Huey P. Newton Pantera negra

*Por Kassan






Huey Percy Newton (17 de Fevereiro de 1942 – 22 de Agosto de 1989), foi co-fundador e líder do Partido dos Panteras Negras para Auto Defesa, uma organização afro-americana estabelecida para promover o Poder Negro, direitos civis e auto-defesa.

Newton nasceu em Monroe, estado da Louisiana dos pais Amelia e Walter Newton, um meeiro e pastor Batista; ele era o mais novo em sua família, e seu nome foi dado para homenagear Huey Long. A família de Newton se mudou para Oakland, no estado da Califórnia quando ele tinha três anos. Apesar de haver completado a educação secundária na Escola Técnica de Oakland, Newton não sabia ler. Durante o curso de sua auto-instrução, ele se esforçou para ler a “República” de Platão, que ele veio a entender depois de persistentemente ler cinco vezes. Este sucesso, ele disse a um entrevistador, foi a faísca para que ele se tornasse um líder.
Enquanto estudava na faculdade Oakland City College, Newton se envolveu ativamente nos assuntos políticos da área. Ele se juntou à Associação de Afro-Americanos, se tornou um membro proeminente da Fraternidade Phi Beta Sigma, da divisão Beta Tau, e desempenhou papel importante na adoção do primeiro curso de História dos Negros entre as disciplinas da faculdade.
Ele leu obras de Karl Marx, Vladimir Lênin, Frantz Fanon, Malcom X, Mao Zedong e Che Guevara. Foi durante este tempo na faculdade que Newton, juntou-se a Bobby Seale, e organizou o Partido dos Panteras Negras para Auto Defesa em Outubro de 1966. Seale assumiu o cargo de diretor, enquanto Newton se tornou o Ministro da Defesa.

Newton e Seale decidiram que o suposto abuso de poder da polícia em Oakland contra Afro-americanos tinha que parar. Dos estudos em Direito na faculdade, Newton estava ciente e conhecedor do Código Penal da Califórnia e as leis estaduais relacionadas a armas, e então foi capaz de persuadir alguns Afro-americanos a exercitar seu direito legal de portar armas abertamente (tendo em vista que esconder armas de fogo era ilegal). Membros do Partido dos Panteras Negras para Auto Defesa carregavam seus rifles e revólveres e começaram a patrulhar áreas onde a polícia de Oakland supostamente estava cometendo crimes motivados por racismo contra os cidadãos da comunidade negra. As patrulhas na rua tiveram amplo apoio da comunidade Afro-americana local. Newton e Seale também foram os responsáveis por escrever a Plataforma e Programa do Partido dos Panteras Negras, que foi grandemente influenciado pelo Maoísmo. Newton foi o instrumento de criação de um programa de café-da-manhã para centenas de crianças das comunidades locais antes que fossem para a escola todos os dias.

Newton foi acusado pelo assassinato de um policial de Oakland, o oficial John Frey.
Frey havia parado Newton antes do amanhecer do dia 28 de Outubro de 1967, e tentou desarmar e desencorajar as patrulhas dos Panteras. Depois que o seu parceiro, o oficial Herbert Heanes, chegou para ajudar, tiros foram disparados, e todos os três foram feridos. Heanes testemunhou que os tiros começaram depois que Newton estava sob custódia, e uma outra testemunha disse que Newton atirou em Frey com a própria arma de Frey durante uma luta. Não foram encontradas as armas de Frey ou Newton. Frey foi atingido quatro vezes e morreu uma hora depois, enquanto Heanes não estava numa situação muito melhor com três tiros. Com um ferimento de bala no abdômen, Newton cambaleou até o Hospital da cidade. Ele foi aceito, mas ficou chocado ao acordar algemado à sua cama.

Newton foi condenado pelo assassinato de Frey em Setembro de 1968, sob a pena de homicídio culposo e sentenciado de 2 a 15 anos de prisão. Em Maio de 1970, a Corte Apelativa da Califórnia reverteu a condenação e pediu um novo julgamento. Depois de dois julgamentos incorretos, o Estado da Califórnia abandonou o caso.
Enquanto Huey estava na prisão, o número de membros de seu partido caiu significativamente em várias cidades. O FBI, que desenvolveu táticas de operação contra-insurgentes, a COINTELPRO, fez campanhas para eliminar os programas de ajuda à comunidade dos Panteras Negras, como os cafés-da-manhã gratuitos, testes
para anemia, comida e roupa de graça. Fundos para vários dos programas vieram de comerciantes independentes da área: traficantes e cafetões. Bobby Seale mais tarde escreveu sobre suas suspeitas do envolvimento de Newton e uma tentativa de entrar no tráfico de drogas de Oakland, dizendo que Newton tentou ‘derrubar’ cafetões e traficantes; como resultado, um acordo com assassinos foi feito pela vida de Newton. Mas essa estória nunca foi provada. Sugere-se que tal paranóia mútua entre amigos de longo tempo e co-fundadores, Seale e Newton, foi criada por J. Edgar Hoover e o FBI. O FBI mandou o que ficou conhecido como cartas “marrons” – cartas fabricadas (normalmente com ameaças de morte), aparentemente escritas pelos Panteras. Este medo resultou em um grande declínio no número de membros do Partido e sua eventual falência.

Os fundos para os programas de sobrevivência do Partido dos Panteras Negras, incluindo café-da-manhã gratuito para crianças, distribuição de comida e sapatos, clínicas de graça, teste gratuito de anemia, teste gratuito de contaminação com chumbo, seguro social para idosos e controle gratuito de animais, sempre vieram de várias fontes. As principais fontes eram pessoas pobres da comunidade, vendedores de rua independentes, e celebridades como Marlon Brando, Richard Pryor, Dick Gregory, Jim Brown, Jimi Hendrix e James Brown.

O declínio no número de membros dos Panteras somente aconteceu depois que o FBI obteve sucesso em dividir a liderança dos Panteras em 1971. Em seu auge, o número de membros era de 5.000 a 7.000 em 1970. Em 1974, várias acusações foram feitas contra Newton, e ele também foi acusado do assassinato de uma prostituta de 17 anos, Kathleen Smith. Newton não compareceu à corte. Sua fiança foi revogada, uma ordem de prisão foi emitida, e Newton então entrou para a lista de ‘mais procurados’ do FBI. Newton violou a ordem e escapou para Cuba, onde passou três anos em exílio.
Em Janeiro de 1977, o líder Jim Jones visitou Newton em Cuba. Depois que Jones voou para Jonestown, na Guiana, Newton falou aos membros da Igreja de Jones em Jonestown por telefone dando apoio a Jones durante um dos cultos. O primo de Newton, Stanley Clayton era um dos poucos residentes de Jonestown que escapou à tragédia de 1978, em que mais de 900 membros da igreja cometeram suicídio, ordenados por Jones. Newton voltou para casa em 1977 para cumprir a pena de assassinato porque, ele disse, o clima nos Estados Unidos estava mudando, e ele acreditava que poderia ter um julgamento justo. Porque a evidência era em sua maioria circunstancial e não sólida, Newton foi absolvido do assassinato de Smith depois de dois julgamentos.

Newton se formou pela Universidade da Califórnia em Santa Cruz, em 1974. Ele então se matriculou como aluno da pós-graduação em História da Consciência na mesma Universidade, em 1978, após ter conseguido (enquanto na prisão) cursos de leitura do biólogo evolucionista Robert Trivers. Ele e Trivers se tornaram amigos próximos. Trivers e Newton publicaram uma análise influente sobre o papel da tripulação na queda do Vôo 90 da Air Flórida. Mais tarde, a viúva de Newton, Frederika Newton, discutiria sobre os trabalhos sempre ignorados de seu marido no programa C-SPAN's "American Perspectives" no dia 18 de Fevereiro de 2006, mencionando que Newton obteve um Ph.D. da Universidade da Califórnia em Santa Cruz em 1980. Sua dissertação de doutorado tinha como título “Guerra contra os Panteras: Um estudo da repressão na América”.

Em 1985, Newton foi acusado por desvio de fundos federais e estaduais para os programas de nutrição e educação da comunidade dos Panteras Negras. Ele foi condenado em 1989. Mais tarde houve rumores de que Newton desviou o dinheiro para financiar seu vício em álcool e drogas. Ele foi voluntariamente para o tratamento de álcool e drogas no centro de tratamento em Alta Bates e completou com sucesso o tratamento quando o colunista da Crônica de São Francisco, Herb Caen, tornou as circunstâncias de Newton, públicas. Sob a pressão de repórteres, Newton deixou Alta Bates prematuramente.

Em 22 de Agosto de 1989, Newton foi fatalmente assassinado na vizinhança de Acorn Projects em Oakland por um jovem de 24 anos, Tyrone Robison. Robison foi condenado pelo assassinato em Agosto de 1991 e sentenciado a 32 anos pelo crime. Relatos policiais dizem que o assassino era um conhecido traficante em Oakland. Foi relatado que Newton e Robison, que se conheciam há dois anos, discutiram devido á quantidade de cocaína e que Robison atirou no antigo líder dos Panteras, então com 47 anos. Robinson argumentou que Newton puxou uma arma quando os dois se encontraram numa esquina da vizinhança, disse o Sargento Mercado, mas os investigadores dizem que não encontraram evidência de que Newton estivesse armado. O assassinato aconteceu em um bairro onde Newton, como ministro da defesa dos Panteras Negras, uma vez tentou implantar programas sociais para ajudar negros sem condições. A polícia informou que Robison disse ter se recusado a vender drogas pra Newton e que os dois discutiram por aproximadamente um minuto. Investigadores acreditam que Newton roubou drogas da gangue.

As últimas palavras de Newton, quando encarando seu assassino, foram, “Você pode matar meu corpo, mas não pode matar minha alma. Minha alma viverá para sempre!” Ele então sofreu três tiros no rosto, saídos da arma de Robinson, que era conhecido pelo nome de rua “Double R”.

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