Autodeterminação ou separatismo?

Delimitar um espaço físico, concentrar um determinado contingente de indivíduos que se associem por possuírem características em comum cor de pele, religião, ascendência genética etc... É dar a estes mesmos indivíduos um suposto ''governo'' seria o suficiente para significar uma efetiva autodeterminação? É necessário afirmar que NÃO!

Isso e separatismo sem conceituação de princípios. Um exemplo que não permite negar essa afirmação e do caso do recém criado ''Sudão do Sul''.

Depois da intensa guerra civil que assolou o maior país da África, algo que causou uma crise humanitária que incluiu genocídio e limpeza étnica. A dita responsável ''comunidade internacional'' esperou o cruento desfecho para só após isso agir, sobre uma postura de nobre ação "humanitária" nada que não seja surpreendente, bastando se lembrar de Uganda. Foi esperado o sangue ser derramado, para se assim ser tomando uma providência. Isso serve para reforçar a convicção que o futuro e preservação da vida no continente africano não constituem uma preocupação para o neocolonialismo-imperialista. Seguindo esse roteiro ditado pelo imperialismo por intermédio da ONU foi chancelado em janeiro deste ano, um referendo para decisão de cisão territorial. Isso por sua vez atendeu uma reivindicação das potências imperialistas que se uniram em parceria USA, Grã-Bretanha e de Israel: a divisão do maior país africano em dois. Fazendo assim o cumprimento de mais uma etapa estratégia contida no famigerado Plano Yinon¹.

A sucessão do Sudão do Sul foi "aprovada" por 99% dos votantes da região. O índice foi classificado pelos porta-vozes do imperialismo como uma "vitória esmagadora". Apesar do número avassalador pelo sim não houve reação contrária ao resultado por parte da "comunidade internacional", diferente de outras ocasiões a onde o resultado das urnas não saiu perfeitamente como as mesmas potências imperialistas planejavam.

Os 99% de votos angariados pelos colonizadores a favor do "sim" foram objeto de vanglória. Nem mesmo sobre as acusações de proporção de mais de 100% de comparecimento às urnas (em algumas regiões o número de votos excedeu em centenas o número de eleitores registrados) foi suficiente para arrefecer o entusiasmo mal contido dos cabeças do projeto neocolonial na África com a separação do ''Sudão do Sul''.

Sudão do Sul reconhecimento diplomático é com direito a participação na ONU. O Brasil através do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota prestou apoio a mais "jovem" nação do mundo. Mais verdade sejam expostas há claridade esse Estado artificial do Sudão do Sul nasce para atender não as necessidades da população local, mais sim uma agenda de forças estrangeiras (imperialismo) interessantíssimas em pilhar as riqueza ali presentes em abundância reconhecidamente as jazidas de petróleo.

E como ficará as condições de vida do povo? O já sofrido povo sudanês será obrigado a sobreviver de forma paupérrima. Não irá usufruir das riquezas petrolíferas, não desfrutará de um regime representativo pois o fictício governo já se formou com um títere nas mãos das empresa multinacionais.

O povo sudanês será lançado a tudo isso somado com a ilusão de estarem organizados por uma falsa concepção de autodeterminação representada por uma inexistente independência de um governo, Estado, nação é país.

A formação de um Estado-nação constitui-se em um complexo processo histórico, de anos é anos que envolvem séries de lutas que se entrelaçam em diversos âmbitos: econômico, político, social é militar. Os desdobramentos desse conjunto de lutas acaba por definir a constituição ou não de um Estado-nação, que garanta uma legitima soberania de destino a uma população.


Autodeterminação!

O princípio da autodeterminação está ratificado em belas palavras na Declaração das Nações Unidas. Mas nada que ultrapasse o campo das palavras.

Autodeterminação e incompatível com imperialismo! Sendo a ONU um balcão a onde as nações imperialistas fazem seus objetivos se passarem por interesses de ''senso-comuns''. Ao invés da direta dominação, ocorre a substituição por uma modalidade de continuação de domínio de forma mesmo acintosa porém não menos perniciosa. Esse novo formato de dominação é o neocolonialismo que foi definido pelo líder revolucionário Kwame Nkrumah como sendo a fase superior e final do imperialismo. Pelo julgamento das nações imperialistas que cometem neocolonialismo as genuínas lutas de libertação dos povos não são reconhecidas, ou quando são reconhecidas sofrem as mais violentas intervenções por meio de guerras de repressão. Exemplo de lutas de libertação: Povo Ogoni.

Os Ogonis habitam a região do delta do Rio Níger. A região do Rio Níger possui uma grande atividade de exploração de petróleo. Os Ogonis desde a independência formal da Nigéria são relegados a uma posição marginal pelas principais etnias que compartilham o poder do Estado Nigeriano, os Haúças, Fulanis e Yourubas.

Sobrecarregados pela situação de opressão os Ogonis decidem se organizar através de um movimento para resistirem em 1993 pela liderança do escritor Ken Saro-Wiwa, foi criado o Movimento pela Sobrevivência do Povo Ogoni. O movimento por sua vez rejeita a luta armada e se baseia na defesa da não-violência. Além de lutar pela preservação do povo Ogoni o movimento realizou uma vigorosa campanha de denúncia sobre a poluição causada a natureza pela empresa transnacional Royal Dutch Shell, responsável por boa parte da extração de petróleo Nigeriano.

Como forma de manter o privilégio a Shell forneceu apoio a ditadura do general Sani Abacha que investia com violência contra o Povo Ogoni. No ano de 1995 Ken Saro-Wiwa é outros 8 ativistas do Movimento pela Sobrevivência do Povo Ogoni, foram presos e sentenciados á morte pela ditadura militar. O julgamento se configurou em uma completa farsa jurídica, apesar da mobilização de solidariedade internacional, Saro-Wiwa e seus companheiros foram enforcados tudo com a plena cumplicidade da Shell.

Para não ficar com a imagem publicitária negativa junto aos consumidores há Shell aceitou ''indenizar'' os familiares de Ken Saro-Wiwa e seus camaradas mortos por uma quantia pífia de US$ 15 milhões valor esse minúsculo em comparação aos lucros de bilhões de dólares que essa multinacional parasitária pilhou é continua a pilhar no solo a onde os Ogonis vivem, sem contar que isso não cobre nem um terço dos terríveis danos causados ao meio ambiente em decorrência da saque feito sobre as reservas de petrolíferas.

Então como autodeterminação deve se entender algo construído e mantido pela perseverança de um povo. Não como algo concedido por seus exploradores é opressores. Autodeterminação e um processo consciente, fruto da luta de milhares de pessoas que unidos em uma inquebrantável união que tem como objetivo final a liberdade de decisão de escolha e condução de vida.

O atual mundo não e um lugar livre, por mais que se fazem nós crer os apologistas da pós-modernidade. Ainda a uma divisão no planeta em dois campos! De um lado um pequeno conjunto de nações "desenvolvidas" que compõem o campo do imperialismo da exploração transnacional, que recorrem ao belicismo para garantir sua gama de benefícios, de outro lado está o campo dos países em situação de colonialidade e semi- colonialidade que tem suas populações esmagadas sobre uma estrutura de poder e produção escravizante que petrificam a pobreza e miséria.

A existência do primeiro campo somente e garantida pela perpetuação do segundo campo. E exatamente esse segundo campo que se concentram as mais ativas e titânicas forças revolucionárias populares. Nós estamos a viver no segundo campo, então devemos ser soldados pela vitória do segundo campo. Internacionalizar nossa solidariedade sobre toda e qualquer forma para com combatentes de todos os países.

Plano Yinon¹: assim chamado o projeto formulado inicialmente por Israel em com recebeu apoio de adesão do imperialismo britânico ianque. O estratagema desse plano de repartilha e realizar uma reformulação no mapa geopolítico do Oriente Médio E no norte da África. Enfraquecer, desestabilizar governos considerados hostis, e possibilitar uma facilidade emmanobras de ações diplomáticas e militares. O objetivo final do plano e dar a supremacia de poderio a Israel.


Kassan 19/07/2011

3 comentários:

Vinícius Bitoni disse...

acho um saco as pessoas não comentarem kkk.
muito bom tema amigo, irei postal no meu blog seu link pra as pessoas lerem.visite meu blog viniciusbitoni.blogspot.com

Vinícius Bitoni disse...

muito bom tema amigo sempre leio suas publicações. continue ajudando a fazer a diferença, tenho um blog também passa lá.
http://viniciusbitoni.blogspot.com/

Nana Freire disse...

É por isso que adoro ler seu blog. Me faz refletir sobre a realidade no plano concreto e abstrato, história tocada e não sentida.