Amílcar Cabral, presente!

Amílcar Lopes da Costa Cabral (12 de setembro de 1924 - 20 de janeiro 1973) foi um dos maiores é principais líderes revolucionários da história moderna da África. Comandante da luta de independência, considerado o “Pai da Nação” em Guiné-Bissau. Da mesma forma que ocorreu com outros legítimos africanos revolucionários, Amílcar Cabral foi assassinado no intuito em se derrotar o ímpeto em construir-se uma nação livre, um continente unido. Os neocolonialistas até conseguiram tirar sua vida, mas o povo o reconhece eternamente em memória e honras como herói. 

Amílcar Cabral nasceu em 12 de setembro de 1924 em Bafatá, cidade localizada em Guiné-Bissau, filho de pai cabo-verdiano e mãe guineense. Ainda criança foi alfabetizado, isso o permitiu receber uma bolsa de estudos em 1945 parte para Portugal para estudar agronomia na Universidade de Lisboa. Durante o período de estudante na capital portuguesa, conhece outros alunos oriundos das colônias africanas, dentre eles importantes homens que mais tarde também se tornariam relevantes líderes na luta contra o colonialismo português, como por exemplo, Agostinho Neto que se tornaria presidente de Angola. Cabral junto com esses outros estudantes, fundam um grupo acadêmico de nome Centro de Estudos Africanos. O centro de estudos se consistia em debater questões pertinentes à relação Portugal-África, esses debates foram evoluindo é surgiram entre seus integrantes as primeiras reivindicações para as independências nacionais dos países africanos mantidos sobre o tacão do império colonial ultramarino lusitano. As atividades do grupo eram realizadas com descrição para evitar a repressão da policia política do regime salazarista. Amílcar Cabral se destaca intelectualmente e se torna uma referência na defesa do independentismo.

Em 1950 conclui seus estudos e se forma em engenharia agrônoma e passa a trabalhar na Estação Agronômica de Santarém, Portugal. No ano de 1952 regressa para Guiné-Bissau, para trabalhar como agrônomo, isso o possibilita entrar em contato com trabalhadores rurais pobres. Junto as massa de camponeses inicia um gradual trabalho político, para formar bases para um movimento de libertação. Em 1955 suas atividades foram descobertas, sendo obrigado a sair de Guiné-Bissau, tendo autorização apenas para visitar o país uma única vez ao ano. De Guiné vai Angola, onde continua a trabalhar como agrônomo é estabelece contato com Agostinho Neto e com o recém-criado MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola). Autorizado volta para Guiné-Bissau e para concretizar efetivamente os alicerces para lutar contra o domínio português, Amílcar Cabral ao lado de irmão Luís Cabral e demais companheiros: Aristides Pereira, Júlio de Almeida, Fernando Fortes e Elisée Turpin, cria o Partido Africano da Independência/União dos Povos da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), organização mantida em âmbito clandestino, a plataforma ideológica do partido era socialista, anti-imperialista e defendia o pan-africanismo como pedra angular para garantir a formação de uma comunidade de nações africanas soberanas. Cabral e escolhido Secretário-Geral, posto máximo de liderança no partido é estando nessa posição inicia a busca de apoio internacional para luta de libertação, assume nome de guerra Abel Djassi. Organizar as massas de trabalhadores através de uma concebida metodologia de etapas de conscientização política é preparação militar, foi o trabalho inicial dos militantes do PAIGC, após desenvolver essas etapas de forma consistente, seria lançada a luta frontal contra o colonialismo.

Em 1963 já tendo sido realizado um eficiente trabalho, Amílcar Cabral e o secretariado do PAIGC, emitem uma declaração formal de luta armada contra as autoridades coloniais, após isso ocorrem às primeiras ações armadas na região de Tite. O método usado para combater o exército português, foi à guerrilha. As táticas de “Guerra de Guerrilha” formulada por Che Guevara e comprovadas pelo triunfo da revolução cubana ou a “Guerra Popular Prolongada” teorizada pelo líder chinês Mao Tse-Tung que levou o Partido Comunista ao poder na China, foram tiradas como referências pelo PAIGC.

O conflito armado entre as forças de libertação e o exército português se intensificou com sucessivas batalhas violentas. O exército do PAIGC recebeu ajuda internacionalista da Argélia, Gana, República da Guiné, da OUA (Organização da Unidade Africana) a União Soviética também prestou auxílio, enviando armas para os combatentes, em comparação aos outros movimentos anti-coloniais que os portugueses enfrentaram os guineenses eram os mais bem organizados e treinados de todos, possuíam rígida disciplina e eficiente comando de formulação de estratégias.  Inicialmente as forças portuguesas tinham vantagem pelo uso do poder aéreo, mas essa vantagem seria retirada com a continuidade dos combates e aumento da experiência militar guineense. A capacidade e obstinação combativa dos guerrilheiros pela independência fez com que Guiné-Bissau fosse conhecida como “Vietnã da África”. 


Amílcar Cabral tinha uma especial capacidade em ser um arauto completo na luta de libertação guineense, isso se manifestava por seus discursos eloquentes que transmitiam para as massas populares, a convicção e conhecimentos suficientes para essa tarefa histórica, suas analises, reflexões abordavam todas as esferas pertinentes ao processo de libertação como cultura, diplomacia, economia, guerra. Como parte dos esforços para minar a estrutura organizacional do PAIGC, Portugal tinha tentado capturá-lo durante vários anos. Após tentativas fracassadas para neutralizá-lo, os portugueses alteraram sua forma de ação, buscaram encontrar camarilhas divergentes no PAIGC que pudessem agir como agentes infiltrados, traindo e eliminando Cabral. Coube a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), organização do governo português especializada em repressão política, corromper e recrutar indivíduos que colocassem em prática o assassinato do Secretário-Geral do PAIGC.

O próprio Amílcar já vaticinava sobre a questão de traição dentro das próprias fileiras do partido, a ponto de declarar: "Se alguém me há de fazer mal, é quem está aqui entre nós. Ninguém mais pode estragar o PAIGC, só nós próprios." Na data de 20 de janeiro de 1973, dois traidores orientados pelo PIDE, deflagram o atentado sobre Amílcar Cabral em Conacri, capital da República da Guiné. Após seu assassinato, Aristides Pereira assume o cargo de dirigente do PAIGC. Os combates prosseguem por mais meses seguintes, em 25 de abril de 1974 o governo autoritário de Portugal e deposto por próprios militares portugueses na chamada Revolução dos Cravos, o novo governo que surge declara cessar-fogo e reconhece a independência completa de Guiné-Bissau através da assinatura de um acordo em 26 de setembro de 1974 em Argel, capital da Argélia. O PAIGC se torna o partido governante à frente do Estado independente. O arquipélago de Cabo Verde obtém sua independência em 5 de julho de 1975.

Amílcar Cabral tinha uma visão muito abrangente que se estendia para além de Guiné-Bissau e Cabo Verde, em seu pensamento havia uma síntese pan-africana. Sua visão política considerava que o continente africano dirigido por governos revolucionários e populares seria capaz de alterar substancialmente as relações de poder no planeta. África com todos seus países seria a força imprescindível na derrota mundial do imperialismo. Dirigente popular, comandante-em-chefe, intelectual teórico, isso eram requisitos que faziam de Amílcar Cabral ser um inimigo odiado pelo neocolonialismo e amado por africanos de todas as nacionalidades. Mesmo a morte não foi o suficiente para apagá-lo da história, seu nome esta merecidamente presente no panteão de grandes líderes africanos do século XX.





Kassan 20/01/2014

Nenhum comentário: