CONTEMPORANEIDADE DOS IMPACTOS DA ESCRAVIDÃO PARA OS NEGROS

E recorrente por parte de nossos detratores, aqueles mesmo da expressiva turma do “Não somos racistas”, afirmarem que a escravidão e algo de um passado “distante” que não influencia o nosso atual presente, que somos paranóicos em usarmos a escravidão para justificar nossas posições políticas. Pois bem, para rejeitamos o que esses revisionistas de mau caráter de todas as matizes, elaboramos uma lista com 6 impactos provocados pela escravidão que estão presentes em nossas existências cotidianas.    


1° Nome

Quem leu o livro “Roots” de Alex Haley ou assistiu a série televisiva baseada na obra, lembra de uma das mais marcantes passagens da história foi quando sendo chicoteado no tronco, Kunta Kinte foi obrigado renunciar ao seu nome original, para adotar um nome europeu. O capataz chibatava Kunta Kinte para forçá-lo a abandonar seu nome original e aceitar o nome que havia sido imposto, mesmo já em exaustão pelas sevícias, Kunta Kinte não se rendia e continua a pronunciar seu nome. Ao ser escravizado e trazido para o continente americano o africano tinha seu nome retirado e substituído por outro nome, ligado ao cristianismo. Apagar o nome do indivíduo era uma das fases prioritárias do cruel processo de destruição cultural. A escravidão desumanizou o africano, despojou sua identidade nativa. Isso não foi praticado exclusivamente pelos europeus, os árabes também realizam o mesmo processo de aniquilamento identitário, quando escravizaram africanos. Devido a isso, hoje muitos negros carregam nomes europeus ou árabes.




2° Comida

Na África, nossos ancestrais mantinham uma alimentação balanceada para suas necessidades, que continuam vegetais e carne obtida pela caça, nada em exagero. As dietas de muitas pessoas negras que vivem na diáspora são um resultado direto da escravidão. Os senhores da casa grande, geralmente consumiam as partes boas, magras e carnudas dos animais da fazenda e deixavam os restos para os escravos se alimentarem. Escravos africanos foram forçados a incorporar essas sobras em sua alimentação. A conhecida feijoada que reúne várias partes de carne, especialmente a de porco, é uma verdadeira bomba calórica altamente prejudicial para os níveis de colesterol no organismo. A continuada ingestão dessa dieta causou prejuízos à saúde que se arrastaram por gerações, sentimos essas consequências através de doenças crônicas que afligem nossas comunidades, incluindo acidentes vasculares cerebrais, diabetes, obesidade mórbida, hipertensão arterial, e doenças cardíacas.


3° Economia

Antes da imposição da escravidão em larga escala, muitas economias africanas floresceram e foram base de sociedades estáveis e desenvolvidas. Mansa Musa o lendário rei do grande império Mali, no século 14, era o homem mais rico do planeta, conforme apontam alguns estudos o monarca do Mali, chegou a possuir no auge um patrimônio de US $ 400 bilhões, nem mesmo os atuais homens mais ricos do mundo têm um patrimônio desse tamanho, nenhum país africano atualmente tem um PIB superior a fortuna pessoal do soberano Malinês. Em relação à diáspora a abolição da escravidão não foi seguida por nenhuma medida de reparação econômica, os séculos de trabalhos forçados não foram recompensados de nenhuma maneira, isso provoca a disparidade econômica entre a comunidade dos descendentes dos africanos e a comunidade dos euro-descendentes que constituem a composição da classe dominante. Os negros são superexplorados no capitalismo e não tendo o controle de capital para investirem em seu próprio progresso e bem-estar social, acabam por estarem em posição de pobreza e miséria extrema.



4° Linguagem

Nos tempos atuais a língua oficial de muitas pessoas africanas ou de ascendência africana e de base européia ou árabe. Durante o século 7 com a invasão árabe no norte da África ou com a colonização européia e comércio de escravos, intensificado no século 15, essas línguas estrangeiras foram introduzidas sobre a cultura africana. Muitas línguas, dialetos nativos foram perdidos e muitos estão em vias de se tornarem extintos.


5° Auto-ódio

Os senhores da casa grande, utilizavam muitos métodos para quebrar mentalmente os africanos escravizados. Ao validar-se como superior, eles usaram todas as ferramentas de propaganda ao seu alcance para ensinar aos africanos a odiar a si mesmos. Ocorreu o doutrinamento para odiar a negrura da pele, formatado do nariz, a espessura dos lábios, os cabelos crespos. Com a modernidade e surgimento dos meios de comunicação, entretenimento, se massificou a mensagem estimulando o auto-ódio na comunidade negra.  Por isso temos tantos negros alienados que odeiam sua natureza biológica.



6° Família

Nunca houve a possibilidade em constituir aos negros formarem uma família estável durante a escravidão. O peso da exploração impedia aos negros de se amarem livremente, terem filhos e criá-los em uma condição propícia. A exploração sexual sobre as mulheres trouxe feridas profundas, causando profundos danos psicológicos. Sem terem o direito a experiência familiar adequada entre os negros desenvolveu um modelo familiar desajustado. Homens que fogem das responsabilidades da paternidade, mãe solteiras tendo filhos sem amparo, ambientes infelizes e violentos. O renascimento da família negra e imprescindível para o avanço em direção a liberdade.  





Kassan 03/10/2013

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