Ocupação permanece! 




No último dia 12 o conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade a continuação da permanência da Minustah, em solo haitiano, mantendo o Brasil sobre a liderança das tropas. Presente no Haiti desde o ano de 2008 sobre a justificativa conter a instabilidade na ilha após a derrubada do então presidente Jean-Bertrand Aristide.




O Haiti combina em sua história passagens de heroísmo é tragédias desde a sua independência.  Ilha conseguiu obter sua independência da França, através da luta conduzidas pela população de africanos escravizados, foi o primeiro país do continente americano a abolir o escravagismo, em seguida a essa fase de bravas lutas com temor da expansão de rebeliões escravas, forçou aos países vizinhos a isolarem o Haiti sobre essa onda de receio surge o termo “haitianismo”. 




No século XX o Haiti sofreu a pesada influência interventora dos Estados Unidos. Sucessivos governos títeres se sucederam até a instalação da violenta ditadura do arquicorrupto Papa Doc que reprimiu terrivelmente o povo haitiano, usou-se das riquezas do país para beneficio próprio, concedeu permissão para que as empresas transnacionais se instalassem no país para submeter os trabalhadores as mais intensas jornadas de trabalho com a menor remuneração possível a inexistência de direitos trabalhistas, favoreceu a superexploração. A consequência transformou o Haiti na nação mais pobre da América.



Ocupação militar é repressão ao povo! 




Com a promessa de auxiliar os haitianos a encontrarem o caminho para o fortalecimento da democracia é desenvolvimento socioeconômico, as Nações Unidas aprovaram o envio de tropas para pacificação do país, o continente das tropas é composto por soldados de várias nacionalidades, no entanto a realidade que se constata é explicitamente diferente daquela apresentada oficialmente. Já se somam inúmeras denúncias sobre abusos cometidos pelos soldados a serviço da ONU, relatos de estupros são constantes. Os comandantes fazem vista grossa é abafam os casos impedindo suas divulgações para evitar a tensão com a população local. 



A grande mídia abre espaço exacerbado mostrando soldados sendo bem recepcionado pela população, ajudando a criancinhas a sorrirem alegres, ajudando a todos a todo custo, mais essas imagens não trazem a fidelidade do cotidiano da maioria esmagadora do povo haitiano que padece sem assistência médica adequada. Tudo isso mascara o conteúdo repressivo que a missão carrega.


O fim do regime do clã Doc é a criação de uma democracia embuste não foi suficiente, para normalizar a situação de anos seguidos de fome generalizada, pobreza crônica, o governo de Bertrand Aristide foi empossando em 1991 em meio a ilusão de milhões de pessoas, com o decorrer o tempo e a não resolução e atendimento das reivindicações vitais da população, foi tomando corpo um volume de  tensão social aguda, mais que foram controladas em partes devido truculenta atuação do aparato policial mantido intacto desde os tempos de Papa Doc e Baby Doc. Servindo como um bom sabujo dos Estados Unidos Jean Bertrand Aristide conseguiu se manter a frente do frágil Estado Haitiano em outras duas oportunidades de 1994 a 1996 é posteriormente de 2001 a 2004, a recessão alcançada durante seu último governo foi tamanha que nem mesmo as velhas práticas de coerção impediram a revolta popular generalizada.


Sem apoio suficiente para se manter no controle, Bertrand Aristide se remove do Haiti com ajuda dos Estados Unidos  é parte para o exílio na África do Sul. Sua derrubada abriu uma oportunidade para lançamento de uma experiência nunca antes testada em um país do continente americano, o uso de presença de uma missão militar “humanitária’’. Em circunstância da revolta que tirou Aristide  não ter sido realizada baseada em um plataforma programática consistente e nem por contar com uma direção popular revolucionária, não houve outra saída a não ser a aceitação do continente do Minustah.  

O falso caráter humanitário dessas missões da ONU fica exposto já se comparado a outras experiências no passado. Um exemplo no Congo na década de 1960, a onde as tropas de pacificação serviram de suporte para captura e assassinato de Patrice Lumumba. Em 2003, Lula com suas ambiciosas pretensões, fez com que o Brasil assumisse o comando a missão de “paz”, com objetivo de que o país adquirisse maior projeção internacional como liderança, mais a verdade comprovada será essa conduta do governo brasileira era estritamente feita como forma de agradar o imperialismo dos Estados Unidos.  Na época a máquina imperialista estadunidense concentrava seus esforços para não chafurdar nas guerras promovidas no Oriente Médio, sendo dessa forma a América Latina ficou posta em posição não prioritária, o governo lulista submisso então como um servo foi solicitado para cobrir a falha deixa pelos EUA evitando qualquer casualidade que poderia afetar os interesses geopolíticos de Washington na região do caribe.    





A questão do Haiti! 


Desde que as tropas pisaram em território haitiano, as mais perversidades já foram cometidas. O fato foi que a ilha se tornou um imenso laboratório para teste de táticas de contenção de massas, essas mesmas táticas repressivas estão sendo aplicadas nas favelas cariocas com tendência a serem reproduzidas em qualquer localidade periférica do Brasil.
A tragédia humanitária foi agravada com o terremoto de 2010, as quais morreram aproximadamente 200 mil pessoas, arrasando ainda mais a parca infra-estrutura do país, aumentando a dependência em relação à ajuda externa.  A escassez de alimentos impulsiona a alta taxa de mortalidade infantil o difícil acesso a água potável conduz a proliferação de surtos de doença especialmente a cólera.


O subemprego também se faz presente no Haiti, com um agravante brutal,  a utilização de crianças como trabalhadoras.  A impossibilidade de ocultar essa barbárie escandalosa obrigou até mesmo organismo conveniente como a OIT ( Organização Internacional do Trabalho) a emitir no mês de agosto deste ano um relatório, que aponta a existência de pelo menos 225 mil crianças é jovens mantidos em situação de exploração laboral. As empresas multinacionais são as maiores beneficiadas dessa prática de crime de lesa-humanidade.


A farsa eleitoral complementa essa barbárie haitiana, Michel Martelly que durante a campanha fez tímidos pedidos para que ocorresse a retirada das tropas interventoras da ONU, após eleito solicitou a continuidade da missão. Com a indicação para a pasta do Ministério da Defesa de Celso Amorim se insinuou que haveria uma retirada gradual do efetivo do Minustah. Mas essas insinuações se dissiparam como nuvens, prevalecendo à manutenção do operativo de guerra travestido de missão humanitária.  Recentemente os governos latino-americanos de centro-esquerda Bolívia, Equador, Venezuela, também entraram no auxílio aos planos de paz traçado pela ONU, estabelecendo consórcio na área militar, para ajudar ao Haiti a compor uma nova força armada é corpo policial eficiente.


A questão do Haiti serve como elemento para dividir as bandeiras do Movimento Negro.  Os ativistas que estão aparelhados ao Estado ou com militância vinculada ao PT e PCdoB   quando não mantém um sepulcral silêncio, formulam os mais cretinos argumentos para legitimar a presença militar na ilha, compactuando com as mentiras que hoje estão desgraçando o povo sofrido da ilha. Alguns setores do Movimento Negro chegaram a promover manifestações, solicitando a remoção dos soldados da ilha negra, tudo dentro do terreno do “lobby de pressão”, como forma a sensibilizar a gerência petista. Nada disso resultou efeito diante da característica atomizada que o movimento negro independente.  

Estender as bandeira  do fraterno internacionalismo aos nossos irmãos oprimidos do Haiti que hoje além de sofrerem com a miséria social tem que suportar a ocupação militar de tropas estrangeiras.  Faz parte de todo justo militante denunciar ativamente o caráter da ocupação que esmaga o povo negro do Haiti, devemos apoiar irrestritamente todas as legitimas iniciativas de resistência armada para expulsão das hordas invasoras dos “capacetes azuis”.



A pequena ilha resistente, o Haiti carrega contra si o peso de todo ódio perpetuo dos racistas de todo o mundo. Por ter sido a primeira nação a ousar lutar contra o sistema de supremacia branca no Ocidente.  Olhemos ao Haiti e prezemos por sua melhoria! 






Kassan 14/10/2012

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