, mas de terem corpos sarados, salvo algumas
exceções atuais, Nicki Minaj encarna o modelo de artista negro atual, conforme
desejado pelo sistema, ou seja um acéfalo trivial.
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Kassan 26/02/2014
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