Malcolm-x


Malcolm X, sintetiza sua filosofia de ação que será também um humanismo no sentido mais forte do termo, uma ética revolucionária que coloca o homem no centro. Malcolm X tenta conciliar uma leitura dialéctica da história com o islã, a fraternidade com a violência. Ao longo dos últimos meses da sua vida, começou também a aperceber-se da necessidade política de uma aproximação dos negros com os brancos anti-racistas. As suas concepções encontram-se, pois, ligadas à ideia de uma legítima defesa à qual se encontram forçados os afro-americanos: "Nós não somos contra ninguém pelo fato dessa pessoa ser branca. Mas somos contra todos aqueles que praticam o racismo. Nós não somos pela violência. Somos pela paz. Todavia, as pessoas que combatemos empregam a violência. E não se pede ser pacífico diante dessa gente". Um dos "meios necessários" que ele tem em mente é de facto a violência:Se for preciso organizar um exército da nação negra, nós organizaremos Atuaremos pelo voto ou à bala Será a liberdade ou a morte.

Huey P. Newton Pantera negra

*Por Kassan






Huey Percy Newton (17 de Fevereiro de 1942 – 22 de Agosto de 1989), foi co-fundador e líder do Partido dos Panteras Negras para Auto Defesa, uma organização afro-americana estabelecida para promover o Poder Negro, direitos civis e auto-defesa.

Newton nasceu em Monroe, estado da Louisiana dos pais Amelia e Walter Newton, um meeiro e pastor Batista; ele era o mais novo em sua família, e seu nome foi dado para homenagear Huey Long. A família de Newton se mudou para Oakland, no estado da Califórnia quando ele tinha três anos. Apesar de haver completado a educação secundária na Escola Técnica de Oakland, Newton não sabia ler. Durante o curso de sua auto-instrução, ele se esforçou para ler a “República” de Platão, que ele veio a entender depois de persistentemente ler cinco vezes. Este sucesso, ele disse a um entrevistador, foi a faísca para que ele se tornasse um líder.
Enquanto estudava na faculdade Oakland City College, Newton se envolveu ativamente nos assuntos políticos da área. Ele se juntou à Associação de Afro-Americanos, se tornou um membro proeminente da Fraternidade Phi Beta Sigma, da divisão Beta Tau, e desempenhou papel importante na adoção do primeiro curso de História dos Negros entre as disciplinas da faculdade.
Ele leu obras de Karl Marx, Vladimir Lênin, Frantz Fanon, Malcom X, Mao Zedong e Che Guevara. Foi durante este tempo na faculdade que Newton, juntou-se a Bobby Seale, e organizou o Partido dos Panteras Negras para Auto Defesa em Outubro de 1966. Seale assumiu o cargo de diretor, enquanto Newton se tornou o Ministro da Defesa.

Newton e Seale decidiram que o suposto abuso de poder da polícia em Oakland contra Afro-americanos tinha que parar. Dos estudos em Direito na faculdade, Newton estava ciente e conhecedor do Código Penal da Califórnia e as leis estaduais relacionadas a armas, e então foi capaz de persuadir alguns Afro-americanos a exercitar seu direito legal de portar armas abertamente (tendo em vista que esconder armas de fogo era ilegal). Membros do Partido dos Panteras Negras para Auto Defesa carregavam seus rifles e revólveres e começaram a patrulhar áreas onde a polícia de Oakland supostamente estava cometendo crimes motivados por racismo contra os cidadãos da comunidade negra. As patrulhas na rua tiveram amplo apoio da comunidade Afro-americana local. Newton e Seale também foram os responsáveis por escrever a Plataforma e Programa do Partido dos Panteras Negras, que foi grandemente influenciado pelo Maoísmo. Newton foi o instrumento de criação de um programa de café-da-manhã para centenas de crianças das comunidades locais antes que fossem para a escola todos os dias.

Newton foi acusado pelo assassinato de um policial de Oakland, o oficial John Frey.
Frey havia parado Newton antes do amanhecer do dia 28 de Outubro de 1967, e tentou desarmar e desencorajar as patrulhas dos Panteras. Depois que o seu parceiro, o oficial Herbert Heanes, chegou para ajudar, tiros foram disparados, e todos os três foram feridos. Heanes testemunhou que os tiros começaram depois que Newton estava sob custódia, e uma outra testemunha disse que Newton atirou em Frey com a própria arma de Frey durante uma luta. Não foram encontradas as armas de Frey ou Newton. Frey foi atingido quatro vezes e morreu uma hora depois, enquanto Heanes não estava numa situação muito melhor com três tiros. Com um ferimento de bala no abdômen, Newton cambaleou até o Hospital da cidade. Ele foi aceito, mas ficou chocado ao acordar algemado à sua cama.

Newton foi condenado pelo assassinato de Frey em Setembro de 1968, sob a pena de homicídio culposo e sentenciado de 2 a 15 anos de prisão. Em Maio de 1970, a Corte Apelativa da Califórnia reverteu a condenação e pediu um novo julgamento. Depois de dois julgamentos incorretos, o Estado da Califórnia abandonou o caso.
Enquanto Huey estava na prisão, o número de membros de seu partido caiu significativamente em várias cidades. O FBI, que desenvolveu táticas de operação contra-insurgentes, a COINTELPRO, fez campanhas para eliminar os programas de ajuda à comunidade dos Panteras Negras, como os cafés-da-manhã gratuitos, testes
para anemia, comida e roupa de graça. Fundos para vários dos programas vieram de comerciantes independentes da área: traficantes e cafetões. Bobby Seale mais tarde escreveu sobre suas suspeitas do envolvimento de Newton e uma tentativa de entrar no tráfico de drogas de Oakland, dizendo que Newton tentou ‘derrubar’ cafetões e traficantes; como resultado, um acordo com assassinos foi feito pela vida de Newton. Mas essa estória nunca foi provada. Sugere-se que tal paranóia mútua entre amigos de longo tempo e co-fundadores, Seale e Newton, foi criada por J. Edgar Hoover e o FBI. O FBI mandou o que ficou conhecido como cartas “marrons” – cartas fabricadas (normalmente com ameaças de morte), aparentemente escritas pelos Panteras. Este medo resultou em um grande declínio no número de membros do Partido e sua eventual falência.

Os fundos para os programas de sobrevivência do Partido dos Panteras Negras, incluindo café-da-manhã gratuito para crianças, distribuição de comida e sapatos, clínicas de graça, teste gratuito de anemia, teste gratuito de contaminação com chumbo, seguro social para idosos e controle gratuito de animais, sempre vieram de várias fontes. As principais fontes eram pessoas pobres da comunidade, vendedores de rua independentes, e celebridades como Marlon Brando, Richard Pryor, Dick Gregory, Jim Brown, Jimi Hendrix e James Brown.

O declínio no número de membros dos Panteras somente aconteceu depois que o FBI obteve sucesso em dividir a liderança dos Panteras em 1971. Em seu auge, o número de membros era de 5.000 a 7.000 em 1970. Em 1974, várias acusações foram feitas contra Newton, e ele também foi acusado do assassinato de uma prostituta de 17 anos, Kathleen Smith. Newton não compareceu à corte. Sua fiança foi revogada, uma ordem de prisão foi emitida, e Newton então entrou para a lista de ‘mais procurados’ do FBI. Newton violou a ordem e escapou para Cuba, onde passou três anos em exílio.
Em Janeiro de 1977, o líder Jim Jones visitou Newton em Cuba. Depois que Jones voou para Jonestown, na Guiana, Newton falou aos membros da Igreja de Jones em Jonestown por telefone dando apoio a Jones durante um dos cultos. O primo de Newton, Stanley Clayton era um dos poucos residentes de Jonestown que escapou à tragédia de 1978, em que mais de 900 membros da igreja cometeram suicídio, ordenados por Jones. Newton voltou para casa em 1977 para cumprir a pena de assassinato porque, ele disse, o clima nos Estados Unidos estava mudando, e ele acreditava que poderia ter um julgamento justo. Porque a evidência era em sua maioria circunstancial e não sólida, Newton foi absolvido do assassinato de Smith depois de dois julgamentos.

Newton se formou pela Universidade da Califórnia em Santa Cruz, em 1974. Ele então se matriculou como aluno da pós-graduação em História da Consciência na mesma Universidade, em 1978, após ter conseguido (enquanto na prisão) cursos de leitura do biólogo evolucionista Robert Trivers. Ele e Trivers se tornaram amigos próximos. Trivers e Newton publicaram uma análise influente sobre o papel da tripulação na queda do Vôo 90 da Air Flórida. Mais tarde, a viúva de Newton, Frederika Newton, discutiria sobre os trabalhos sempre ignorados de seu marido no programa C-SPAN's "American Perspectives" no dia 18 de Fevereiro de 2006, mencionando que Newton obteve um Ph.D. da Universidade da Califórnia em Santa Cruz em 1980. Sua dissertação de doutorado tinha como título “Guerra contra os Panteras: Um estudo da repressão na América”.

Em 1985, Newton foi acusado por desvio de fundos federais e estaduais para os programas de nutrição e educação da comunidade dos Panteras Negras. Ele foi condenado em 1989. Mais tarde houve rumores de que Newton desviou o dinheiro para financiar seu vício em álcool e drogas. Ele foi voluntariamente para o tratamento de álcool e drogas no centro de tratamento em Alta Bates e completou com sucesso o tratamento quando o colunista da Crônica de São Francisco, Herb Caen, tornou as circunstâncias de Newton, públicas. Sob a pressão de repórteres, Newton deixou Alta Bates prematuramente.

Em 22 de Agosto de 1989, Newton foi fatalmente assassinado na vizinhança de Acorn Projects em Oakland por um jovem de 24 anos, Tyrone Robison. Robison foi condenado pelo assassinato em Agosto de 1991 e sentenciado a 32 anos pelo crime. Relatos policiais dizem que o assassino era um conhecido traficante em Oakland. Foi relatado que Newton e Robison, que se conheciam há dois anos, discutiram devido á quantidade de cocaína e que Robison atirou no antigo líder dos Panteras, então com 47 anos. Robinson argumentou que Newton puxou uma arma quando os dois se encontraram numa esquina da vizinhança, disse o Sargento Mercado, mas os investigadores dizem que não encontraram evidência de que Newton estivesse armado. O assassinato aconteceu em um bairro onde Newton, como ministro da defesa dos Panteras Negras, uma vez tentou implantar programas sociais para ajudar negros sem condições. A polícia informou que Robison disse ter se recusado a vender drogas pra Newton e que os dois discutiram por aproximadamente um minuto. Investigadores acreditam que Newton roubou drogas da gangue.

As últimas palavras de Newton, quando encarando seu assassino, foram, “Você pode matar meu corpo, mas não pode matar minha alma. Minha alma viverá para sempre!” Ele então sofreu três tiros no rosto, saídos da arma de Robinson, que era conhecido pelo nome de rua “Double R”.

REVOLTA DOS MALÊS

É noite e os homens vão chegando, no porão de uma bela casa, localizada na ladeira da Praça. Todos entram murmurando baixinho e cordialmente: As-Salamm-Alaikum e ouvindo como resposta: Wa-Alaikum-Salaam. É lá que Manoel Calafate reúne negros libertos ou escravizados, para iniciá-los nos ensinamentos do Alcorão e prepará-los para uma batalha pela liberdade. Será a maior revolta urbana de negros. Entretanto, eles não sabem, mas todos os planos já foram delatados para as autoridades policiais. Em pouco tempo, ao invés de lutar pelo povo negro mulçumano, terão primeiro que manter a própria vida.A Revolta dos Malês, assim denominada pelo senhores de escravos e seus historiadores, foi na verdade uma Grande Insurreição Urbana Negra e Mulçumana ocorrida no dia 25 de janeiro de 1835, é dos episódios mais importante e pouco divulgados da História do Brasil. Mostra não só a força e estratégia da população negra, onde fielmente é retratada a resistência daqueles que eram islamizados ao Sistema de Escravidão.

Osman Dan Fódio
Mas ela começa anos atrás e em outra latitude e longitude – no Sudão. Naquele país já assolado pela escravização do povo, um líder religioso lançou uma Jihad – uma guerra santa, iniciada em 1804. Ele era Osman Dan Fódio. Ele nasceu em 1754, na cidade Godir e era um fervoroso seguidor de Maomé.Numa luta contra a decadência da sociedade sudanesa, Osman, lança com um exercito de seguidores uma batalha de implantação do Islamismo, que tem inclusive a promessa de acabar com o envio de mulçumanos ao regime de escravidão no continente americano. Muitos hauças que estavam no Brasil tinham feito parte dos seguidores de Osman Dan Fódio, que também decretaram em solo brasileiro uma Jihad contra o sistema de escravidão brasileiro, um colocaram como meta a conversão de negros à fé em Alá.


Independência do Haiti
Outro fato influenciador para a Grande Insurreição foi à vitória dos negros no Haiti, em 1804, que após uma guerra, vencerá até as treinadas tropas de Napoleão Bonaparte. Os relatos chegaram ao Brasil através de marinheiros e alarmou os senhores de escravos. Sem também esquecer a ainda forte presença da coragem dos moradores da extinta República de Palmares, que conseguiram por 100 anos resistir à escravidão.


Revoltas de 1807 e 1813
Com todos estes fatores, o clima nas senzalas estava esperançoso como nunca, de uma união de todas etnias africanas, para rebentar com os elos das correntes que os prendiam. E assim aconteceram com muitas tentativas de estabelecimento da liberdade. A primeira ocorre em 1807, no dia 26 de maio, quando uma rebelião negra hauças, dirigida por mulçumanos é reprimida, depois da delação do movimento. Eles se rearticulam para na madrugada do dia 28 de fevereiro de 1813, num grupo de seiscentos negros, com a meta de conquistar a capital – Salvador. Na cidade de Itapoã, onde são detidos por fazendeiros e a força policial.No mesmo ano, um outro grupo, tentou novamente tomar a capital baiana, no dia 24 de junho – aproveitando-se a grande festa de São João, que deixavam as defesas da cidade relaxadas. Mas foram delatados, por um dos integrantes um negro hauça, de nome João, por uma motivação egoísta: estava descontente, pois queria que a rebelião fosse deflagrada no dia 10 de junho. 39 pessoas foram detidas, em um processo que terminou em 1814. Resultados – doze faleceram nas péssimas condições das prisões, quatro foram enforcados na praça da Piedade, em 18 de novembro e o restante degredado para Angola, Bengala e Moçambique.


Insurreição em 1830
No ano de 1830, com outra tentativa frustrada de rebelião negra, no dia 10 de abril. Primeiramente um grupo de negros escravizados, conseguiu se articular e realizaram um ataque surpresa a uma loja de armas, na ladeira da Fonte das Pedras, em Salvador. Após dominar o proprietário, Francisco José Tupinambá, conseguem doze espadas. Depois foram em direção a Casa de Ferragens, mas são detidos no caminho, por senhores de escravos e seus funcionários, armados de bacamartes e espadas.Estrategicamente eles recuam e se refugiam dentro de uma casa. Refeitos do susto, se reagrupam e atacam uma outra casa de ferragem e adquirem mais armas. Com a repercussão da vitória, pessoas escravizadas acabam aderindo e somando-se ao grupo rebelde, chegando num total de 100 integrantes.Com esse numero de guerreiros, o grupo tenta tomar uma base da policia, onde estavam sete soldados e um sargento. Pegos de surpresa, os guardas são derrotados. Mas os fazendeiros, com seus empregados unem-se a outro grupo de policiais, que bem armados, conseguem derrotar o grupo de rebeldes, matando 50, fazendo 41 prisioneiros. No final: são apontados como líderes os afro-brasileiros Nicolau e Francisco e são condenados a 400 chicotadas, divididas em 50 açoites diários.

Grande Insurreição de 1835
Portanto, quando chegam em 1835, já há muito experiência e grau de preparação é grande, para evitar erros e enfim tomar a cidade de Salvador. Mas a motivação é religiosa: uma guerra santa contra os brancos cristãos e a conversão de negros para a crença em Alá.A organização foi feita com meses de antecedência onde os lideres, formaram coordenadores, encarregados e percorrer a zona rural e conseguir a adesão fr mais negros. Havia ainda um clube secreto em Vitória, nos fundos da casa de um inglês de nome Abrão.Em Salvador os pontos de reuniões eram as casas de Belchior da Silva Cunha, Pacifico Licutã, Manuel Calafate, Elesbão Dandará e Luís Sanim, entre outras.O grupo rebelde foi estrategicamente ramificado entre as Calafate, Belchior, Sanim, Dandará e Licutã e do outro lado outros negros dirigidos por Jamil, Diego e James – formado dois núcleos. Eles ainda contavam com um fundo de financiamento que chegou a quase 80 mil réis, recolhidos entre os simpatizantes da causa.
Mas como uma verdadeira Jihad, era necessária a coordenação religiosa de um grande muláh. Esse papel foi exercido por um dos personagens mais misteriosos da insurreição: Ahuna. Era um nagô, de aproximadamente 40 anos, que tinha no rosto quatro sinais étnicos. Tinha o respeito de todos os outros líderes, por sua coragem e fé em Alá. Nos relatos oficiais, todos os interrogados sob tortura, refeririam como Ahuna como o comandante máximo da revolta. Mas não há muitas informações precisas sobre sua identidade. O pouco que se sabe é sua moradia – uma habitação na região do Pelourinho, e que teria ido até o Recôncavo para conseguir adeptos a causa.O plano era extremamente elaborado: um grupo partiria de Vitória, conquistando território e matando os brancos que resistissem. Este grupo ainda estava encarregado de ir a direção a Salvador, passando por Água dos Meninos, e em seguida, marchar para Itapagipe, conseguindo adesão de pessoas escravizadas. Chegando na capital baiana, se uniriam aos grupos rebeldes dentro da cidade, onde ao sinal de um foguete a ser lançado, cairiam sobre as forças policiais, e destituir as autoridades.
proposta tinha uma grave falha: era direcionado apenas para os negros convertidos para o Islamismo. Entre as medidas extremas estava previsto inclusive o assassinato das pessoas que se recusavam a se converter e a transformação dos “infiéis” em escravos novamente. Uma verdadeira perversão do Alcorão, e um perigo para os africanos de outras etnias que se recusavam optar por esta situação: deixar a submissão ao branco e cristão, para serem subjugados por africanos maometanos.Com base neste defeito na estratégia, aliado a falta de armamento condizente para enfrentar as forças policiais e os senhores de escravos, e o medo de outros negros, novamente a tentativa de revolução foi detida por uma traição. A acusada é a liberta Guilhermina Rosa de Souza, que procurou um negociante de escravo, André Pinto de Silveira, no dia 24 de janeiro – na véspera. Este avisou o chefe da policia Francisco Gonçalves Martins, que com base nas informações de Guilhermina foi a todos os locais de concentração rebeldes com seus soldados aliados por uma milícia armada de brancos e prendeu alguns lideres, para desmantelar o plano.
Avisado por espiões, os lideres resolveram por em andamento o plano na noite do dia 24 de janeiro. Da casa de Calafate, já partiu para o dar a vida em nome dos companheiros e de Ala. A coragem era explicada pela crença de somente os corajosos, poderem entrar no paraíso mulçumano. Foram até o local, onde Pacifico Lucitã estava preso, mas devido à resistência dos policiais, recuaram. Mas Chegando no Largo do Teatro, conseguiram fazer recuar os policiais, desta vez.Na cidade baixa, próxima a praia, os guerreiros, alguns vestidos de roupas vermelhas e turbantes, travaram seu embate definitivo com os policiais. De um lado o próprio chefe dos guardas, Francisco e do outro Ahuna com seus guerrilheiros mulçumanos. Defronte ao Forte de São Pedro se atracaram. Com o uso da cavalaria, previamente acionada, os policiais venceram, e mataram 40 pessoas negras. Outros ainda tentaram fugir, nadando, mas no mar a espera deles, estava uma fragata, que carregada de soldados, massacrou muitos a tiro e a golpes de espadas. Por muitos dias depois as ondas nas praias de Salvador, trouxeram corpos desses guerreiros.Cercado os grupos rebeldes, todos foram encarcerados. No total 281 pessoas, inclusive com inocente entre os detentos. Muitos foram condenados a centenas de açoites e outros degredados para África. Foram sentenciados a forca: Jorge da Cunha Babosa, Jose Francisco Gonçalves, que eram libertos, junto com os escravizados Gonçalo, Joaquim e Pedro. Mas as autoridades não encontraram ninguém com coragem de enforcá-los, sendo obrigados a fuzilá-los, honra só permitida a brancos.A cidade nunca esqueceu dessa batalha. Em 1844 uma outra tentativa foi tentada por Francisco Lisboa e Marcelino de Santa Escolástica, sobreviventes da Grande Insurreição de 1835. Mas também foram delatados, desta vez, pela mulher de Francisco.


O que significa Male?
Na verdade ainda é um grande mistério o termo. Os hauças mulçumanos, se auto identificavam musulmi. Mas segundo o escritor Braz do Amaral, o nome deve ser derivado da palavra Má-lei, ou seja, escravo contra a legislação, rebelde.Francisco Nina Rodrigues julgava que o male vem de mulçumanos negros de Mali, um reino de Niger, como descreve em seu livro Africanos do Brasil. O que é refutado por outros sociólogos, pois a revolta foi mulçumana, mas não só de uma etnia africana.


Luiza Mahin
Exceto através das declarações do advogado abolicionista Luiz Gama, não há muita informação sobre a participação de Luíza Mahin na Revolta dos Malês. Há indícios de que esta estaria ligada ao grupo de Manuel Calafate, mas que teria escapado entre os sobreviventes. Não lhe é creditada a liderança, em nenhum dos depoimentos colhidos pela Policia, mas é bom salientar que de forma honrosa, os interrogados não delataram os companheiros, mesmo sob forte tortura.Luiza seria uma nagô, da Costa da Mina, da etnia jejê, nascida livre em 1812. No período da Grande Insurreição de 1835, trabalhava como quitandeira, e por isso, era uma das pessoas que ajudavam a convidar pessoas para a causa mulçumana. A ultima informação de Gama sobre ela, que era sua mãe, é que ela teria saído de Salvador em direção ao Rio de Janeiro. Há teorias de que ela possa ter participado de outras insurreições e teria sido ou morta ou degredada, mas sem confirmação oficial, através de documentos