AGOSTINHO NETO "O CHORO DE ÁFRICA".



"O CHORO DURANTE SÉCULOS
NOS SEUS OLHOS TRAIDORES PELA SERVIDÃO DOS HOMENS
NO DESEJO ALIMENTADO ENTRE AMBIÇÕES DE LUFADAS ROMÂNTICAS
NOS BATUQUES CHORO DE ÁFRICA
NOS SORRISOS CHORO DE ÁFRICA
NOS SARCASMOS NO TRABALHO CHORO DE ÁFRICA

SEMPRE O CHORO MESMO NA VOSSA ALEGRIA IMORTAL
MEU IRMÃO NGUXI E AMIGO MUSSUNDA
NO CÍRCULO DAS VIOLÊNCIAS
MESMO NA MAGIA PODEROSA DA TERRA
E DA VIDA JORRANTE DAS FONTES E DE TODA A PARTE E DE TODAS AS ALMAS
E DAS HEMORRAGIAS DOS RITMOS DAS FERIDAS DE ÁFRICA

E MESMO NA MORTE DO SANGUE AO CONTATO COM O CHÃO
MESMO NO FLORIR AROMATIZADO DA FLORESTA
MESMO NA FOLHA
NO FRUTO
NA AGILIDADE DA ZEBRA
NA SECURA DO DESERTO
NA HARMONIA DAS CORRENTES OU NO SOSSEGO DOS LAGOS
MESMO NA BELEZA DO TRABALHO CONSTRUTIVO DOS HOMENS

O CHORO DE SÉCULOS
INVENTADO NA SERVIDÃO
EM HISTORIAS DE DRAMAS NEGROS ALMAS BRANCAS PREGUIÇAS
E ESPÍRITOS INFANTIS DE ÁFRICA
AS MENTIRAS CHOROS VERDADEIROS NAS SUAS BOCAS

O CHORO DE SÉCULOS
ONDE A VERDADE VIOLENTADA SE ESTIOLA NO CIRCULO DE FERRO
DA DESONESTA FORCA
SACRIFICADORA DOS CORPOS CADAVERIZADOS
INIMIGA DA VIDA

FECHADA EM ESTREITOS CÉREBROS DE MAQUINAS DE CONTAR
NA VIOLÊNCIA
NA VIOLÊNCIA
NA VIOLÊNCIA

O CHORO DE ÁFRICA E' UM SINTOMA

NOS TEMOS EM NOSSAS MÃOS OUTRAS VIDAS E ALEGRIAS
DESMENTIDAS NOS LAMENTOS FALSOS DE SUAS BOCAS - POR NÓS!
E AMOR
E OS OLHOS SECOS."


Com toda a certeza e inegável que as comunidades pobres do Rio de Janeiro se converteram em imensos laboratórios a onde o Estado reacionário aplica inúmeras políticas de repressão a onde a população trabalhadora essencialmente negra e feita de cobaia. Agindo a rigor de uma brutalidade fascista, sucessivos governantes tem implementado, o terror trazendo desespero e morte com o pretexto de segurança. A base justificadora dessa intensa ofensiva armada, contra o povo e a mesma : O combate ao crime organizado. Formam-se batalhões de “elite” com esta missão. São assassinos que pelos monopólios de comunicação viram heróis salvadores. Os homens de preto agem como tropas de ocupação, identificado todos os moradores das favelas e morros como potenciais inimigos a serem esmagados e eliminados.


Tudo e feito de maneira a prover o maior impacto psicológico possível. Destruir as perspectivas das pessoas, na melhoria das condições de vida, torná-las refém do poder do fuzil, acabar com sonhos e ter uma massa de indivíduos desnorteados fáceis de serem controlados.


Os jogos Pan-americanos deram uma legitimidade ao uso da força letal contra o povo. Agora com a futura realização da Copa do mundo de futebol e das Olimpíadas abre-se uma senha para o aumento da escalada da militarização no RJ. Com as chamadas UPP (Unidades Policiais Pacificadoras) O Estado apodrecido pode prover repressão aos pobres durante 24 horas por dia. Como tudo não pode ser feito apenas com a utilização da violência, o Estado repressor tem que aliciar habitantes das próprias favelas, para conseguir ganhar camuflar sua natureza facínora. E nesses momentos que entram em cena organizações de lacaios submissos tais como Afro-reggae e CUFA.


A opressão chega a níveis insustentáveis, e mesmo diante a isso existem aqueles que desejam romantizá-la, fazer poesia com a desgraça e sorrir contente para futuro extermínio. O que o Rio de Janeiro precisa e de uma revolução popular democrática feita pelo povo e para o povo. E preciso expurga todos os partidos e velhas lideranças responsáveis pelo derramamento de sangue. A eleição não muda absolutamente nada, e apenas um jogo de cartas marcadas. O grande sonho deve ser a construção de um Poder Popular.





Imagens que representam bem o significado da crescente marcha contra o povo.
























Negra bonita

Negra bonita de vestido azul e branco
Sentada num banco de segunda de trem
Negra bonita o que é que você tem?
Com a cara tão triste não sorri pra ninguém?

Negra bonita
É seu amor que não veio
Quem sabe se ainda vem
Quem sabe perdeu o trem
Negra bonita não fique triste não
Se seu amor não vier
Quem sabe se outro vem
Quando se perde um amor
Logo se encontra cem
Você uma negra bonita
Logo encontra outro bem.

Quem sabe se eu sirvo
Para ser o seu amor
Salvo se você não gosta
De gente da sua cor
Mas se gosta eu sou o tal
Que não perde pra ninguém
Sou o tipo ideal
Pra quem ficou sem o bem...


(Solano Trindade)




Politicamente incorreto ou cinicamente político?

E infinito os esforços que a classe dominante promove para converter a sangrenta história brasileira, em uma versão de ponto de vista único. Invasões, escravidão, massacres, pilhagem tem seus efeitos e sentidos modificados, de maneira que se crie um senso de aceitável sobre as mais terríveis brutalidades cometidas ao longo da história do Brasil. Pelos olhos e palavras dos reacionários tudo e transformado, prevalecendo um totalitarismo histórico. Grandes heróis do povo são atacados, na tentativa de desmoralizá-los e reduzir suas importâncias. Momentos de confrontos e lutas do povo, contra a elite se tornam simples reboliços rebeldes. Abomináveis passagens históricas de assassinatos, carnificina viram situações compreensíveis.


Demonstrando uma ranzinza sem precedentes supostos “intelectuais” e “estudiosos” formam extensas teses, para descaracterizar ao máximo possível, a heroicidade do povo e santificar as atrocidades dos opressores. O objetivo dessa ofensiva reacionária e bastante clara, impedir que os segmentos oprimidos da sociedade sejam capazes de criar suas próprias interpretações da histórica conforme, suas faculdades de analise. Contando com suporte de seus meios de comunicação, a elite racista financia qualquer individuo, que se preste a seguir a risca suas ordens. Existem alguns exemplos bem conhecidos: Ali Kamel, Demetrio Magnoli agora o novo destacado “escriba” auto-denominado “politicamente incorreto” e o jornalista Leonardo Narloch que tem sem seu currículo, trabalhos em revistas da editora Abril como a super-interessante (que não tem nada de interessante diga-se de passagem) Aventuras na História ( Uma monótona publicação feita para agradar o publico nerd) e para finalizar também foi repórter da revista Veja ( Publicação esta que dispensa comentários).

Partindo do princípio de estar na contramão da versão historiográfica nacional esse tal de Leonardo Narloch, lançou o livro: Guia politicamente incorreto da historia do Brasil. Que tem como objetivo revelar a “verdades” sobre fatos da história. Informações que incluem: Zumbi tinha escravos, a feijoada foi criada na Europa entre outras perolas. Como todo bom, serviçal dos poderosos seu livro foi projetado, se tornando um sucesso de vendas.



Vejamos um pouco da incrível “lucidez” desse novo Varnhagem.


Analisemos: O entrevistador não consegue conter sua Peçanha, e logo emiti seu pensamento de forma direta, que a história dos negros o incomoda, e que a escravidão foi inventada na áfrica. Dessa maneira se compreende bem a tentativa se de minimizar e fazer com que seja criado um repartimento da responsabilidade da monstruosidade da escravidão dos povos africanos. Omiti se que a estrutura do nefasto comércio escravista foi instituída pelos Europeus.


Analisemos novamente: Outra perola da entrevista no momento em que Narloch fala sobre a “verdadeira” história de Zumbi. Como ele e pego em contradição, em primeiro lugar ele afirmar: A onde se sabe muito pouco sobre Zumbi, e que sua personalidade e resultado de manipulações de historiadores marxistas. Se as informações sobre Zumbi são escassas, da onde veio a fonte de Leonardo para confirmar que Zumbi tinha escravos? Perceba-se o maniqueísmo inescrupuloso do jornalista os argumentos apresentados, por outros estudiosos são considerados romantizados e não realistas já suas explicações são completamente abalizadas. Seguindo essa mesma linha, afirma-se que Palmares era uma espécime de reino a onde Zumbi e Ganga Zumba eram idolatrados, afirmação esta feita por um suposto relato de um soldado holandês que lutou contra os quilombolas, mais a onde esta a comprovação da existência desse soldados holandês? Para se afirmar com veemência deve-se existir um prova, para que seja feita a veracidade do relato.


Outro vídeo a onde o revelador Leonardo Narloch nos exibe, juntamente com o historiador Marco Antonio Vila todo o teor reacionário de suas teses. Tudo parte do principio de uma doutrinação ideológica se tendência de esquerda. O valoroso reconhecimento que alguns personagens históricos adquiriram são produtos de uma mitificação. Os livros distribuídos nas escolas públicas estão carregados de interpretações de pesquisadores que imprimem suas visões políticas.



Uma questão tocante nessa entrevista, e a falta de sensibilidade tanto da entrevistadora, como dos entrevistados. Primeiro lugar Leonardo Narloch diz que seu livro não e um resultado de um estudo sério, e sim um material feito para provocar irritação em outras pessoas.

E sobre sua explicação sobre os povos indígenas. Leonardo diz: Apesar das matanças extensas, e a contaminação por doenças, os índios saíram no “lucro” por que com o contato com o homem branco. O progresso na agricultura que se tornou extensiva, bem isso e uma verdade, antes da chegada dos portugueses não existiam latifúndios é não havia concentração de terras como propriedades de poucos indivíduos, em decorrência disso se não existia a pobreza no campo. A produção agrícola feita pelos indígenas era suficiente para nutrir suas necessidades, então por que modificá-la? Outros “lucros” que os índios tiveram com o homem branco doenças, banana, cachorro e ferramentas. Ou seja, a grande dádiva que os brancos deram aos índios foi a possibilidades deles morrerem por doenças que antes não os afetavam, a possibilidade de comerem bananas, e terem cachorros como animais de estimação.




E sobre a escravidão. As explicações dadas por Marcos Antonio, a escravidão foi feita pelo consentimento dos próprios escravizados. Palmares e apenas uma representação idealista de um sonho romântico, se o Quilombo de palmares fosse apenas uma simplória aglomeração de negros, como foi possível o fato que esta comunidade resistiu por um século as investidas armadas dos colonizadores? A verdade e que os Quilombos representaram a luta dos negros contra o regime escravocrata, a negação ao julgo opressor. Quilombos significaram uma ruptura com o modelo de exploração, e foram mais do que parcas estruturas sociais criadas por negros fugidos.

E sobre Aleijadinho não se pode aceitar que um não-branco consiga ser capaz de fazer uma arte exuberante. Tudo deve ser atacado. Todos sabem que a ditadura militar foi uma gerência anticomunista. Para estes “historiadores imparciais” aAqueles que lutaram contra os militares, foram criminosos que lutavam pela instituição de uma nova ditadura a ditadura do proletariado. A luta armada revolucionária e distorcida, a opinião de Marco Antonio sobre a guerrilha do Araguaia: Em primeiro os guerrilheiros não tinham armas. Em segundo lugar os únicos mortos foram apenas 3 camponeses e dois militares. Houve apenas dois combates, entre os dois lados. Usando-se de uma patranha, Marco Antonio deseja impor o relativismo. Bem os guerrilheiros que estavam no Araguaia, não possuíam extensos recursos, mais conseguiam erguer uma unidade que aos poucos, era fortalecida junto a população local. Outra mentira dizer que se fez, apenas dois enfrentamentos o exército promoveu a maior mobilizações interna de soldados da história do Brasil, superada apenas pela ofensiva contra Canudos. Na guerrilha do Araguaia morreram muito mais do que 5 pessoas, as forças armadas realizaram execuções sumárias de militantes e de camponeses que ajudam na luta, ocultação de corpos é torturas sistemáticas foram cometidos. O comandante Osvaldão morto sem direito a defesa.




O samba foi uma música com rebuscamento europeu. Não de pode creditar aos negros, o dom de fazerem algo sem que exista, um auxilio ou ponta de influência européia. Os brancos são sempre os professores que fornecem conhecimento.


Percebe-se muito bem uma conclusão básica sobre esta questão. A elite e seus pensadores financiados, não desejam que o povo conheça e faça sua própria história. Apóiam-se em um revisionismo rasteiro, sem consistência para emplacar apenas a versão que lhe interessa. A base para esses ataques e o mixuruca pretexto de uma fortíssima ideologização educacional de cunho socialista. A classe media conversadora, se deleita em ser defendida, em todas as partes, ignora tudo que seja contrária a ela.


Façamos um raciocínio rápido, que deixa na bancarrota o argumento predileto dos revisionistas de araque. O Estado que nos governa e uma estrutura fundamentalmente feita para manter a hegemonia de determinados grupos na sociedade, pois ele existe, protege e serve os interesses da classe dominante, portanto tudo que este mesmo Estado realizar, será para preservar o status quo sendo assim e impensável imaginar que o Estado forneça conhecimento as classes populares através do ensino dito publico versões de histórias que coloquem o povo em luta contra a elite.


A educação dada nas escolas e um formidável instrumento de alienação, estudos estagnados que não estimulam alunos e professores. Muito acreditam e dizem que o futuro do Brasil esta na educação. Mais sinceramente em um país regido, por um sistema de dominação quem ou o que daria este passaporte para uma nova era? Chamado educação. Indiferente das tentativas de elite em apagar a historia e reduzi-la a relativos fatos, sem importância e preciso saber continuar construindo e fortalecendo a visão histórica que nos representa. Viva a real historia de luta do povo.

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Com um exímio talento escreveu versos que produzem incríveis sensações. Ao invés de permanecer inato, preferiu usar sua capacidade, para denunciar a escravidão. Castro Alves um dos mais importantes poetas da história do Brasil. Com a arte de opôs a violência do regime escravista. Seu mais emblemático poema. Navio Negreiro. Um relato comovente sobre os terrores que os africanos tiveram que submeter, para serem usados como mão de obra.


Navio Negreiro :

'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço

Brinca o luar — dourada borboleta;

E as vagas após ele correm... cansam

Como turba de infantes inquieta.


'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...


'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...


'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...


Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.


Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!


Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!


Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!


Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia,
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................


Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!


Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.



II

Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.


Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!


O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!


Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu!...



III

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!



IV

Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...


Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!


E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...


Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!


No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."


E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...


V

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!


Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...


São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão...


São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.


Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
...Adeus, ó choça do monte,
...Adeus, palmeiras da fonte!...
...Adeus, amores... adeus!...


Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.


Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...


Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...


Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...



VI

Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!






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Saudações a todos os Pais

Junto as nossas mães, eles são aqueles que estão ao nosso lado nos momentos inicias de nossa vida neste mundo. Derramam lagrimas ao nos verem. Eles nos dão amor, carinho é proteção. Suas mãos nos auxiliam, nos primeiros passos. Escuta com atenção as nossas primeiras palavras. Não somos apenas a extensão física ou genética deles, carregamos dentro de nos um fragmento de seu espírito. A voz educadora e terna, que ensina o que e certo e errado.




Assisti nosso crescimento, nos transmitindo conhecimento, valores e virtudes. Sacrificam-se ao máximo para nos dar o melhor. Sempre desejam nosso progresso. Constituem nossas referências na infância. Sem eles a vida seria difícil e árdua.



Infelizmente existem, alguns que não assumem o compromisso, e não manifestam amor. E também há aqueles que não reconhecem, o extenso amor que eles nos dedicam livremente. São eles os principais homens que passam por nossas vidas. Do qual sempre levaremos em nossos corações.




Orgulho ao verdadeiro pai. O trabalhador que se submete as mais espoliantes explorações para, que não nos falte o alimento, de cada dia. O pai zeloso que impede que a ameaça, dessa sociedade hostil nos faça mal. Como escudos nos protegem, de sermos atingidos pelo racismo. E mesmo com o capitalismo, impelindo milhares de famílias ao bolsão da miséria, o pai este guerreiro permanece como uma rocha.






Em tempos a onde as ideologias facínoras como o feminismo almeja destruir tudo que a significa família distorcendo sentidos, vários lideres negros mostraram o valor da paternidade. Malcolm X foi um pai afetivo é carinhoso com suas filhas, Martin Luther King o pai educador que instruiu seus filhos o caminho da paz.







Saudações a todos os valorosos pais, que não abandonam suas crias, mesmo nas situações extremas de adversidades. Digo muito obrigado a meu pai, e a todos os pais que resistem.



O Haiti seis meses depois


O terremoto que devastou o Haiti há seis meses foi uma oportunidade para os opressores destilarem a demagogia de sempre, prometendo comida, trabalho e um país novinho em folha enquanto agenciavam, junto à gerência títere de Porto Príncipe, contratos vultosos para transnacionais que se alimentam da morte, como os abutres e as larvas. Os demagogos se foram, as empresas estrangeiras chegaram, e hoje a falta de comida ainda é uma realidade para a maioria dos haitianos, o que prova que os programas "Comida por Trabalho" e "Trabalho por Dinheiro", criados pela ONU sob a "consultoria" do ex-chefe imperialista Bill Clinton, não tinham outro objetivo senão facilitar a exploração dos trabalhadores locais pelas empreiteiras estrangeiras às quais foi entregue o lucrativo trabalho de "reconstrução" do país. Dos 1,5 milhão de haitianos que perderam suas casas, apenas 28 mil já conseguiram outro teto para morar. Centenas de famílias vivem ao relento à beira de vias movimentadas, comendo poeira e respirando fumaça. Nos acampamentos gerenciados por Ongs estrangeiras, jovens meninas são obrigadas a se prostituir em troca de ter o que comer, em uma versão ainda mais infame, mas com a mesma lógica, do programa escravocrata idealizado por Clinton para o Haiti.














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Liberdade para Mumia Abu-Jamal


A campanha pela vida do jornalista Mumia Abu-Jamal foi reforçada no dia 20 de julho último com um ato político no Reino Unido realizada no Centro de Educação Karibu, em Brixton, Londres.


Segundo diretores do Centro Karibu, Mumia é um exemplo mundial da luta pela justiça e pelos direitos humanos.O ato, marcado por um debate, foi aberto pelo ator William Francome. O ator, que nasceu no dia da prisão de Abu-Jamal, estrelou o documentário "Na prisão, minha vida inteira", que narra o processo desde a prisão de Mumia, em um esforço para expor a verdade sobre a Justiça no USA para os ativistas negros.


VOZ DOS SEM VOZ


Abu-Jamal, conhecido como "a voz dos sem voz" por sua incansável militância e luta em defesa dos direitos dos povos, particularmente dos negros e trabalhadores dos bairros pobres no USA, foi preso na madrugada de 09 de dezembro de 1981, na Filadélfia, acusado de ter matado um policial branco. Julgado em 1982 e condenado à pena de morte. Seu processo foi marcado pelo racismo, um juiz intolerante e preconceituoso, e devido ao fato do réu não ter condições de pagar, por uma representação legal inepta.

Abu-Jamal enfrenta há quase três décadas o corredor da morte ianque. No cárcere, ele prossegue combatendo. Seus escritos semanais e comentários transmitidos pelo rádio diretamente da prisão alcançam pessoas em muitos países.

A equipe de defensores de Mumia está empenhada em processos fundamentais no Tribunal de Apelações para o Terceiro Circuito, na Filadélfia. O que está em jogo é se Mumia será executado ou se lhe será concedido um novo julgamento sobre a questão da pena de morte e a petição inicial foi submetida ao Tribunal de Apelações, em 28 de julho de 2010.