Massacre
de Sharpeville, um terror mundial com a marca do racismo!
Na data de 21 de março de 1960, a cidade de Sharpeville,
na província de Transvall (atualmente Gauteng), na África do Sul, ficaria
mundialmente conhecida pelo brutal massacre de 69 civis negros perpetrados pelas
forças policiais do regime apartheid.
Foi um protesto pacífico organizado pelo Congresso
Pan-africanista, com objetivo de fazer oposição à lei de passe que obrigava a população
negra a usar um passaporte interno para se locomover dentro do próprio país, isso na prática
restringia o direito ao acesso a determinadas áreas, que eram deixadas exclusivamente
para os brancos.
Os manifestantes marcharam pelas
ruas da cidade de Sharpeville, os presentes queimaram seus passes, demonstrando aberta
insatisfação com o tratamento racista, de repetente foram surpreendidos por
policiais armados que iniciariam disparos contra a multidão. O pânico se
espalhou, resultado foi que 200 pessoas ficaram feridas e outras 69 morreram. O
então primeiro-ministro, Hendrik Verwoerd declara estado de emergência,
acusando como responsáveis os próprios manifestantes que teriam recepcionado a
polícia a tiros, que então teria revidado, essa afirmação foi desmentida pelas
testemunhas da época, pois não havia ninguém armado do lado do protesto. Hendrik
Verwoerd, foi um nacionalista africâner fervoroso um dos principais ideólogos da construção
do apartheid, sendo primeiro-ministro de 1958 até 1966 ano em que foi
assassinado.
O massacre em Sharpeville, acirrou ainda mais a
militância anti-apartheid, demonstrando a natureza repressiva do regime, esse
fato foi imprescindível para aceitação da introdução de métodos de luta armada
como sendo os únicos suficientes para derrubar o governo racista é conceder
democracia é liberdade para população negra. Com a nulidade das vias de diálogo
e propostas pacíficas a violência estatal somente poderia ser combativa com a
violência revolucionária das massas populares. Em 21 de dezembro de 1961 em
parceira com o Partido Comunista da África do Sul, o ANC (Congresso Nacional
Africano) decide pela formação do grupo guerrilheiro Umkhonto we Sizwe - MK (Lança
da Nação). Foi emitido um manifesto que declarava:
"Nossos
homens estão armados e treinados combatentes da liberdade não terroristas. Estamos
lutando pela democracia maioria direito a regra dos africanos para governar a
África. Estamos lutando por uma África do Sul em que haverá paz e harmonia e
igualdade de direitos para todas as pessoas. Nós não somos racistas, como os
opressores brancos são. O Congresso Nacional Africano tem uma mensagem de
liberdade para todos os que vivem no nosso país.''
Os membros do MK operaram ações armadas clandestinas contra
alvos é autoridades. Com auxílios da CIA, os órgãos de segurança, conseguem
prender alguns guerrilheiros, iniciando em 1963 o chamado julgamento de
Rivonia, sobre acusação de fomentarem “revolução violenta”, crime que conforme
a legislação então vigente da época era punido com a sentença de morte. Outra vertente
da resistência ao regime, ainda continuaram no caminho da não-violência com táticas
de desobediência civil, caso de Steve Biko.
Data
formal de lembrança!
Em 1969 a ONU declarou a data de 21 de março como sendo a
Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. Aumentando a pressão
sobre o governo sul-africano, mas por questões estratégias o apartheid, foi útil,
recebendo apoio por parte dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e também por Israel.
O segregacionismo perduraria até a década de 1990 tendo seu término “oficial”
acordado por meio de negociações amplamente confortáveis para a classe
dominante africâner. Os crimes contra a humanidade realizados pelos racistas
sul-africanos, não foram devidamente julgados em parte pela capitulação
vergonhosa de Nelson Mandela é sua entourage corrompida.
Atual
África do Sul mantém a velha estrutura!
Como se encontra a África do Sul, após 53 anos do
massacre de Sharpeville, 19 anos do fim do apartheid, a pobreza ainda permanece
sobre a população negra trabalhadora, enquanto a minoria branca, conversa seus privilégios
econômicos. O fato novo e que surgirá uma burguesia negra, uma elite
beneficiada pelo pacote de ajuda concedida pelo Estado via políticas especiais.
Em 2001 na cidade de Durban, também na África do Sul, foi organizado a Conferência
Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, sendo que as propostas
apresentadas no encontro atenderam os limites que os governos capitalistas podem
oferecer, parcas medidas economicistas sub-compensatórias, as famigeradas
políticas afirmativas que não reparam em profundidade os danos provocados pelo
racismo é ainda por cima conservam a estrutura econômica responsável pelas desigualdades
étnico-sociais.
Acontecimentos antes da realização da Copa do mundo de
futebol é as recentes repressões desencadeada contra o movimento grevista dos
trabalhadores das minas, controlada pelas multinacionais exploradoras, que
resultaram em mortes, evidencia bem que o Estado sul-africano mesmo com a
ascensão ao poder do Congresso Nacional Africano, junto de seu aliado histórico
Partido Comunista permanece ainda com a mesma função do período do regime racista.
Preservando por meio do monopólio da violência armada a hegemonia da burguesia,
sobre a classe trabalhadora. A fantasiosa África do Sul, “arco-íris” que seria
um paraíso democrático multiétnico, desenhada por Nelson Mandela, ainda tem a
cor preta como símbolo de miséria é opróbrio.
Bem longe das recomendações institucionais para o combate
a discriminação racial, o racismo ainda se faz presente, permanecendo como
sendo uma força reacionária a determinar a opressão de milhões de indivíduos em
todos os continentes do mundo. A luta contra o racismo não pode estar em
separado da pugna ao sistema econômico capitalismo e sua fase superior o
imperialismo que se beneficia diretamente da discriminação racial. Havendo,
portanto a necessidade de uma legítima estratégia revolucionária para sua
destruição incondicional. Que os mártires caídos em Sharpeville, sejam fonte
para inesgotável energia para essa gigantesca missão histórica imbuída ao
movimento de libertação humana.
Kassan 21/03/2013
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