REVOLTA DOS MALÊS: LEVANTE DE GUERREIROS ISLÂMICOS NO BRASIL 

Há 182 anos a cidade de Salvador, era palco de uma insurreição protagonizada por africanos de fé islâmica. Que ficaria conhecida como Revolta dos Malês. 

A palavra “malê” ou “imalê” provém de origem ioruba, sendo usado para designar muçulmano. Os primeiros muçulmanos no Brasil foram africanos trazidos para servirem ao trabalho escravo. Na época, não era dado liberdade de culto religioso aos africanos e seus descendentes, sendo obrigatória a conversão ao catolicismo, com isso as práticas ligadas ao islã, se mantinham de forma clandestina. Muitos fingiam conversão ao cristianismo para evitarem serem perseguidos. Salvador era uma cidade movida diretamente por trabalho de mão de obra escrava. 

Nas primeiras décadas do século XIX, os muçulmanos presentes em Salvador, iniciaram planejamentos para combaterem a ordem escravagista. Além de combaterem a escravidão, havia planos de criarem um Estado regido por leis islâmicas, uma inspiração para esse objetivo, era o Califato de Sokoto, fundado em 1809 por Usman Dan Fodio, esse califado tinha área por territórios que hoje abrangem países de Burkina Faso, Camarões, norte da Nigéria. 

Entre destacados líderes dessa pequena comunidade islâmica estavam: Manuel Calafate, Luis Sanim e Pacífico Licutã, Ahuma, Elesbão do Carmo, Luiza Mahin. Muitos muçulmanos se mantinham alfabetizados em árabe, usavam passagens do Alcorão para se comunicarem. Secretamente trabalhavam para converter outros negros ao islã, e trazê-los para causa. Os malês eram bem organizados, antes de entrarem em confronto, deveria haver cuidados com os preparativos. Por causa de uma delação os planos de insurreição foram descobertos, as autoridades iniciaram uma perseguição aos envolvidos, tendo os malês que precipitarem suas ações sem o preparo necessário. Em 25 de 1835, os malês entraram em combate em diversas partes da cidade, sendo acuados no quartel da Cavalaria da Água do Menino, local em que muitos foram massacrados, aproximadamente 70 negros foram mortos. A revolta foi sufocada, os que sobreviveram receberiam um tratamento de terror do Estado. Torturas, mau-tratos que resultaram em mortes, execuções, até deportações para África. Houve imposição de toque de recolher para impedir que negros se reunissem a noite. 

Luíza Mahin uma das principais organizadoras da revolta, não há registros precisos de informações sobre seu destino após o insucesso da revolta. O fato certo que e ela foi mãe de Luiz Gama, destacado advogado e abolicionista. 

Referência bibliográfica
JOÃO, José Reis. Rebelião escrava no Brasil: a história do Levante dos Malês (1835). São Paulo: Companhia das Letras, 2003, 665p.

MOURA, Clovis. Rebeliões da Senzala, quilombos, Insurreções, Guerrilhas. São Paulo: Editora Zumbi, 1959, 304p.


FREITAS, Décio. A Revolução dos Malês. Porto Alegre: Movimento, 1985. 106p.





Kassan 25/01/2017

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