Assassino absolvido!

Foi considerado inocente da acusação de assassinato o vigia George Zimmerman, responsável por efetuar disparo que matou Trayvon Martin, jovem negro de 17 anos.


O assassinato ocorreu na cidade em Sanford, Estado da Flórida em 26 de fevereiro de 2012. O garoto foi atingido após ser confundido como um criminoso, motivo Trayvon Martin estava usando o capuz de sua blusa de moletom.


A defesa de George Zimmerman baseou sua alegação, que ele agiu em legítima defesa, temendo por sua segurança pessoal. Primeiramente a grande mídia ignorou o caso, algo que teria se tornado mais um crime esquecido, mais por insistência de familiares, amigos e pessoas sensibilizadas o assassinato do garoto foi exposto em todos os Estados Unidos, mostrando a dura constatação de como a dinâmica ditada pelo racismo e letal à vida. Protestos exigindo justiça para o caso passaram a ocorrem em todos EUA.



   (George Zimmerman absolvido em julgamento, Trayvon Martin jovem estudante, sem                  problemas criminais, tinha apenas 17 anos quando foi morto)


Retrocesso ideológico e avanço do niilismo!

O assassinato de Trayvon Martin expôs toda a podridão do regime racista, também evidenciou a força negativa que influência de lideranças religiosas, nesse tipo de situação. Surge à figura do bom reverendo com suas palavras e sermões de “paz. Clamando as pessoas  a terem respeito à ordem institucional, induzindo a multidão ao caminho do pacifismo e a aguardar que o racista Estado reacionário, faça algum tipo de justiça nesse caso. Isso aborta os métodos de ação direta, interceptando a justa organização de autodefesa armada.

A década de 1980 representou um duro golpe para o Povo Negro nos Estados Unidos, a ascensão do governo republicano do ultrareacionário Ronald Reagan introduziu como política econômica o neoliberalismo, ocorreram inúmeros cortes em áreas sociais, educação, saúde, moradia, etc algo que fragilizou ainda mais o tecido social.

A comunidade negra passa por um profundo período de retrocesso ideológico e esvaziamento de consciência, isso por consequência da caçada de repressão levada a cabo pelo Estado por meio de seus organismos armados, polícias e de inteligência FBI que foram responsáveis por dizimar os quadros militantes negros. A aniquilação dos Panteras Negras e exemplo cabal da selvageria desse período de revés.

Igualmente como tática de guerra química, ocorreu à dispersão massiva do crack, essa droga teve impacto devastador, reduziu a fantasmas vagantes milhares de seres humanos. Suas principais vítimas foram os jovens que se tornaram usuários desse veneno ou formaram gangues inimigas que se exterminam entre si.  Por outro lado com o crescimento do narcotráfico, serviu de bode expiatório para o incremento das forças repressivas do Estado e fomentação do desenvolvimento do complexo industrial-prisional.

Hás atuais organizações políticas estão dividas em duas linhas a primeira adepta de um civismo como NAACP, de outro lado, existe o radicalismo disperso com uma retórica vazia, como o caso do genérico “Novo” Partido Pantera Negra que apesar do nome, nada tem haver com o seminal partido surgindo em Oakland em 1966.

O Hip Hop fonte de divertimento e resistência cultural foi sequestrado por interesses econômicos das grandes gravadoras, que deram a cultura dos quatro elementos uma roupagem totalmente mercantilizada.  

Em 1992 policiais foram flagrados espancando um negro algemado. Os policiais todos brancos, foram julgados e todos absolvidos, isso resultou na explosão de uma rebelião nas ruas da cidade californiana. Propriedades invadidas, lojas saqueadas, carros incendiados, confrontos com tropas. Os distúrbios foram controlados após o uso de muita força.  

Racismo continua definindo os parâmetros de perseguição das autoridades, o FBI recentemente incluiu o nome de Assata Shakur, em sua lista de terrorista procurada, oferecendo uma recompensa de dois milhões de dólares por sua cabeça. Nas masmorras do complexo industrial-prisional, permanece o jornalista Mumia Abu Jamal, que teve sua sentença de morte revogada e substituída por prisão perpétua.

Em meio a essa ausência de direção revolucionária, como bem analisou o escritor Cornel West, a comunidade negra experimenta um amargo avanço do niilismo. Prevalece a falta de idéias de futuro. Nesse cenário caótico, há uma imprescindível missão sair desse cerco ideológico, estruturando uma alternativa contra a barbárie imposta pela superexploração capitalista.



Ações Afirmativas, migalhas do capitalismo!

Após 5 décadas de políticas de “ações afirmativas” as condições de vida da esmagadora maioria da população trabalhadora negra nos EUA continuam terríveis. A opressão se intensificou ainda mais, os trabalhadores negros têm os salários mais arrochados, famílias sem assistência médica adequada devido por não poderem contar com um sistema público e também pela elevação do custo de plano de saúde privado. Elevou também o custo com moradia.

As “ações afirmativas” promoveram uma aparente integração da população negra, contudo preservou o DNA essencial do racismo, a superexploração da mão de obra de trabalho negra.

Resultado que as ações afirmativas apenas incorporaram alguns poucos setores da população negra ao regime racista que passam a servir como massa de manobra. As políticas afirmativas engordam uma minoria pra vitrine, deixa o restante ao vazio á espera de uma chance ao sol. Formou-se no rastreio uma classe média, inserida no mundo do consumo. Nada que realmente de um término a opressão racial.

O desastre causado pelo furação Katrina, deixando uma multidão negra desabrigada não deixou possibilidades de negar a existência do racismo.



Presidente e negro mais a Casa continua Branca!

A eleição de um presidente negro, longe de representar início de uma fase pós-racial, não alterou em nada a vida da comunidade negra.

Diferente do que apregoava em sua primeira campanha a presidência, Barack Obama ao chegar ao poder ao invés de combater a pobreza epidêmica, agiu pelo contrário, beneficiou os trustes empresariais com generosos empréstimos, fez o jogo dos parasitas rentistas do mercado financeiro Wall Street. Aumentou os gastos em defesa militar. Ao ser noticiado do assassinato de Trayvon Martin, para arrefecer os clamores populares por justiça, limitou-se apenas a demagogicamente a dizer que confiava na justiça.


Obama não assume compromisso algum a respeito de garantir a integridade mínima dos direitos das minorias, como lacaio atende ao mando de seus amos brancos, algo idêntico ao que fizeram Condoleezza Rice, Colin Powell.


Enquanto o governo Obama flutua, uma extrema direita irascível cresce rapidamente, não abrindo mão de sua sacrossanta liberdade em portar armas. O fim do governo de Obama possa ser sucedido por um mandatário republicano, ligado diretamente ao conservador e reacionário Tea Party.

As ilusórias expectativas que havia que seu governo seria marcado por algum traço progressista, se desmancharam, cabendo a vanguarda militante negra, educar politicamente as massas, para se prepararem para duras lutas que certamente se avizinham, devido aos efeitos da crise econômica iniciada em 2008.



“Suspeito orgânico”!

Inegável que o assassinato foi cometido por circunstância racial. Se fosse um jovem branco, obviamente não teria sido confundido como criminoso e tão pouco seria alvejado por disparos. O racismo criou um ideário de estereótipos ligados às pessoas negras, um dos mais fortes estereótipos sem dúvida e a idéia do “suspeito orgânico”. Por “suspeito orgânico” deve se entender e que todos os negros são postos aos olhares dos discriminadores na condição de bandidos. Associa-se o fator cor de pele a banditismo, independente do que realmente seja ou faça a pessoa. A pele escura e identificada primeiramente como um símbolo de ameaça. Foi justamente essa alegação de George Zimmerman usou para justificar ter atirado em Trayvon Martin, sem ao menos saber que era ou o que fazia, a cor de pele do garoto foi o indicativo suficiente para induzir os disparos letais.  


A absolvição de George Zimmerman penas constata como o sistema judiciário norte-americano, mantém toda leviandade no que se refere a crimes com motivação racial. Não havendo de esperar isenção ou parcialidade de um sistema totalmente comprometido e corrompido por uma lógica racista.


No Brasil também não e um caso a parte. A questão do “suspeito orgânico” existe por aqui com muita força. Exemplos não faltam, assim como ocorreu com o Trayvon, aqui também costumam serem fatais esses “enganos”, como o caso de Ulisses Lucas de Araújo, que trabalhava como almoxarife, em 21 de janeiro desse ano foi confundido como assaltante em uma casa lotérica e baleado sumariamente por um policial civil. A operação do BOPE em 25/06/2013 no Complexo da Maré resultou na morte de 11 pessoas, sendo que três delas não tinha passagem criminal.


E os nós negros podemos inúmeras as muitas situações que somos postos como “suspeitos orgânicos”. Por exemplo, sermos observado mais atentamente por vendedores e seguranças em lojas de shopping. Estar caminhando na rua à noite e ter uma pessoa vindo do lado oposto, que ao nós ver, muda para o outro lado da rua. Sofrer abordagem de revista policial, sem justificativas plausíveis.



A onde há racismo, não a possibilidade de paz nem de vida livre!

Descanse em Paz Trayvon Martin!


Justiça para todos que sofrem racismo no mundo!


Kassan 14/07/2013 

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