Há morte de um Leão Africano
Há exatos dois anos, o Coronel Muammar Kadafi era assassinado pela horda
de pseudo-rebeldes que assaltaram a Líbia, com ajuda da famigerada OTAN. Em 20
de outubro de 2011 era ouvido o último rugir desse leão africano. Morreu de
armas em punho, não se entregando jamais.
Todo processo que se iniciou desde as agitações dos supostos “rebeldes”
na cidade de Bengazi até a intervenção armada neocolonialista em solo líbio foi
uma trama deliberada com objetivo de apoderar-se das grandes reservas de gás e
petróleo daquele país, essas riquezas hoje se encontram divididas como botim
entre as multinacionais petrolíferas das potências imperialistas.
Um verdadeiro roubo ao puro estilo neocolonialista que contou com a
colaboração de traidores nacionais internos, que não hesitaram em levar a nação
norte-africana ao caos completo. A chegada ao poder do jovem oficial coronel
Muammar Kadafi ocorreu em 1969, através de uma revolução democrática popular
que pôs término a arquicorrupta monarquia entreguista do Rei Idris. Após a
revolução foi possível realizar uma série de reformas sociais no país. O país
que conforme dados da própria ONU tinha o melhor IDH da África, teve sua
infraestrutura pulverizada pelos pesados bombardeios da OTAN. Resultando no
aumento generalizado da pobreza é penúria da população pobre que teve
importantes conquistas sociais obtidas graças à verdadeira revolução de 1969,
sumariamente liquidadas.
As justificativas para a agressão militar foram descaradamente
fraudadas. Dentro do pacote de estratégia geopolítica posto em prática pelas
potências saqueadoras foi imprescindível montar uma operação
midiática da qual inclusive a “nossa” rede Globo também participou ( enviou o
repórter Marcos Uchôa como correspondente de guerra ). Forjaram-se
provas de irreais massacres contra civis, operados pelas forças leais a Kadafi.
Criado todo teatro de enganar tolos, e com aval da impotente ONU,
Estados Unidos, Grã-Bretanha, França com apoio de Itália, foi usado o poderio
bélico da OTAN para arrasar a Líbia.
Muammar Kadafi cometeu já vinha cometendo erros ao escolher uma política
de oscilação diante ao imperialismo. Tentando encontrar formas em apaziguar
suas relações com os imperialistas ocidentais. A desistência do programa
nuclear líbio foi uma materialização dessa política. Durante o período de
início das mobilizações dos traidores líbios em Bengazi, Muammar Kadafi poderia
tê-los esmagados sem hesitação antes de a situação sair ao seu controle, mas
preferiu buscar negociações diplomáticas para possíveis saídas para o conflito,
foi uma falha fatal que custou tanto o poder como a própria vida. Não havia
interesse das potências em mantê-lo no poder mesmo que enfraquecido, há questão
era eliminá-lo é ao seu lugar implantar um governo títere. Há principio os falsos
rebeldes não tinham capacidade militar e tão pouco apoio popular para derrubar
o regime. Foram os ataques aéreos da OTAN,que abriram caminho para o
prolongamento da guerra civil.
Muammar Kadafi em busca de modernizar as Forças Armadas havia comprado
jatos Rafale da França. Ordinariamente nenhuma dessas aeronaves pode ser
colocada em combate. Os franceses através de dispositivos de controle remoto
inviabilizaram os jatos que sequer conseguiram alçar vôo.
Kadafi foi abandonado por aqueles que acreditava serem
aliados. Apostou que a Rússia iria intervir ao seu favor, algo que não
aconteceu. Constatou a falácia bolivariana de Hugo Chávez que apesar da
retórica antiimperialista, nada fez de concentro para materializar qualquer
solidariedade internacionalista.
O regime Kadafista cumpria ao seu modo uma ponte de relação de
aproximação e inter-diálogo entre o norte da África historicamente ocupada
pelos árabes é o restante do continente. Por essa natureza do regime, Muammar
Kadafi sempre buscou o estreitamento das nações africanas, guiada pelo
Pan-africanismo. Intenção em formar um bloco econômico é político capaz de
frear o saqueio neocolonialista sobre o continente. Desgraçadamente de forma
covarde a famigerada UA ( União Africana), se resignou a passividade, obedecendo
aos ditames imperialista, sem importar que a ofensiva guerreirista não
apenas atentou contra a soberania líbia, mas coloca todo continente africano em
condição perigosa de alvo de sanha.
Apresentada como uma extraordinária revolução popular, produto direto da
chamada “Primavera Árabe”. Qual tipo de revolução genuinamente popular se
associa ao imperialismo para triunfar? Os conclamados rebeldes que
reivindicavam lutar por democracia, adotaram a bandeira monárquica da dinastia
Idris. O que foi realizado na Líbia, hoje se tornou um modelo bem
apropriado a ser usado em outras partes do mundo, a guerra civil na Síria
evidencia isso diretamente.
Algo que pode ser uma contradição, porém não para os Estados Unidos que
já haviam feito o mesmo em situações anteriores como no Afeganistão na década
de 1980. Através da CIA, proveu treinamento, armamento é apoio logístico
fundamentalistas islâmicos, incluindo elementos ligados a Al-Quaeda.
Diferente de outros países, ao invés de manter reservas cambiais em
dólares a Líbia possuía reservas em ouro puro. Isso possibilitava ao país
garantir segurança econômica, ficando livre das chantagens financistas
internacionais. O que ocorreu com a imensa reserva de ouro após a queda?
Comprovadamente não está sendo utilizado para a reconstrução do país.
Outra constatação terrível que surgiu com a queda de Kadafi foi o
crescimento do racismo contra africanos subsaarianos. Os africanos subsaarianos
dentro da Líbia eram imigrantes que formavam uma classe de trabalhadores
principalmente da construção civil, muitos refugiados da fome.
Entre os nada-rebeldes prevalece um visceral ódio étnico contra as
pessoas de pele escura. Ocorre o objetivo em formar uma Líbia etnicamente
árabe. Foram criados campos de concentração de subsaarianos, que
estão aglomerados em condição insalubres. Morrendo por inanição, doenças.
Esse retalho de sicários que tomaram o poder é altamente instável.
Aumentam-se as lutas intestinas entre as facções pela partilha do poder.
Ironicamente o mesmo armamento avançado que a CIA, forneceu para os terroristas
fundamentalistas foi usado no atentado que matou o embaixador
norte-americano J. Christopher Stevens em setembro de 2012.
Recentemente a captura de Abu Anas al-Libi, líder fundamentalista
islâmico acusado de ligações com os atentados as embaixadas dos EUA na Tanzânia
e Nigéria, por forças especiais norte-americana levou ao sequestro do
primeiro-ministro Ali Zeidan que após negociações foi libertado.
Líder assassinado. País destruído. Riquezas saqueadas. Tudo operado pelo
maior inimigo dos povos: O IMPERIALISMO! .
Veja também: Violência racista mata africanos na Líbia
KASSAN 20/10/2013
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