Assata Shakur, primeira mulher na lista de terroristas procurados!
Nesta última quinta-feira (02/05), o FBI fez a inclusão oficial do nome
de Assata Shakur, na lista dos terroristas mais procurados. Esse fato faz com
que ela se torne a primeira mulher a adentrar essa lista. Assata Shakur já era
perseguida da justiça norte-americana, no entanto era classificada como uma
''criminosa'' comum, agora decidiram elevar seu status para terrorista de nível
doméstico. Desde 1973, Assata Shakur se encontra em exílio político em Cuba,
pois foi obrigada a fugir dos Estados Unidos, como única forma de manter-se
viva.
Essa medida não afeta somente Assata Shakur, mais tem como objetivo
pressionar com ainda mais força o regime cubano a extraditá-la. O governo da
ilha operária sempre se negou a compactuar com isso, rejeitando todas possíveis
negociações que envolvessem a revogação de sua condição de exilada e
sua entrega as masmorras nos Estados Unidos.
Não se trata de um ato isolado, mais sim parte da ostensiva política do
governo imperialista norte-americano. Sobre o pretexto de combate ao
“terrorismo” o imperialismo tem levado a caba uma cruzada reacionária, para
exterminar toda resistência a ele oferecida, seja por parte de regimes nacionais (caso da Líbia) ou
de movimentos revolucionários é militantes. Essa ofensiva
política e militar do imperialismo ianque, e resultado do exato período em que atravessa
uma aguda crise. Para consolidar seus planos geopolíticos, necessita promover
esse recrudescimento agressivo, isso explica agora essa ampliação de
fúria direcionada contra Assata. Mesmo estando exilada, mantém-se em condição
integra os seus princípios, não desacreditando na via revolucionária como sendo
a legitima aos oprimidos para obterem sua liberdade. Essa fidelidade ideológica
não se rebaixou com o tempo, segue forte e viva. Racismo, capitalismo são face
da mesma moeda, merecendo, portanto que a luta seja feita contra ambos ao mesmo
tempo.
O Estado reacionário norte-americano, aciona o FBI, seu principal
organismo interno de inteligência, o mesmo responsável pela repressão que
abateu o Partido dos Panteras Negras. Contra os Panteras Negras, foram usados
táticas de guerra psicológica. Foi habitual o uso de infiltração de espiões,
operações de assassinato, prisões ilícitas, forja de falsas informações, até mesmo distribuição de drogas nas comunidades a onde agia o partido.
Na mesma data em que foi feito o anúncio, o superintendente da Polícia do Estado de New Jersey, Coronel Rick Fuentes em
coletiva de imprensa declarou a respeito de Assata Shakur: "Ela continua a
ostentar a sua liberdade diante deste crime horrível (sic), completou dizendo
'' isso e uma ferida aberta para os soldados em Nova Jersey e em todo o
país'' (sic!). Outro que complementou o falatório foi o procurador-chefe de New
Jersey, Jeffrey Chiesa: "Queremos que ela volte aqui e enfrente a justiça
e cumpra a sua sentença"(sic).
Show a parte de hipocrisia das autoridades, Assata Shakur nunca teve o
direito legítimo do exercício de defesa assegurado no julgamento que a
condenou. Sua condenação foi antes de tudo um aberto ato de repressão política.
Esperar o mínimo de justiça por parte do ultrareacionário Estado
norte-americano e o mesmo que acreditar que havia justiça aos negros que eram
linchados e depois enforcados nas árvores pela famigerada Ku Klux Klan. Aliás,
a pena de morte nos Estados Unidos tem sido apenas uma sofisticação da bárbara
forma de eliminação de negros. Uma prática higienista que nunca estará
desassociado do racismo intrínseco da classe dominante branca anglo-saxônica.
A população negra representa aproximadamente 12% da população total dos
EUA, mas quando se trata de população carcerária esse número aumenta para
40% e o maior percentual entre todas as etnias que compõem a
população norte-americana. Esse e o chamado Complexo Industrial Prisional, um
verdadeiro terrorismo de Estado. Um conglomerado de cadeias, prisões que rendem
lucros bilionários pelo encarceramento humano.
Mantendo a mesma prática típica de velho-oeste, era oferecida uma
recompensa pela cabeça de Assata no valor de US$ 1 milhão agora após sua classificação
“terrorista” esse valor foi duplicado. O maior “crime” de Assata Shakur, venha
a de ser mulher, preta e de ter lutado com armas em punho bem no coração da
supremacia branca, em um combate sem trégua contra a estrutura racista de
poder.
Portanto a emissão de status de “terrorista” se deve ao fato de sua atividade
político-militante nas décadas de 1960 e 1970. A onde se tornará uma das mais
destemidas integrantes do movimento de libertação negra nos Estados Unidos. Em
sua juventude de imediato aderiu ao Partido das Pantera Negra, cumprindo com
exemplar dedicação as atividades a qual era designada. No entanto após certo
período passa a discordar dos caminhos tomados pelo partido, questiona o
excessivo reformismo pregado pela cúpula da organização. Somado a isso
considera inadmissível a uma organização que se proclama revolucionária, manter
a existência do machismo, em vista que as mulheres estavam subordinadas ao
comando masculino.
Desiludida com os Panteras Negras decide romper com o partido,
procurando alternativa mais adequada ao que considerava necessário, aos
esforços de libertação da comunidade negra. Nesse ponto se uni a um minúsculo
movimento que não tinha a mesma visibilidade dos Panteras, chamado Republica
Nova Afrika, que possuía como objetivo a criação de um Estado independente para
a população negra, que seria composto pelos territórios de Louisiana, Mississippi,
Alabama, Georgia e Carolina do Sul.
Seria operando por outra organização que Assata Shakur, ganharia espaço
notório. A organização era o Exército da Libertação Negra (BLA em inglês). Totalmente
receptivo a métodos da luta armada, o BLA empreende expropriações a bancos para
obtenção de recursos. E também ações guerrilheiras, como ataques a instalações
estatais. Conforme pelas próprias palavras contidas em sua autobiografia,
Assata resume o Exército da Libertação Negra, da seguinte maneira: ''foi
não um grupo centralizado, organizado com uma liderança comum e cadeia de
comando. Em vez disso, havia várias organizações e coletivos que trabalham em
conjunto e, simultaneamente, independentes uns dos outros." O aumento das
atividades do grupo, forçaram a uma intensificação da repressão.
Em 1973 no Estado de New Jersey, enquanto estava em um carro ao lado de
dois companheiros de movimento Malik Zayd Shakur, Sundiata Acoli, foram
abordados por uma patrulha policial. O policial chamado Trooper Werner
Foerster, decide checar a situação, nesse momento a fim de evitar que fossem
interceptados se inicia um tiroteio, o policial e alvejado assim como Assata
Shakur também saiu ferida do confronto. O policial branco, não resistiu e
morreu, enquanto Assata e seus camaradas de armas foram presos. Foi julgada e
condenada a prisão perpetua sem direito a recorrer. Por astúcia consegue
organizar um plano de fuga da prisão, rapidamente após sair do cárcere procura
refugio na única parte do continente americano, segura o suficiente a ilha de
Cuba. Malik Shakur, Sundiata Acoli, também foram sentenciados, estando até hoje
cumprindo suas condenações dentro do Complexo Industrial Prisional.
Assata Shakur, não nega em nada a sua história, e prossegue advogando a
solidariedade pela libertação dos prisioneiros políticos existentes nos EUA,
Mumia Abu Jamal, Malik Shakur, Sundiata Acoli. Sua influência ainda se faz
presente em alguns segmentos de vanguarda do atual movimento negro. Defende uma
comunidade negra unida em torno da luta revolucionária contra o racismo. Uma
autêntica revolucionária que não se desgasta com o tempo, alguém não se
entortou a ordem verdadeiramente terrorista comandada pela besta imperialista
EUA.
S. KASSAN 05/05/2013
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