Na data de 21 de março de 1960, a cidade sul-africana de Sharpeville, na província de Transvall, atualmente Gauteng, presenciou o assassinato de 69 civis negros pelas forças policiais do regime apartheid. No entanto, afirmações colocam um número maior de mortos. 

Em pleno regime segregacionista, manifestantes especialmente compostos por estudantes, decidiram sair em marcha pelas ruas de Sharpeville, para protestarem contra as políticas racistas, como a lei do uso obrigatório de passe, algo que restringia o direito de ir e vim da população não-branca. A população foi aderindo a manifestação que tinha caráter pacífico, se sentindo acuada pela multidão, a polícia para fazer dispersão, iniciou disparos contra as pessoas, uso de cacetes, espancamentos. Pânico se espalhou pelas ruas, policiais atirando, uso de cacetes, espancamentos. A contagem oficial de mortos foi de 69 mortos, 200 feridos. Conforme pessoas que testemunharam a barbárie, afirmam que o número de feridos e mortos foi maior do que o divulgado. Na época o Primeiro-ministro sul-africano, Hendrik Verwoerd, um racista convicto, responsabilizou os participantes da manifestação pela carnificina. 

A consequência direta do massacre em Sharpeville demonstrou ser impossível, dialogar ou aguardar uma saída pacífica com o apartheid. Organizações como o CNA (Congresso Nacional Africano) liderado por Nelson Mandela, decide pela formação do grupo guerrilheiro Umkhonto we Sizwe (Lança da Nação) conhecido pela sigla MK. Os integrantes do grupo realizaram várias operações armadas contra alvos do apartheid. 

Em 1969 a ONU declarou a data de 21 de março como Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. 






Kassan 21/03/2017


Batalha de Adwa — Vitória da nação Etíope sobre o imperialismo Italiano 

Batalha de Adwa ocorreu entre os dias 1 e 2 de março de 1896, opondo de um lado o exército etíope sob o comando do imperador Menelik II contra as força de invasão italiana. A exemplo do que outros países europeus, os italianos dirigiam esforços na África com intuito em dominar territórios para colonizar, os italianos escolheram a Etiópia para lançarem sua empreitada colonialista. Porém, seus planos foram frustrados dada a obstinada resistência militar que o país da África impôs.


Governados pelo imperador Menelik II, os etíopes conseguiram bloquear o avanço italiano em uma batalha definitiva travada na região ao norte da Etiópia, de nome Adwa. A vitória nessa batalha assegurou o direito da Etiópia em se legitimar como Estado-nação independente. A Etiópia junto com a Libéria país formado a partir do regresso de escravizados vindo dos Estados Unidos, foram os únicos países africanos a não serem submetidos a designação de colônia de algum país europeu. 

Kassan 02/03/2017


 Nascimento de Nina Simone 

Grande diva do Jazz, uma das mais belas vozes da música no século XX. Nascida em 21 de fevereiro de 1933, Nina Simone era nome artístico, seu nome de original era Eunice Kathleen Waymon.

A cantora não ficou indiferente a situação de opressão, violência, pobreza que era submetido o Povo Preto nos EUA. Com genialidade soube combinar perfeita união entre talento artístico com consciência política.  Em seu repertório, incluiu várias músicas de protesto, como Mississippi Goddamn, em que relembrava o assassinato do ativista pelos direitos civis Medgar Evers, e das quatro crianças negras que foram mortas em um ataque do Ku Klux Klan a uma igreja em Birmingham. Nina Simone também regravou de outra diva do Jazz, Billie Holiday, a canção Strange Fruit, que abordava o horror dos linchamentos sofrido por negros no Sul dos Estados Unidos.


Como contemporânea, Nina se aproximou muito das idéias radicais de Malcolm X. Ela acreditava em autodefesa armada, direito a autodeterminação. Nina Simone era explosão de vanguardista, visionária, uma mulher á frente de seu tempo, é que permanece em nosso tempo graça ao seu talento magnífico.



Kassan 21/02/2017



Malcolm X, guerreiro de todo os tempos! 

Em 21 de fevereiro de 1965, Malcolm X era brutalmente assassinato no salão de baile do Audubon Ballroom, localizado no emblemático bairro do Harlem, NY. Morto sem direito a defesa em frente a sua esposa, filhas e apoiadores. Assim se encerrava uma vida dedicada para nobre luta por justiça para seu povo.

A morte física desse mártir, guerreiro pela liberdade, não eliminou o que ele de melhor fez, se soubermos entender que nunca o sangue derramado por justiça prova ser em vão, quando ele rega a novas sementes guerreiras para o futuro. O legado de Malcolm X e como chama que permanece incandescente no coração de todos aqueles identificados pela nobreza da causa maior de autodeterminação, independência, liberdade, paz.

Ter sido assassinado não fez de dele um perdedor derrotado pelas forças inimigas, mas demonstra que ele era fidedigno ao seu compromisso de luta, isso porque quando os algozes, parasitas desse sistema racista não podem controlar, corromper, silenciar, as melhores mentes pensantes do Povo Preto, o único meio possível que eles têm para recorrer é a difamação, violência, ao cautério do ódio.

O próprio Malcolm X já salientava sobre o caráter de sua missão:

''As únicas pessoas que realmente mudaram a história foram as que mudaram o pensamento dos homens a respeito de si mesmos." — Por isso devemos afirmar Glórias Eterna Malcolm X.



Kassan 21/02/2016

REVOLTA DOS MALÊS: LEVANTE DE GUERREIROS ISLÂMICOS NO BRASIL 

Há 182 anos a cidade de Salvador, era palco de uma insurreição protagonizada por africanos de fé islâmica. Que ficaria conhecida como Revolta dos Malês. 

A palavra “malê” ou “imalê” provém de origem ioruba, sendo usado para designar muçulmano. Os primeiros muçulmanos no Brasil foram africanos trazidos para servirem ao trabalho escravo. Na época, não era dado liberdade de culto religioso aos africanos e seus descendentes, sendo obrigatória a conversão ao catolicismo, com isso as práticas ligadas ao islã, se mantinham de forma clandestina. Muitos fingiam conversão ao cristianismo para evitarem serem perseguidos. Salvador era uma cidade movida diretamente por trabalho de mão de obra escrava. 

Nas primeiras décadas do século XIX, os muçulmanos presentes em Salvador, iniciaram planejamentos para combaterem a ordem escravagista. Além de combaterem a escravidão, havia planos de criarem um Estado regido por leis islâmicas, uma inspiração para esse objetivo, era o Califato de Sokoto, fundado em 1809 por Usman Dan Fodio, esse califado tinha área por territórios que hoje abrangem países de Burkina Faso, Camarões, norte da Nigéria. 

Entre destacados líderes dessa pequena comunidade islâmica estavam: Manuel Calafate, Luis Sanim e Pacífico Licutã, Ahuma, Elesbão do Carmo, Luiza Mahin. Muitos muçulmanos se mantinham alfabetizados em árabe, usavam passagens do Alcorão para se comunicarem. Secretamente trabalhavam para converter outros negros ao islã, e trazê-los para causa. Os malês eram bem organizados, antes de entrarem em confronto, deveria haver cuidados com os preparativos. Por causa de uma delação os planos de insurreição foram descobertos, as autoridades iniciaram uma perseguição aos envolvidos, tendo os malês que precipitarem suas ações sem o preparo necessário. Em 25 de 1835, os malês entraram em combate em diversas partes da cidade, sendo acuados no quartel da Cavalaria da Água do Menino, local em que muitos foram massacrados, aproximadamente 70 negros foram mortos. A revolta foi sufocada, os que sobreviveram receberiam um tratamento de terror do Estado. Torturas, mau-tratos que resultaram em mortes, execuções, até deportações para África. Houve imposição de toque de recolher para impedir que negros se reunissem a noite. 

Luíza Mahin uma das principais organizadoras da revolta, não há registros precisos de informações sobre seu destino após o insucesso da revolta. O fato certo que e ela foi mãe de Luiz Gama, destacado advogado e abolicionista. 

Referência bibliográfica
JOÃO, José Reis. Rebelião escrava no Brasil: a história do Levante dos Malês (1835). São Paulo: Companhia das Letras, 2003, 665p.

MOURA, Clovis. Rebeliões da Senzala, quilombos, Insurreções, Guerrilhas. São Paulo: Editora Zumbi, 1959, 304p.


FREITAS, Décio. A Revolução dos Malês. Porto Alegre: Movimento, 1985. 106p.





Kassan 25/01/2017