Revolução Farroupilha – Massacre de Porongos.
Gaúchos encerram na data (20/09) as comemorações a cerca da Revolução Farroupilha. Como já habitualmente feito a anos na capital do Estado, foi erguido o Acampamento Farroupilha que reuniu centenas de pessoas para a celebração da conclamação da República Rio-Grandense. Centenas de famílias movidas pelo sentimento tradicionalista compareceram ao local. Todos os presentes se apresentando com Pilcha tentando reproduzir ao máximo possível os padrões de vida nas estâncias. Com direito a churrasco de chão e muito chimarrão os gaúchos tradicionalistas seguiram com os festejos já oficiais no calendário do estado.
Apesar do mau tempo provocado pela chuva, o encerramento oficial da Semana Farroupilha de Porto Alegre ocorreu conforme planejado a partir das 16h30min, com a saída da comitiva de cavalarianos do acampamento que desfilaram pelas ruas da capital passando por pontos como a Assembléia Legislativa é a prefeitura para que em seguida chegasse até aos monumento históricos dedicados a Bento Gonçalves maior líder farroupilha localizado na avenida João Pessoa, seguindo depois para o monumento dedicado aos Maçons, na ponte da Azenha.
Uma revoilusão! E um massacre ocultado.
Capitaneado pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho é pelo apoio por parte do Estado transcorreu o as celebrações sobre o ''heróico'' levante do povo gaúcho contra o regime monárquico despótico. A empulhação típica prevaleceu e deu tom a toda comemoração.
O movimento que veio a se torna Revolução Farroupilha e a consequentemente ocasionando a declaração da República Rio-Grandense partiu por parte dos estancieiros. Os estancieiros entraram em contenda contra a elite imperial por discordâncias pela questão da cobrança de imposto sobre o charque algo prejudicial para seus negócios pois estavam a disputar mercado com o charque uruguaio e argentino. Nem todo estancieiros eram detentor de uma grande propriedade rural, porém os principais líderes da insurgência eram estancieiros influentes que compunham a oligarquia que dominava a então província do Rio Grande do Sul. Como comandante do movimento foi escolhido Bento Gonçalves um militar condecorado por sua participação nas campanhas contra a emancipação da Cisplatina que após se tornaria a República Oriental do Uruguai. Inicialmente o levante não possui o aspecto separatista. As lutas duraram pelo período de uma década de 1835 a 1845.
Revolução que não trazia libertação!
Havia defensores da abolição da escravatura dentre os líderes da revolução como, Joaquim Teixeira Nunes. Porém a questão da abolição da escravatura não era um aspecto compartilhado por todos. Bento Gonçalves por sua vez planejava a libertação dos negros escravizados. As estâncias necessitam substancialmente do trabalho escravo. Então os farroupilhas não estavam imbuídos em alterar as estruturas de poder profundamente e sim em realizar determinados ajustes. A classe dominante composta pelos brancos teria seu domínio garantido em qualquer circunstância.
A participação da população negra foi incluída na luta pela República Rio-Grandense através da criação do Corpo dos Lanceiros Negros que era composto tanto por negros livres como por libertos. Esse destacamento possuía 8 companhias de 51 homens cada. As tropas dos Lanceiros Negros serviram na linha de frente de violentas batalhas, algo que ocasionava um alto número de baixas. Isso não foi algo que incomodasse o comando militar Farroupilha que menosprezava a vida dos soldados negros colocados justamente para cumprir essas missões.
Massacre sangrento!
Em 1844 as forças imperiais eram lideradas por comandadas pelo Barão de Caxias Luís Alves de Lima e Silva que anos a frente se tornaria o Duque de Caxias. Sem a possibilidade de vitória os farroupilha já iniciavam as negociações para o armistício. As hostilidades já estavam cessando assim como os grandes combates. Utilizando-se dessa aparente situação de pacificação o general farrapo David Canabarro, comanda os lanceiros negros até a localidade de arroio Porongos. Já situados no local, os lanceiros passam a descansar, e nesse momento de guarda-baixa os lanceiros são surpreendidos e cercados por soldados do exército imperial, que rapidamente deflagram um ataque fulminante que não permitiu aos negros possibilidade de defesa. O que se procede em seguida é uma chacina com execuções sumárias feita a base de balas e baionetas. O arranjo desse massacre foi previamente feito entre David Canabarro e Francisco Pedro de Abreu, conhecido por Moringue um dos comandantes da forças imperiais, que foi instruído pelo Barão de Caxias a proceder com o massacre.
O motivo para a realização dessa carnificina foi pelo fato de haver o temor de que após o encerramento oficial da revolução o grupo dos lanceiros negros que com experiência de luta pudesse exigir reivindicações amplas como a emancipação de todos os escravos. Para evitar a ocorrência dessa ameaça em algo concreto, havia a necessidade então de promover o extermínio físico dos próprios lanceiros em que tanto contribuíram com sangue para causa farroupilha. Sem escrúpulos o general David Canabarro armou a armadilha que levou o Corpo dos Lanceiros Negros ao aniquilamento. Canabarro negou até o final de sua vida que tenha participado da arquitetado do massacre, afirmando que foram acusações falsas com o objetivo difamação.
Nas comemorações oficiais sobre a Revolução existe um silêncio sepulcral a respeito do massacre de Porongos. Não o sendo dado o merecido reconhecimento de sua brutalidade, como um dos mais violentos capítulos da história que abrange o período Farroupilha. Inclusive até mesmo de quem poderia se esperar alguma palavra sobre esse fato, não se ouviu ou viu absolutamente nada no caso o Senador Paulo Paim (PT) que no congresso nacional se apresenta como defensor da causa “afro-descendentes” se restringiu a elogiar os feitos da "epopéia farroupilha" que a sua avaliação representou o desejo de um ideal republicano contra o poder centralizador e escravista do Império.
Aqui vós dizeis irmãos. Não permitimos que nossa história enquanto povo seja alterada, distorcida ou sublimada por escusos interesses. Estejamos cientes dos fatos ocorridos, para melhor compreender o presente e o futuro.
Kassan 20/09/2011
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