Igualdade racial na pena capital?

O reacionário Estado norte-americano volta e meia tem que ''abater'' um racista branco para passar a imagem de que esta ao lado das minorias. Isso para se fazer crer que a lei existente e aplicável para todos sobre todas as formas sem distinção de cor e etnia. Macabra lógica de uma ''Igualdade racial na pena capital''.


Considerações

Passado o período das lutas do movimento por direitos civis ocorreu um crescimento da consciência política da comunidade negra algo inegável. Então dessa forma ações violentas protagonizadas por grupos de ódio são rejeitadas, por uma questão de avaliação de resultados. Infligir com agressões apenas contribuiria para estimular a potencialidade de resistência do Povo Negro, que se desprenderia de sua posição subalterna partindo para um contra-ataque como última instância para garantir sua sobrevivência. Sendo assim o Estado norte-americano teria que arcar com uma indigesta consequência provocada pela violência dos supremacistas brancos, que seria de enfrentar uma comunidade racial radicalizada lutando de todas as formas possíveis para criar alcançar sua libertação. Isso seria guerra civil. Um processo cujo desenvolvimento dialético geraria uma revolução armada contra o racismo é seu sustentador a exploração engendrada pelo capitalismo. Usar a abusar de meios repressivos como forma de bloquear uma insurgência negra generalizada, não seria uma opção sempre viável, dessa forma alguns dirigentes do Estado estadunidense formularam uma estratégia que se se baseou na criação de políticas assistencialistas compensatórias que receberam o nome de ''ações afirmativas''. Migalhas distribuídas a uma parcela minoritária dentro da minoria para servir como uma maquiagem para esconder os mecanismos de funcionamentos do sistema. Conseguindo cooptar lideranças dentro da própria comunidade negra as ''ações afirmativas'' foram "vendidas" como estabilizadoras e garantidoras da criação de uma sociedade étnico-plural com respeito as diversidades. Patranha pura! A burguesia branca continuou a gozar de seus privilégios mesmo se prestando a fazer essas concessões. Isso no melhor estilo: ceder os anéis para não perder os dedos. Isso ao mesmo tempo em que ''semi-criminalizaram'' as organizações dedicadas abertamente a defesa pela supremacia branca e o racismo.


Para mantiver a população negra imersa a essa ilusão democrática de acesso e integração dentro da sociedade era preciso coibir a ocorrência de atos de violência praticados pelos supremacistas brancos em geral. Dessa forma movimentos como a Ku Klux Klan são desacreditados e em partes seus membros reprimidos. Porém afirmando que isso não significa que o Estado usou da mesma força para travar os movimentos racistas brancos daquela desprendida para neutralizar as organizações militantes do nacionalismo negro. Ocorreu um tratamento diferenciado conforme a matriz ideológica, e decorrentemente da periculosidade que a organização e seu quadro representavam efetivamente.

Atualmente há inúmeras milícias de extremistas brancos no território norte-americano. São monitoradas em determinado grau pelo FBI, porém não são desarticuladas. Esses grupos armados servem como uma espécime de reserva de ''freelancers'' que podem ser utilizadas em ''trabalhos sujos'' a onde seria ''constrangedor'' se houvesse a constatação da impressão digital do Estado em eventos que poderiam jogar ao chão a sua faceta pseudo-democrática. Atentado ocorrido em Oklahoma City em 1995 no Edifício Federal Alfred P. Murrah descreve bem esse uso de mão de obra ''freelancer'' empregada. Sobre as organizações negras foi feito uma operação de estrangulamento sumário. Primeiro e feito a identificação dessas organizações como sendo subversivas. Próximo passo a eliminação seletiva de alvos. Militantes mais destacados são presos sobre acusações forjadas ou mortos em operações das forças repressão. Mumia Abu Jamal a mais de 30 anos no corredor da morte, e o extermínio de Fred Hampton em 1969 são páginas que exemplificam o empenho na destruição do movimento de libertação negra pelo poder estatal reacionário estadunidense.


Corte ideológico

O supremacismo branco e essencialmente reacionário, pois nega e rechaçar a igualdade entre os seres humanos, e luta pelo estabelecimento de uma sociedade hierarquizada sobre conceito de classificação de inferioridade racial. Diferente do nacionalismo negro que surge em um contexto da necessidade de organizar todo um segmento populacional secularmente oprimido pelo sujeições culturais, econômicas e políticas de uma classe dominante. A concepção do supremacismo branco estava incluso no planejamento da arquitetura dos Estados Unidos desde seu primeiro momento de conquista de independência. O pensamento originário do nacionalismo negro exige como forma prioritária a capitalização do fator de identidade racial, para um conjunto de ações de solidariedade e apoio mútuo com o objetivo possibilitar a luta pela transformação da realidade.


Caso um

Recentemente o Texas aplicou mais uma sentença de morte para um prisioneiro. Algo habitual naquele estado rancho da família Bush. O executado foi um homem de 44 anos de nome Lawrence Brewer. Em 1998 Lawrence Brewer em companhia de outros dois amigos foram presos pelo assassinato de um homem chamado James Byrd na cidade de Jasper. A natureza motivacional desse crime foi revelada em seguida. Lawrence Brewer e seus dois amigos Shawn Berry e John King Byrd eram integrantes de uma franquia local da Ku Klux Klan.

Em 07 de junho de 1998 Lawrence Brewer estava ao lado de seus companheiros estavam dentro de uma pick-up quando se depararam com James Byrd um homem negro que solicitou uma carona, sem saber os homens eram supremacistas brancos. Os homens permitiram que James Byrd adentra-se no veiculo e prosseguiram o trajeto. De repente o veículo e parado, e os três homens exigem que James Byrd sai do carro, em seguida o que se comete e um ato de selvageria brutal. O trio de Klansmens dominam fisicamente James Byrd e o amarram pelos tornozelos a traseira da pick-up e iniciaram uma corrida arrastando James Byrd por um percurso de mais de uma milha. James Byrd foi tendo seu corpo dilacerado pelo asfalto, ocasionando uma morte sangrenta. Os assassinos em seguida deixaram o corpo de Byrd em frente a um cemitério da comunidade negra. O que se seguiu após o transcorrer do homicídio foi uma revolta dentro da comunidade negra da cidade de Jasper que contou com o apoio de inúmeras organizações de direitos civis e humanos de todas as partes dos Estados Unidos. Pressionados as autoridades policiais rapidamente capturam o trio de assassinos. Antes da ocorrência desse homicídio, já havia sido iniciado a defesa pela promulgação de uma lei de ''Prevenção de Crimes de Ódio'' na época o governador do Texas era George W. Bush que tão pouco se esforçou em aprovar essa lei. Bush pressionado pela opinião pública após o episódio do assassinato de James Byrd modificou sua postura agilizando a aprovação dessa lei. Os três assassinos foram direcionados a um tribunal e receberam as respectivas sentenças. Lawrence Brewer e John King Byrd foram condenados a morte e Shawn Berry foi sentenciado a prisão até o ano de 2038. No mês de setembro Lawrence Brewer recebeu sua injeção letal. John King Byrd esta no corredor da morte esperando a aplicação de sua injeção letal.


Caso dois

O negro Troy Davis foi executado no Estado da Geórgia. O homem em questão Troy Davis ficou preso durante mais de 20 anos, acusado e condenado à morte, num processo judicial completamente questionável devido a acusação de assassinato de um policial chamado Mark MacPhail. A principal prova do crime pelo qual Troy Davis foi acusado, a arma que matou o policial branco, jamais foi localizada e não há existência de qualquer outro registro que comprove sequer a presença Davis no local do crime. Desde a data em que foi sentenciado, em 1991 sete das nove testemunhas de acusação se retrataram em juízo afirmando que receberam investidas intimidatórias por parte da polícia algo que os induziram a fazerem depoimentos para incriminar Troy Davis. Entre as duas testemunhas que não mudaram de opinião, está a do homem Sylvester Coles, justamente a pessoa que denunciou Troy à polícia no dia do assassinato e que foi apontado por algumas testemunhas como o sendo o real autor dos disparos que mataram Mark MacPhail. O caso acabou por gerar repercussões, levantando uma campanha de solidariedade internacional. A Suprema Corte negou a suspender a sentença, sobre a alegação que isso era um caso de jurisprudência da justiça estadual. Por intermédio de declaração do porta-voz da Casa Branca Jay Carney justificou a recusa de Barack Obama de intervir no caso afirmando que não seria policialmente apropriado um presidente se envolver em um caso judicial de nível não federal. Mentira excedente, lembrando que Bill Clinton intercedeu concedendo perdão presidencial a seu irmão Roger Clinton preso por porte de cocaína. Porém o primeiro ''afro-americano'' a assumir a cadeira na Casa Branca preferiu se omitir em relação a um caso envolvendo a vida de outro ''afro-americano''. Por uma ''ironia do destino'' sua execução ocorreu na mesma data do racista Lawrence Brewer em 21 de setembro.

Seria isso uma dádiva da democracia norte-americana esse igualitarismo racial no corredor da morte. Brancos, latinos e negros sendo executados em condição semelhantes. Se alguns ingênuos acreditam que sim isso não importa. Mas a verdade elevasse por si só nessa questão. Não deixando pairar dúvidas sobre a genocida natureza que formou os Estados Unidos.






Kassan 15/10/11

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