Carolina Maria de Jesus é Vanguarda!

Mulher preta, pobre, semialfabetizada, o que uma mulher com essas características poderia almejar ser em uma sociedade racista? No máximo ser empregada doméstica de uma ''boa'' família de brancos ricos, casar, ter filhos e pronto. Uma vida de limites.  

Se uma mesma mulher com essas características desejasse se tornar escritora, poetisa? No Brasil, década de 1960 era algo completamente inadmissível, improvável, impossível.  Apesar de todos os contras possíveis uma mulher com essas características brilhou como uma estrela. Se hoje apesar das limitações, já existem consolidadas escritoras negras, nada disso teria ocorrido se não fosse pelo pioneirismo desempenhado por Carolina Maria de Jesus.


Carolina Maria de Jesus desenvolveu sua obra á base de sua origem de sua vivência. Um ponto de vista próprio, quebrando paradigmas então existentes no universo da literatura brasileira a respeito da representação do africano/negro. Com maturidade e experiência de quem suportou na pele e por causa da pele inúmeras dificuldades, sofrimentos, mas que superou barreiras consideradas intransponíveis, Carolina Maria de Jesus construiu composição literária vanguardista. 

Em 2014 centenário de seu nascimento? Onde está as homenagens, o prestigiamento das feiras literárias, os debates sobre seus livros? Nada disso acontece, por que esse tipo de honraria apenas fica reservada para escritores brancos.


Quando deixamos de reconhecer e não damos o devido laurel da grandeza de Carolina Maria de Jesus, isso nós mata historicamente, quando não fazemos justa deferência, perdemos nossa memória histórica.

Por tudo que fez com toda justeza e possível chamar Carolina Maria de Jesus de primeira-dama da literatura afro-brasileira.



Kassan 21/12/2014

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